segunda-feira, 25 de maio de 2015

O ADVERBIO MALVISTO E A VOLTA DO PARAFUSO



O ADVERBIO  MALVISTO
 E  A VOLTA DO PARAFUSO
 Chegamos aquele momento crucial em que o governante tem de repetir várias vezes  o advérbio não.
Tempo  de escassez, ao lado das demandas habituais dos setores da sociedade  sempre esperando o máximo a ser concedido ou realizado pelo governo. Há até aqueles que defendem o governo mínimo,  mas, contraditoriamente, o desejam suficientemente grande para atender aos  variados e até difusos interesses. Num estado pobre como Sergipe, o governo do estado tem  presença preponderante na economia, na vida das pessoas.
Mas agora o estado terá forçosamente de encolher-se até o tamanho  reduzido dos seus cofres. Melhor do que encontrar culpados pela crise sergipana que se insere na crise maior brasileira, é  fazer o roteiro inevitável  dos ajustes, das correções. Não é  trajeto agradável, e Jackson  jamais imaginaria que um dia fosse obrigado a fazê-lo. Mas as circunstancias pesam bem mais do que as vontades, e até se sobrepõem aos sonhos. Há,  todavia, casos a merecer atenção mais acurada do núcleo do governo que trata de questões delicadas, como é, por exemplo, a exoneração dos aposentados  celetistas que continuaram trabalhando . Nesse particular, tanto o governador como o vice e os secretários que formam o núcleo envolvido com as medidas de corte, têm determinado que   seja rigorosamente obedecida a legislação trabalhista,  que  os direitos sejam respeitados.  Isso em alguns casos não está acontecendo.  Certamente,   pelos açodamentos de     alguns   gestores   ansiosos,   querendo  ¨ mostrar serviço ¨. Além do choque natural  pela perda de uma remuneração que completava os sempre exíguos proventos da aposentadoria, alguns servidores  sentem-se injustiçados,  até traídos, diante da certeza que tinham sobre a indenização justa. Há   casos clamorosos de insensibilidade do gestor, que colocou na lista das exonerações pessoas em tratamento  oncológico.
 Gestor que age dessa forma   deveria ser o primeiro   numa lista sumária  de exonerações. Mais grave do que a crise , é ter penduradas, nos cofres públicos, a incompetência e a insensibilidade.
   Outro ,    sentado em proeminente e preeminente poltrona,   foi  contar parafusos.  Conferia se existiriam 226, encontrou 262. Desse tipo de burocrata o estado já deveria há  muito tempo ter ficado livre.
 Perde-se tempo com miudezas assim, como a contagem de parafusos. Quando se faz isso, nem se imagina quantas voltas o parafuso pode dar.  Existe uma pauta  de problemas mais complicados  e complexos do que a volta do parafuso.
A previdência é o maior deles.   Saco sem fundo por onde escorrem 10 % do orçamento  para atender a 1 %  da população sergipana. Tomemos abril como exemplo. Naquele mês  a previdência consumiu 128 milhões de reais. Arrecadou somente 54 milhões. Dos cofres estaduais saíram 71 milhões para cobrirem o déficit. Tomando-se como média o valor de 70 milhões,   para garantir a previdência este ano,  haverá um gasto de 840 milhões,  quase duas vezes mais do que os tão combatidos recursos do PROINVESTE, com os quais o governo agora mantém um programa de obras públicas,  gerando empregos e injetando recursos numa economia em recessão.
 Em 2011 o governador Marcelo Déda chamou   o técnico em planejamento atuarial  Augusto Fábio Oliveira para comandar o IPES Previdência.  Deu-lhe a expressa incumbência de traçar um roteiro de ações para tornar sustentável o sistema de aposentadorias.   Augusto Fábio, competente, e comandando uma eficiente equipe, está melhorando as cifras preocupantes; embora medidas definitivas fiquem a depender da capacidade do governo federal para adotá-las, superando a mesquinharia de chantagens,  vaidades e ambições, que  infestam o Congresso.
 Criou-se um fundo que  aplica em bancos estatais 372 milhões. É  pouco, quando se faz uma projeção atuarial com  amplitude de 75 anos, dentro das  regras hoje vigentes. Seria necessário algo em torno de 20 bilhões de reais para assegurar o ócio tranqüilo das próximas gerações. O colapso previsível da previdência é  preocupação que não tira o sono apenas de Jackson,  afeta a todos os governadores, também  Dilma,  Obama,  Angela Merkel,  François Hollande,  Cristina Kirchner, enfim, aos governantes de todos os países do mundo.
Para não agravar a crise da previdência e retirar das próximas gerações o direito à aposentadoria, é que Jackson, querendo ou não, por ser  responsável, terá, muitas vezes, de repetir o malvisto advérbio: o tal do não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário