O PETRÓLEO
É NOSSO E
A ¨NAÇÃO
DE BANDIDOS ¨
Corria o ano de 1952, era presidente Getúlio
Vargas. Ele retornara ao poder pelo voto, cinco anos depois de ter sido
destronado pelo Exército que colocou um ponto final no ¨ breve período de
quinze anos ¨ em que o caudilho gaúcho
governara o país com absoluta dureza autoritária.
Enquanto aferventava o confronto
internacional, a ¨guerra fria¨, em que
se envolviam os dois mundos, o capitalista
e o comunista, no Brasil se acirrava também o confronto interno entre a
direita, os setores da esquerda e os nacionalistas.
A UDN, com seu inseparável sentimento golpista, juntava-se à direita
militar e ao conservadorismo mais raivoso que era figadalmente anti-getulista,
na ânsia de interromper os quatro anos de mandato legítimo que o ex-ditador
conquistara nas urnas.
Havia um oficial da Marinha, o
Almirante Penna Botto, que liderava uma aglomerado radical anti-comunista. Ele
veio a Aracaju no auge de uma onda repressiva que levara para um improvisado
campo de concentração, intelectuais, estudantes e operários, que seriam
integrantes do Partido Comunista. Penna Botto participava diretamente dos
interrogatórios e comandava também a tortura. Um dos presos era o respeitado e
íntegro professor Manoel Franco Freire. Pessoas que foram presas naquela
estranha operação repressiva que tinha lugar num período de vigência da
democracia e do Estado de Direito, relataram que o professor Freire foi
colocado num buraco e contra ele um pelotão disparava balas de fuzis em torno
da sua cabeça que ficara do lado de fora. O professor era acusado de dois
crimes: Participar da luta pela criação
de uma empresa estatal do petróleo, luta que se resumia na frase gritada em
todos os pontos do país: ¨O Petróleo É Nosso ¨. Ele também fazia campanha
contra a ida de soldados brasileiros para lutarem na guerra da Coreia.
Em 1954, pouco antes de disparar
um tiro no peito Getúlio Vargas escreveu uma carta em que denunciava as
pressões internacionais contra a criação da PETROBRAS, cujo projeto de lei ele
enviara ao Congresso, e lá, os bacharéis da UDN, conservadora e golpista,
ampliaram a abrangência da lei, e deram à nova empresa o direito de exercer
atividade monopolista de pesquisa, exploração e produção do petróleo.
A empresa cresceu, tornou-se uma
das maiores do mundo, e agora encolheu depois de ser vítima da maior roubalheira
da história deste país. No túmulo, mexem-se aqueles que lutaram pela
independência econômica do Brasil e enxergavam no petróleo um fator indispensável
para que o país alcançasse a sonhada
emancipação, que jamais seria alcançada enquanto o país continuasse sendo
essencialmente agrícola, e permitindo
que os ¨gringos ¨ fizessem o que bem entendessem com as riquezas do nosso
subsolo.
Gritar o Petróleo é Nosso, dava
cadeia, a frase foi inscrita preferencialmente no índex da repressão como denunciadora da ideologia comunista. Muitos morreram, foram presos, torturados, perseguidos, por
terem desafiado os esbirros e gritado a
frase proibida.
E para que foram enfrentados
tantos sacrifícios ?
Para que fizessem da PETROBRAS um
antro de assaltantes ?
Cidadãos fluminenses indignados, pedindo um mínimo de segurança que os
livre dos meliantes nas ruas, que tenham
o elementar direito de andar sem medo pelas cidades, de não precisarem blindar
portas e janelas das suas casas, ouviram, do corajoso e persistente Jose
Beltrame, Secretário da Segurança Pública do Rio, algumas explicações sobre as
gigantescas dificuldades que enfrenta, e deixou no ar uma frase apavorante e emblemática: Nós vivemos ao lado de uma NAÇÃO DE BANDIDOS.
Cabe a pergunta: Onde estaria localizada mesmo essa Nação de Bandidos ?
Nos morros, nas periferias, nas
penitenciárias, ou, pisando todos sobre o tapete macio dos prédios públicos e
das estatais ?
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