A CHINA QUE NOS SUFOCA
A retirada da Azaleia fechando 3
das suas 4 fábricas sergipanas deixa, atrás da decisão radical, rastro calamitoso de 1300 desempregados.Desemprego
não é coisa simples, como se fosse apenas o corriqueiro e inevitável incidente resultante da natureza cíclica do capitalismo
conduzido pelas regras de mercado. Desemprego é, antes de tudo, uma
calamidade que destrói a estabilidade de famílias, gera desespero e a revolta que tantas vezes compele o trabalhador compulsoriamente de braços
cruzados a percorrer o roteiro da marginalidade. Em Carira, Simão Dias,
Ribeirópolis, a economia ainda acanhada será afetada pelos efeitos cumulativos
da menor circulação de dinheiro, e aí surge também o desemprego indireto. Nos registros policiais passarão a constar
crimes causados pela embriaguez , a droga, também furtos, assaltos, uma
sucessão de ocorrências negativas pelas quais o empresário que fecha
postos de trabalho nunca é responsabilizado.
Empregar e desempregar são decisões facultadas ao empresário, desde que,
evidentemente, ele cumpra o que
determina a legislação trabalhista. A Azaleia cumprirá esses requisitos,trata-se
de um conglomerado empresarial que tem
um histórico alongado de abertura e fechamento de fábricas, todas elas voltadas
para a utilização intensiva de mão de obra, por isso, muito disputadas nos
estados, como é o caso de Sergipe, que
enfrentam o desafio de gerar empregos. A Azaleia fechou diversas fábricas
na Bahia e a nossa vez agora chegou. Os
donos do grupo empresarial do qual a Azaleia faz parte continuarão ricos,
manterão o mesmo padrão de vida, não diminuirá o caviar sobre as suas mesas,
nenhum deles irá a Nova Iorque em classe turista. O ato de demitir será para
eles apenas um episódio banal, com o qual lidam sem constrangimento sou temor de consequências.
A direção da Azaleia justificará
a decisão pondo a culpa na invasão dos produtos chineses, no anacronismo da
nossa legislação trabalhista, na carga tributária desmesurada, em tudo aquilo
que forma a massa insuportavelmente pesada do Custo Brasil.
A agressividade do capitalismo selvagem da
China ¨comunista ¨de fato sufoca a
retardada indústria brasileira, que se
cobriu sob o lençol do protecionismo retirado por Collor, e até hoje sente o frio
do desamparo . A China faz correr pelo mundo o tsunami das suas quinquilharias
baratas e desastrosamente perecíveis.
Nos Estados Unidos fábricas fecham subjugadas pela concorrência chinesa, mas os
chineses com seu trilhão de dólares investidos em títulos do tesouro americano
financiam o astronômico rombo nas contas públicas que assim sustenta a sua
insustentável pujança. Aqui, vendemos commodities aos chineses, entre outras
coisas, mandamos minério de ferro e recebemos trilhos que entortam, veículos
quebradiços e sem peças de reposição.
O colapso da Azaleia, todavia, não
decorre somente da concorrência chinesa nem de outros obstáculos que empresas similares enfrentam e conseguem
vencer. Veja-se,por exemplo, o caso da
Estrela. A tradicional fábrica de brinquedos estava capitulando diante
dos chineses, e Albano Franco abriu
caminho para que a empresa viesse a se instalar em Ribeirópolis. A Estrela
começou a fabricar brinquedos high-tech aqui em Sergipe e reconquistou o
mercado. O fechamento das fábricas da Azaleia é o resultado de uma série de
decisões equivocadas, e, como sempre, nesses casos, o custo dos erros recai
sobre o trabalhador.
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