SOBRE REGERIO E O SENADO
Há sintomas de insatisfação no
bloco formado pelos partidos que apoiam
a reeleição de Jackson em consequência
da candidatura a senador do deputado federal Rogério Carvalho.
Restandopouco tempo para que se arme a arquitetura final das composições, cria-se uma ansiedade
maior na medida em que vão passando os dias e a tática seguida por
importantes protagonistas tem sido a de dar tempo ao tempo, esperando que o horizonte se torne mais
claro. A conjuntura política nacional
começa a exercerinfluência na composição do cenário sergipano . Com a
circunstancia nova da indefinição na disputa presidencial, a preponderância que
o PT esperava ter na formação da chapamajoritária , até como resultado de uma exigência
da direção nacional do partido, vai sendo confrontada com os fatos novos que até meses atrás não se
esperava viessem a ocorrer. No PMDB a
situação está tranquila,ali, a
preocupação única é com a reeleição do governador Jackson Barreto, e parece
existir o consenso, que seria inspirado pelo próprio Jackson, de que a decisão
tomada pelo PT deve ser respeitada como parte de um acordo pré-agendado, desde quando, antecipando-se ao
calendário eleitoral, o então governador
Marcelo Déda deixou claro que disputaria
o Senado, para isso renunciando e passando o governo ao seu vice, Jackson
Barreto, que seria candidato à reeleição. Com o agravamento da doença Déda
pressentia quenão seria candidato ao Senado, mas, nas vezes em que retornava a
Sergipe, insistia em repetir que Jackson era o seu candidato ao governo.
Sergipe perdeu a oportunidade de eleger Déda para o Senado onde ele seria um
dos mais brilhantes senadores, esempre um exemplo de dignidade na vida pública.
Restou ao PTescolher um outro nome para manter a estrutura que se imaginara
antes para a chapa majoritária. Houveo deplorável episódio em que foi
traiçoeiramente rifado o nome de Eliane, esposa de Déda,que , se escolhida,
seria, além da homenagem devida ao líder morto, uma quase certeza de consagração
eleitoral. Depois,as facções do PT se rejuntaram num processo de acomodação de
interesses , e Rogério conseguiu ser o
nome unanimemente aceito para concorrer ao Senado. A Jacksonnão caberia
intrometer-se no processo interno de escolha do PT, um vespeiro no qual nem
Lula, compadre de Déda e compadre de Eliane, ousou meter a mão. Decisão tomada pelo partido,Jackson a aceitou
sem pestanejar, e, se depender dele a
chapa majoritária está consolidada,
restando apenas a escolha do vice, que, pelo andar da carruagem, deverá sair do
PSB do senador Valadares ou do DEM de João Alves. Jackson ficará imensamente
satisfeito se, ao seu lado, houver a presença de Eliane, numa atitude política
que ela tem afirmadoque assumirá, como gesto destinado a sinalizar a presença que seria
de Déda nos palanques.
Os demais partidos da base,contudo,
não estão se sentindo confortáveis. Para
alguns, a candidatura de Rogério ao Senado altera os planos que haviam traçado
com vistas à eleição de deputados federais e estaduais. Para aplainar sua
trajetória até o consenso que veio a merecer do PT, numa hora em que o partido
parecia irremediavelmente fragmentado, Rogério teve de atuar para fortalecer a
chapa de deputados federais e estaduais petistas e isso colidiu com projetos já
em andamento dos demais partidos, que se viram, de repente, confrontados com
uma situação nova que lhes é claramente desfavorável, e se perguntam: ¨Por queiremos votar em
Rogério enquanto os seus candidatos estarão concorrendo contra os
nossos?¨ O vereadorde Aracaju, Joni Marcos,
candidato a federal pelo PRB, disse semana passada no programa de Gilmar
Carvalho que depois do lançamento da candidatura a federal do deputado estadual João Daniel, ele,que
esperava somar votos numa dobradinha em
Canindé, se sente diretamente prejudicado por Rogério e não teria motivos para
tê-lo como seu candidato ao Senado. Claro, não há duvidas de que o PT tem que
fortalecer seus candidatos, queDaniel, um líder formado nas lutas populares tem todo o direito de pleitear qualquer
candidatura, mas o problema será convencer quem se sente prejudicado por
Rogério a votar nele para o Senado.
O ex-prefeito de Aracaju, Edvaldo
Nogueira, líderdo PC do B, chegou a afirmar no mesmo programa de Gilmar que, se
pudesse dar um conselho, diria a Jackson que retirasse Rogério da sua chapa.
Nos demais partidos, ainda não vocalizadas tão explicitamente, existem as
mesmasinsatisfações, e se não forem aplacadas, poderão gerar consequências. A
Rogério, o maior interessado, caberia a tarefa imprescindível de acomodar os
interessesrigorosamente dentro da ótica de um candidato majoritário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário