sábado, 7 de fevereiro de 2015

O PETRÓLEO É NOSSO E A ¨NAÇÃO DE BANDIDOS ¨



O   PETRÓLEO  É  NOSSO E
 A ¨NAÇÃO  DE BANDIDOS ¨
 Corria o ano de 1952, era presidente Getúlio Vargas. Ele retornara ao poder pelo voto, cinco anos depois de ter sido destronado pelo Exército que colocou um ponto final no ¨ breve período de quinze anos ¨   em que o caudilho gaúcho governara o país com absoluta dureza autoritária.
Enquanto aferventava o confronto internacional, a ¨guerra fria¨,  em que se envolviam os dois mundos, o capitalista  e o comunista, no Brasil se acirrava também o confronto interno entre a direita,  os setores  da esquerda e os nacionalistas.
  A UDN, com seu inseparável sentimento golpista, juntava-se à direita militar e ao conservadorismo mais raivoso que era figadalmente anti-getulista, na ânsia de interromper os quatro anos de mandato legítimo que o ex-ditador conquistara nas urnas.
Havia um oficial da Marinha, o Almirante Penna Botto, que liderava uma aglomerado radical anti-comunista. Ele veio a Aracaju no auge de uma onda repressiva que levara para um improvisado campo de concentração, intelectuais, estudantes e operários, que seriam integrantes do Partido Comunista. Penna Botto participava diretamente dos interrogatórios e comandava também a tortura. Um dos presos era o respeitado e íntegro professor Manoel Franco Freire. Pessoas que foram presas naquela estranha operação repressiva que tinha lugar num período de vigência da democracia e do Estado de Direito, relataram que o professor Freire foi colocado num buraco e contra ele um pelotão disparava balas de fuzis em torno da sua cabeça que ficara do lado de fora. O professor era acusado de dois crimes: Participar  da luta pela criação de uma empresa estatal do petróleo, luta que se resumia na frase gritada em todos os pontos do país: ¨O Petróleo É Nosso ¨. Ele também fazia campanha contra a ida de soldados brasileiros para lutarem na guerra da Coreia.
Em 1954, pouco antes de disparar um tiro no peito Getúlio Vargas escreveu uma carta em que denunciava as pressões internacionais contra a criação da PETROBRAS, cujo projeto de lei ele enviara ao Congresso, e lá, os bacharéis da UDN, conservadora e golpista, ampliaram a abrangência da lei, e deram à nova empresa o direito de exercer atividade monopolista de pesquisa, exploração e produção do petróleo.
A empresa cresceu, tornou-se uma das maiores do mundo, e agora encolheu depois de ser vítima da maior roubalheira da história deste país. No túmulo, mexem-se aqueles que lutaram pela independência econômica do Brasil e enxergavam no petróleo um fator indispensável para que o país  alcançasse a sonhada emancipação, que jamais seria alcançada enquanto o país continuasse sendo essencialmente agrícola, e  permitindo que os ¨gringos ¨ fizessem o que bem entendessem com as riquezas do nosso subsolo.
Gritar o Petróleo é Nosso, dava cadeia, a frase foi inscrita preferencialmente no índex  da repressão como denunciadora  da ideologia comunista. Muitos morreram,  foram presos, torturados, perseguidos, por terem  desafiado os esbirros e gritado a frase proibida.
E para que foram enfrentados tantos sacrifícios ?
Para que fizessem da PETROBRAS um antro  de assaltantes ?
  Cidadãos fluminenses indignados, pedindo um mínimo de segurança que os livre dos meliantes  nas ruas, que tenham o elementar direito de andar sem medo pelas cidades, de não precisarem blindar portas e janelas das suas casas, ouviram, do corajoso e persistente Jose Beltrame, Secretário da Segurança Pública do Rio, algumas explicações sobre as gigantescas dificuldades que enfrenta, e deixou no ar uma frase  apavorante e emblemática: Nós vivemos  ao lado de uma NAÇÃO DE    BANDIDOS.
Cabe a pergunta: Onde estaria  localizada mesmo essa Nação de Bandidos ?
Nos morros, nas periferias, nas penitenciárias, ou, pisando todos sobre o tapete macio dos prédios públicos e das estatais ?

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