UM GOLPE DE MORTE
NO TURISMO E NO LAZER
O que farão os
turistas que chegam a Aracaju se forem postos abaixo os bares e restaurantes da
orlinha e da Sarney ?
Vão se contentar, tanto os turistas como os aracajuanos, apenas com
a Orla da Atalaia e a Passarela
do Caranguejo ? Elas se tornariam
pequenas para tanta gente nos domingos de sol .
São perguntas oportunas e lógicas que surgem diante da ameaça
da derrubada de todos os equipamentos de lazer construídos ao longo da praia
que se estende da Atalaia ao estuário do Vasa Barris, e o trecho ao lado do estuário do
Sergipe.
O que o Ministério Público Federal está propondo à Justiça, poderá ter amparo legal, mas a simples idéia de por tudo
abaixo como se fosse uma ação simples,
sem as conseqüências desastrosas que a insensata ação provocaria, surpreende e
assusta quem, sem desprezar as
exigências da preservação ambiental, vai
objetivamente mais longe e analisa
o problema sob o prisma do interesse econômico e social.
Quem dará emprego a centenas, talvez milhares de trabalhadores desempregados ?
Quem indenizará os que
acreditaram que não haveria obstáculos
para os seus empreendimentos , investiram ali , por tantos anos mourejam, geram empregos e procuram satisfazer ao
publico imenso que acorre às praias que são a maior área de lazer e atração turística de
Aracaju ?
Perguntas assim devem
ser respondidas, antes que se levem em
conta apenas as alegações ambientais que têm
desprezado argumentos bem mais
consistentes que dizem respeito à vida de uma cidade, ao bem estar das pessoas, à segurança de quem
investe e de quem trabalha.
Os bem intencionados
integrantes do MPF que propuseram a controversa ação certamente já leram O Ócio
Criativo, livro mais conhecido do escritor italiano
Domenico De Masi que analisa, com um certo exagero ,as mudanças de um paradigma da sociedade
transmigrando-se do labor para um novo modelo ,
deixando bem explicita a capacidade de gerar
riqueza do turismo de massa e do lazer,
ou seja, a sociedade do ócio produtivo
aliado à criatividade. O que vem a ser, exatamente, a proposta daqueles equipamentos
alinhados ao longo da Praia do Sarney, e na mais bela visão que Aracaju
proporciona, que é o estuário do Sergipe contemplado desde a Orlinha Tudo isso
agora, sob a mira demolidora do MPF.
Mas é preciso que se evite o confronto e se busque o bom
senso através do entendimento, que só se
constrói com o diálogo.
Os bares e restaurantes podem muito bem permanecer onde estão,
e adaptados às exigências ambientais. Há
2 ou três anos representantes do
Ministério Público ligados às curadorias do meio ambiente, estiveram em Aracaju participando de um evento
, e alguns deles foram visitar o restaurante Com Amor, do empresário Fabiano Oliveira. Lá, conheceram um sistema de esgotamento sanitário
não poluente. Os promotores disseram que
iriam recomendar aquele sistema
para ser adotado em áreas ambientais
sensíveis, como é o caso das praias.
Os proprietários dos equipamentos poderiam assumir o
compromisso de instalar sistemas semelhantes ao do Com Amor.
Tanto o governador
Jackson Barreto como o prefeito João Alves
já expressaram sua preocupação diante
da morte anunciada do turismo . No estado foram acionadas a Secretaria
do Meio Ambiente e a ADEMA , ambas dirigidas respectivamente por dois
ambientalistas conceituados, Genival Nunes e Vanderlê Correia. Na Secretaria do Meio Ambiente de Aracaju o
Promotor Eduardo Matos, respeitado
ambientalista e autor de trabalhos sobre Direito Ambiental já se manifestou
condenando a idéia da demolição. Tanto
o estado como a Prefeitura deverão propor ao MPF um leque de ações reguladoras
ou compensatórias, esperando que o MPF
as acolha e entenda que a ameaça de dano ambiental estaria afastada , mesmo
havendo a alegada infração que consistiria na ocupação de espaços interditados
para construções. Se erro existe na Sarney e na
orlinha ele se espalha por todo o país, pode ser constatado com facilidade em praias
como Porto de Galinhas, em Pernambuco, do Futuro, em Fortaleza, Barra de São
Miguel e Francês em Alagoas, Balneário Camboriu em Santa Catarina, Barra da
Tijuca, Búzios Cabo Frio , Parati, no Rio de
Janeiro; Praia do Forte, Imbassay, Porto Seguro, Morro de São Paulo, na
Bahia. A lista é imensa e pelos critérios adotados para condenar a Orla da Sarney e a Orlinha se poderia chegar até a
propor a demolição de todos os edifícios de Copacabana, erguidos sobre as areias alvascentas de uma
praia que nos anos 20 do século passado era ainda selvagem. Também não escapariam Santos, Guarujá, São Vicente,
em São Paulo; Boa Viagem e Piedade em
Pernambuco. Ou seja , teríamos um gigantesco tsunami causado por uma
lei aplicada ao pé da letra varrendo
do mapa cidades e orlas.
Quando Valadares era governador e Jackson Barreto prefeito de
Aracaju, a Emsetur e a Emsurb, então dirigida por Marcélio Bonfim, se uniram para uma ação que resultou no plantio de 10 mil mudas de coqueiros ao
longo da Sarney , e mais a preservação de manchas da vegetação de restinga que restavam. Os coqueiros, quase todos se perderam por
falta de cuidados posteriores, mas os tufos de vegetação de restinga se
mantiveram, e até se expandiram. Esse
poderia ser um bom momento para que se reedite aquela iniciativa, corrigindo-se erros eventualmente cometidos
na primeira vez, e certamente tendo o
MPF como um bom e confiável parceiro.
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