domingo, 1 de fevereiro de 2015

FALTA ÁGUA E FALTA LUZ



FALTA ÁGUA E FALTA LUZ
Inimaginável seria, há vinte anos, um panorama tão catastrófico em que a grande metrópole paulistana estivesse ameaçada de ter, limitado a dois dias, o suprimento semanal de água, ficando as torneiras secas no decorrer dos cinco dias restantes. Mais inimaginável ainda seria acreditar na possibilidade de um colapso hídrico que atingisse  grande parte das cidades paulistas, inclusive as que formam o conglomerado urbano  da Grande São Paulo, algo em torno dos quinze milhões de habitantes submetidos a um racionamento de água semelhante aos que sofrem as cidades do semiarido  nordestino. Seria carregar muito nas tintas de uma futurologia cinzentamente pessimista, transpor o quadro paulista absurdo para um panorama mais  inacreditável ainda que seria o colapso no abastecimento de água   no Rio de Janeiro,  a segunda maior cidade brasileira, com os efeitos de uma estiagem prolongada fazendo morrer de fome e sede o gado nos sempre verdejantes campos fluminenses. E, mais ainda, nas serranias sempre chuvosas das Minas Gerais a grande Belo Horizonte com os seus reservatórios quase secos.
Uma projeção catastrofista  maior, seria,   um ousado profeta de desastres desenhando um quadro mais grave, calamitoso mesmo, das hidrelétricas parando e o país  mergulhando no escuro.
Previsões assim que pareceriam insano absurdo se feitas há 30 anos, agora, deploravelmente, começam a se transformar em realidade.
O que foi feito da terra das imensas florestas úmidas, dos enormes rios caudalosos que nos asseguravam a condição de país privilegiado pela natureza com as maiores reservas hídricas do planeta ?
Há  5 séculos  começamos uma devastação que fez  a fabulosa mata atlântica  restringir- se às limitadas reservas vulneráveis. A floresta amazônica ainda sobrevive intocada na sua imensidão, mas a fúria gananciosa da moto-serra criou imensas áreas desérticas no Pará, no Mato Grosso no Tocantins, no Acre, em Rondônia, e rios imensos com suas margens desnudas,  águas poluídas, vão seguindo o mesmo destino do Tietê, que poderia abastecer São Paulo se as suas águas não estivessem irremediavelmente pestilentas e envenenadas.
Indústrias que despejam venenos, cidades que jogam nos rios seus esgotos, lavouras e pastos que utilizam intensamente agrotóxicos, completam a destruição. Se os rios começam a secar, assoreados,  e suas águas de tão podres se tornam inservíveis, enquanto as chuvas escasseiam, tudo conspira para que as piores previsões se confirmem.  Já falta  a água,  breve, faltará a luz.

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