sábado, 20 de junho de 2015

BANDIDOS NO JARDIM DE INFÂNCIA ?



BANDIDOS NO JARDIM DE INFÂNCIA ?
No dia em que a Comissão de Justiça da Câmara aprovava a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, dois menores, um de 12, outro de 15,  participavam, com um adulto, de um seqüestro. A  vitima foi uma professora.
Levada a fazer com
pras com cartões de crédito, a professora teve tempo para puxar conversa com os dois seqüestradores, quase infantis, e perguntou-lhes porque não estavam na escola. A resposta foi fulminante: ¨ Já  estamos numa escola, a do crime ¨.
E então, depois de lotarem as cadeias com menores de 17, 16 anos, vamos prender os de 13, 12, vamos buscar bandidos nos jardins de  Infância  ?
Falam deputados com baba quase a escorrer-lhes pela boca de tanta indignação : ¨ menor deve ser rigorosamente punido .¨
Falam como se fosse dar ao cidadão, ao Estado, um instrumento de vingança contra o menor levado ao crime, que brutalizou-se,   tornando-se, muitas vezes, um animal destituído de sentimentos no abandono das ruas.
E o que vão fazer com os que tiram da boca  dos menores a merenda escolar?
E o que se vai fazer com os menores que perambulam pelas ruas  das nossas cidades, coisa que uma sociedade com vergonha na cara não poderia tolerar ?
O problema não reside na ocupação dos espaços das cadeias, o problema reside na fórmula social nunca encontrada aqui, para saber esvaziá-las por desnecessidade. Enquanto isso não chega, aos menores bandidos,  basta que se apliquem as leis existentes, ou que se estenda o tempo de permanência deles nas instituições  que são, equivocada ou presunçosamente denominadas  centros de   ressocialização . No nosso, aqui, temos felizmente um sacerdote da justiça  social, Welington Mangueira. Ele chamou para ajudá-lo o coronel reformado Luiz Fernando, especialista  na difícil arte da pacificação.
Em vez do ódio com que se encara o menor infrator, desde que ele seja pobre e preto, enquanto se tolera o infrator branco e rico,  para os pobres, os  excluídos, deveriam se estender as mãos afetivas e solidárias do amparo, antes que o traficante o descaminhe.
Por que não se multiplicam pelo Brasil afora instituições como esta que aqui foi criada por Luciano Barreto e Maria Celi ?
Há quem tenha dinheiro sobrando , e esteja se passando por ¨ justiceiro ¨,   contratando matadores para que exterminem crianças, todas elas  vistas como ameaças para a  tranqüilidade  burguesa.
O que se deve fazer com  esses ¨ justiceiros ¨ ?  Alguém, exaltado, indignado, já pensou em pedir  pena de morte para eles ?
Nunca se fará isso. Há, na nossa sociedade eminentemente hipócrita, quem até os veja com uma boa dose de simpatia.

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