sábado, 30 de agosto de 2014

ANTONIO ERMIRIO E A FUMAÇA DA FÁBRICA



ANTONIO ERMIRIO E 
 A FUMAÇA DA FÁBRICA
 Antonio Ermírio de Morais fez o Grupo Votorantim criado por seu pai  Jose Ermírio,  tornar-se um dos maiores conglomerados empresariais do  Brasil. A vida de Antonio Ermírio não pode ser resumida apenas num caso de sucesso empresarial. Ele foi bem  além daquilo  que normalmente se espera de um homem de empresa. oltando dos Estados Unidos, onde se formou em metalurgia logo assumiu um papel preponderante  na condução do grupo que, por decisão sua, deu   um passo que muitos consideraram arriscado. O Votorantim iniciou no Brasil a produção do alumínio, setor inteiramente dominado por grupos estrangeiros. Defensor da independência econômica do Brasil, Ermirio entendia que o empresariado brasileiro deveria preencher todos os espaços, utilizando-se da nossa gigantesca  disponibilidade de matérias primas, especialmente na área  mineral , criando indústrias para  suprir o mercado interno e também exportar manufaturados. Exportar minérios para depois importar trilhos, latas, vagões, veículos, navios, seria, na visão progressista de Ermírio uma demonstração de incapacidade.  Ele lutou contra poderosos interesses para criar um parque industrial pujante e competitivo. Apesar de figurar entre os  5 brasileiros mais ricos, Ermírio era um homem simples. Destituído de vaidades, nunca ouviu os que lhe recomendavam  um bom alfaiate  para deixar de usar aqueles ternos sempre um tanto desengonçados. Coisa raríssima entre os ricos e poderosos, Ermirio dedicava-se silenciosamente a  realizar trabalhos sociais.  Costumava trabalhar muito além do expediente normal, e aos sábados,  passava o dia todo tratando de resolver problemas da Beneficência Portuguesa.
A primeira fábrica de grande porte que chegou a Sergipe,  foi a unidade de cimento do Grupo Votorantim. Aconteceu durante o governo de Luiz Garcia ( 1959- 1962) e  foi o economista Aloísio de Campos o  articulador, conseguindo, finalmente,  que as nossas gigantescas reservas de calcário começassem a ser exploradas, um caminho promissor que era insistentemente apontado por um visionário das nossas potencialidades minerais,  o geólogo autodidata Walter de Assis Ferreira Baptista.
A fábrica que era altamente poluidora, (naquele tempo nem se usava a palavra) foi instalada ao sul da cidade,  em meio a um matagal de difícil acesso. Aracaju cresceu,  as casas começaram a rodear  a fábrica, surgiu o Conjunto Castelo Branco, e a fumaça que saia das chaminés tornou-se um grave problema, ameaçando a saúde de milhares de pessoas.   Foi então que o vereador de Aracaju, Luciano Prado, pai do deputado federal Mendonça Prado iniciou uma forte campanha denunciando graves problemas respiratórios que se multiplicavam,  inclusive a morte de crianças. Ganhou até o chistoso apelido de Luciano Fumaça. O diretor da área de cimento do grupo, Clovis Scripiliti, assegurou que seriam instalados filtros que reduziriam a poluição, enquanto providenciava-se a transferência da fábrica para o município de Laranjeiras  que se  tornou um pólo cimenteiro.   Uma outra fábrica de um grupo também  com origem pernambucana, o João Santos ali instalou-se. Agora, chega uma terceira, do grupo   Brennand,  também pernambucano.    Faz poucos dias o governador Jackson Barreto recebeu empresários que estão dispostos a investir numa quarta unidade.
Ermirio de Morais, que morreu semana passada aos 86 anos, talvez seja o melhor modelo que deveria ser seguido por todos os nossos empresários. Ele pensava nos seus negócios e mais ainda no Brasil.

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