QUANDO ELEITORES FICAM
DO OUTRO LADO DA RUA
Quando o PSB sergipano fez, na
Associação dos Agrônomos, um ato público
de apoio a Aécio Neves, no auditório que não é tão grande estavam pessoas que na sua maioria foram levadas pelo PSC dos derrotados
irmãos Amorim, do DEM e do PSDB. Integrantes mesmo do PSB eram muito poucos. De
todos os prefeitos do PSB, que seriam dez, só um compareceu ao ato, foi Eduardo
Marques de Pinhão. Eduardo é um civilizadíssimo conservador, político que tem formação intelectual e ideológica que nada o
aproxima do socialismo. Filiou-se ao PSB como tantos outros, menos por afinidade
ideológica e, muito mais, por lealdade ao velho amigo senador Valadares, de quem foi assessor na Secretaria da Educação no governo Augusto
Franco. Eduardo sempre votou no lado oposto à esquerda, e sua presença ali era uma demonstração da sua
coerência política, mas, tendo votado em Jackson Barreto e lhe garantido larga margem de votos em Pinhão, Eduardo fez,
no seu discurso, a ressalva de que continuava ao lado do governador reeleito e somente naquele episódio não o seguia. Apenas
um curioso detalhe: Quando Maluf foi candidato à presidência da República
Eduardo ainda não se decidira em quem votar. Três dias antes da eleição ligou para
o candidato e comunicou-lhe que iria votar nele. Pinhão, com reduzido eleitorado, votou quase todo em
Maluf, e foi o único município brasileiro fora de São Paulo onde o polemico ( e bota polemico nisso ) presidenciável
paulista, conseguiu ter maioria de votos.
Uma outra curiosidade a registrar , por sinal
repleta de sinalizações, motivos, e
também conseqüências: Havia um numeroso aglomerado de militantes do outro lado, e não era apenas do
lado oposto da rua. Aquela pequena distancia , muito
além do que o simples espaço físico, marcava claras e talvez permanentes divergências. Do
outro lado ficavam os que faziam uma
entusiasmada manifestação a favor de Dilma. Todos eles foram eleitores do
senador Antonio Carlos Valadares nos
dois últimos mandatos por ele conquistados.
O sempre comedido sensato senador, ao que se diz, influenciado
pelo presidente estadual do PSB, o agrônomo Paulo Viana, que é também seu
conselheiro político, teria optado por Aécio, quando, a depender do deputado
federal reeleito Valadares Filho e mais
ainda do vice governador eleito Belivaldo Chagas, teria permanecido no mesmo
grupo que integrava desde que aproximou-se de Marcelo Déda, ajudou fortemente duas vezes a elegê-lo governador, assumindo, ao mesmo tempo, compromissos com uma política de transformações
sociais ao lado de Lula e de Dilma.
Paulo Viana participou de todos esses episódios, foi Secretário da Agricultura
de Déda e mais recentemente, nomeado por Dilma, ocupou a superintendência da
CODEVASF . Com apoio do senador Valadares, que era
aliado de Dilma, permaneceu no cargo,
vencendo a disputa com o grupo dos
Amorins, cujo representante em Brasília
o senador Eduardo, na ocasião também aliado de Dilma, exigiu, sem sucesso, a
direção da CODEDVASF em meio a uma chuva
de pesadas acusações ao senador Valadares e ao seu grupo, desfechadas pela Rede Ilha, de Edivan Amorim.
Esses episódios muito recentes
eram relembrados por quem estava
segurando bandeiras de Dilma vendo, do outro lado, o senador em quem votaram , envolvido pelas bandeiras de
Aécio, agitadas pelos partidários do PSC, DEM e PSDB, exatamente o grupo
político que ele, Valadares, ajudou a derrotar, por sinal fragorosamente em
Sergipe, quando reelegeu-se Jackson Barreto.
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