sábado, 29 de novembro de 2014

A VERTICALIZAÇÃO SERIA O CÁOS NAS CIDADES ?




   A VERTICALIZAÇÃO SERIA O CÁOS  NAS CIDADES  ?
O juiz federal Ronivon Aragão tem se caracterizado por suas decisões exemplares  e que o credenciam como um magistrado  que não hesita em buscar o caminho legal para as questões mais complexas. Essa liminar que ele concedeu limitando em 12 andares o gabarito permitido em Aracaju, está, todavia, provocando uma ampla controvérsia e fazendo surgir argumentos que, sem duvidas, devem ser levados em conta, O primeiro deles veio através da afirmação  do  presidente do Sindicato da Industria da Construção de Sergipe, Tarcísio  Teixeira. Ele alerta para a possibilidade de um desemprego em massa com a suspensão de projetos e a interrupção de obras   já em andamento.
 Nas  grandes cidades européias há uma padronização dos edifícios das áreas centrais que não ultrapassam os 6 andares. Em Paris essa limitação e a arquitetura dos pequenos prédios, fazem parte do charme daquela cidade,   e ninguém ousaria demoli-los para, em seu lugar, construir  torres imensas de mais de 40 andares, tão comuns nas cidades americanas. Quem percorrer  a principal avenida de Paris saindo da Praça da Concórdia, depois,  ladeado pelos prédios de uma mesma altura, todos, em virtude da Lei Malraux de 1962, sempre com suas fachadas rigorosamente limpas, se for mais longe, até o final dos Champs Eysées, contornando o Arco do Triunfo e seguindo pela Avenue de La Grand Armée,    logo terá a sensação de que estaria penetrando em outra cidade  em virtude da mudança brusca da paisagem urbana. Surgem os altos  edifícios que formam o bairro de La Défense. Aquele bairro, juntamente com os 200 metros da Tour de Montparnasse  visível de toda a cidade,  resultaram de um novo olhar modernizante inspirado pelo arquiteto Le Corbusier.  Ha ainda grandes empreendimentos imobiliários, como o Front de Seine,  a Place de Italie, que acirraram  o debate sobre  as transformações na paisagem  da cidade. Como tudo em Paris se faz com  choque de idéias, cultura, enquanto George Pompidou  dizia que era preciso abandonar a estética do atraso, e que não existia arquitetura moderna sem as torres, cresciam as objeções ao modernismo desmedido que desfigurava a cidade.  Venceu a idéia de que a verticalização poderia ser feita sem  alterar as principais características  da cidade.  Paris tinha um rigoroso plano diretor, o Schéma Directeur, criado sob o olhar atento de Charles de Gaulle. O Schéma  previa, ao lado dos  Grands Ensemble ( grandes blocos de apartamentos ) os Secteurs   Sauvegardés,  áreas de preservação.
Não vamos nem de longe nos comparar a Paris, mas Aracaju poderia ter um Plano Diretor  resultante de um olhar menos particularista sobre a cidade e que compatibilizasse as edificações com a qualidade de vida. Por termos um documento tão inconsistente é que surgem ações como aquela movida pela OAB-Se,  que resultou na liminar do Juiz Ronivon.
A verticalização em si não  representa um atentado à mobilidade urbana, nem contribui para a deterioração ambiental. Bastaria que se aplicassem normas , que se fizesse um zoneamento, determinando onde poderiam ser construídos os grandes edifícios e onde haveria as limitações.
 Algo assim, tão radicalmente estabelecido, pode realmente confirmar a  preocupante projeção de desemprego em massa desenhada pelo empresário Tarcisio Teixeira.
Os problemas mais urgentes que teremos de resolver para garantir o crescimento da cidade sem que cheguemos a uma situação de caos urbano, são:  a mobilidade urbana, o esgotamento sanitário, a ampliação de áreas verdes, a despoluição dos rios que cortam a cidade, a  integração das diferentes camadas sociais no espaço urbano, evitando-se o surgimento dos guetos nas periferias,  onde se multiplica a criminalidade.

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