sábado, 22 de novembro de 2014

UM GOLPE DE MORTE NO TURISMO E NO LAZER



UM GOLPE DE MORTE
NO TURISMO E NO LAZER
O  que farão os turistas que chegam a Aracaju se forem postos abaixo os bares e restaurantes da orlinha e da  Sarney ?
Vão se contentar, tanto os turistas como os aracajuanos,  apenas com  a Orla da Atalaia  e a Passarela do Caranguejo ?   Elas se tornariam pequenas para tanta gente nos domingos de sol .
São perguntas oportunas e lógicas que surgem diante da ameaça da derrubada de todos os equipamentos de lazer construídos ao longo da praia que se estende  da Atalaia    ao estuário do Vasa  Barris, e o trecho ao lado do estuário do Sergipe.
O que o Ministério Público Federal está propondo à Justiça,  poderá ter  amparo legal, mas a simples idéia de por tudo abaixo  como se fosse uma ação simples, sem as conseqüências desastrosas que a insensata ação provocaria, surpreende e assusta quem,  sem desprezar as exigências da preservação ambiental, vai  objetivamente mais longe  e analisa o problema sob o prisma do interesse econômico e social.
Quem dará emprego a  centenas, talvez milhares  de trabalhadores  desempregados ?
Quem  indenizará os que acreditaram  que não haveria obstáculos para os seus empreendimentos ,  investiram ali ,  por tantos anos mourejam,  geram empregos e procuram satisfazer ao publico imenso que acorre às praias que são a  maior área de lazer e atração turística de Aracaju ?
 Perguntas assim devem ser respondidas,  antes que se levem em conta apenas as alegações ambientais que têm  desprezado  argumentos bem mais consistentes que dizem respeito à vida de uma cidade,   ao bem estar das pessoas, à segurança de quem investe e de quem trabalha.
Os  bem intencionados integrantes do MPF que propuseram a controversa ação certamente já leram O Ócio Criativo,    livro mais conhecido do escritor italiano Domenico De Masi que analisa, com um certo exagero ,as mudanças   de um paradigma da sociedade transmigrando-se do labor para um novo modelo ,    deixando bem explicita a capacidade de gerar riqueza do  turismo de massa e do lazer, ou seja, a sociedade do ócio produtivo  aliado à criatividade. O que vem a ser, exatamente,  a proposta daqueles equipamentos alinhados  ao longo da Praia do  Sarney, e na mais bela visão que Aracaju proporciona, que é o estuário do Sergipe contemplado desde a Orlinha Tudo isso agora, sob a mira demolidora do MPF.
Mas é preciso que se evite o confronto e se busque o bom senso através do entendimento,  que só se constrói com o diálogo.
Os bares e restaurantes podem muito bem permanecer onde estão, e adaptados às exigências ambientais.  Há 2 ou três anos  representantes do Ministério Público ligados às curadorias do meio ambiente,  estiveram em Aracaju participando de um evento , e alguns deles foram visitar o restaurante Com Amor,  do empresário Fabiano Oliveira. Lá,  conheceram um sistema de esgotamento sanitário não poluente.  Os promotores disseram que iriam recomendar  aquele sistema para  ser adotado em áreas ambientais sensíveis, como é o caso das praias.
Os proprietários dos equipamentos poderiam assumir o compromisso de instalar sistemas semelhantes ao do Com Amor.
 Tanto o governador Jackson Barreto como o prefeito João Alves  já expressaram sua preocupação diante  da morte anunciada do turismo . No estado foram acionadas a Secretaria do Meio Ambiente e a ADEMA , ambas dirigidas respectivamente por dois ambientalistas conceituados, Genival Nunes e Vanderlê Correia. Na  Secretaria do Meio Ambiente de Aracaju o Promotor Eduardo Matos,  respeitado ambientalista e autor de trabalhos sobre Direito Ambiental já se manifestou condenando a idéia da demolição.   Tanto o estado como a Prefeitura deverão propor ao MPF um leque de ações reguladoras ou compensatórias,  esperando que o MPF as acolha e entenda que a ameaça de dano ambiental estaria afastada , mesmo havendo a alegada infração que consistiria na ocupação de espaços interditados para construções. Se erro existe na Sarney  e na  orlinha ele se espalha por todo o país,  pode ser constatado com facilidade em praias como Porto de Galinhas, em Pernambuco, do Futuro, em Fortaleza, Barra de São Miguel e Francês em Alagoas, Balneário Camboriu em Santa Catarina, Barra da Tijuca, Búzios  Cabo Frio , Parati,  no Rio de  Janeiro; Praia do Forte, Imbassay, Porto Seguro, Morro de São Paulo, na Bahia. A lista é imensa e pelos critérios adotados  para condenar a Orla da  Sarney e a Orlinha se poderia chegar até a propor a demolição de todos os edifícios  de Copacabana,  erguidos sobre as areias alvascentas de uma praia que nos anos 20 do século passado era ainda selvagem.  Também não escapariam Santos, Guarujá, São Vicente,  em São Paulo; Boa Viagem e Piedade em Pernambuco.  Ou seja  , teríamos um gigantesco tsunami causado por uma lei aplicada ao pé da letra    varrendo do mapa  cidades e orlas.
Quando Valadares era governador e Jackson Barreto prefeito de Aracaju, a  Emsetur e a  Emsurb, então dirigida por  Marcélio Bonfim, se  uniram para uma ação que resultou  no plantio de 10 mil mudas de coqueiros ao longo da Sarney ,  e mais  a preservação de manchas da vegetação  de restinga que restavam.  Os coqueiros, quase todos se perderam por falta de cuidados  posteriores,  mas os tufos de vegetação de restinga se mantiveram, e até se expandiram.  Esse poderia ser um bom momento para que se reedite aquela iniciativa,   corrigindo-se erros eventualmente cometidos na primeira vez,  e certamente tendo o MPF como um bom e confiável parceiro.

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