A MOSCA E A BOCA ABERTA
Há um ditado hoje um tanto em desuso: ¨Em boca calada não
entra mosca ¨.
Nesses tempos tão midiáticos e ainda mais com a força
avassaladora das redes sociais, comunicar-se passou a ser necessidade imperiosa
e essencial, principalmente para gestores públicos, tanto aqueles que precisam
de votos quanto para os que deles não
necessitam, sendo até vitalícios ocupantes dos cargos onde estão. A sociedade
exige esclarecimentos, prestação de contas, e isso aperfeiçoa aquilo que se
torna cada vez mais um indispensável acessório da democracia : a transparência.
Mas há momentos em que a fala, ou engasga, ou permite a
entrada inconveniente de moscas pela boca a dentro.
O Ministro da Fazenda Joaquim Levi, cada vez mais comedido e
seletivo naquilo que diz, experimentou a sensação desagradável do engasgo e da
mosca, ao ter falado mais do que deveria. Mas ele apenas começava.
Há que se ter em mente a oportunidade da fala, a conseqüência
da fala, principalmente se o discurso, aquilo que se diz, vier a causar problemas,
atribular a vida das pessoas.
É por isso que o Secretário da fazenda Jeferson Passos
precisa medir e contar as conseqüências do que diz ao anunciar, vezes repetidas, que os servidores públicos
poderão, naquele mês, não receber
salários integrais. Isso
gera tormentos, a fala antecipando o que até não poderá ocorrer, teria de se
transformar num comunicado oficial a ser divulgado só no instante em que houvesse a comprovação
definitiva de que o disponível no
cofre seria insuficiente para saldar a folha. E não só a simples comunicação, mas,
a explicação detalhada a respeito da ultrapassagem da receita pela despesa.
Talvez, recolhendo-se
à estratégia do silêncio, o Secretário Passos, sentado sobre um esvaziado
cofre, tivesse mais tempo disponível para encontrar meios de superar a crise.
Nada mais gerador de pessimismo do que a sensação de dificuldades
maiores do que a nossa capacidade para vencê-las.
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