quinta-feira, 8 de maio de 2014

A RECORRENTE CONSPIRAÇÃO CONTRA O SALARIO MÍNIMO



A RECORRENTE CONSPIRAÇÃO
CONTRA O SALARIO MÍNIMO
Em maio de52 o presidente Getúlio Vargas cumpriu o que prometera como candidato e anunciou um aumento de cem por cento para o salário mínimo. O Ministro do Trabalho era um grande pecuarista gaúcho, João Goulart, homem de confiança do presidente, íntimo da família, e que salvou da bancarrota a estancia de criação de gado e ovinos
em São Borja, que Getúlio recebera de herança do seu pai e não tinha tempo nem gosto para administrar, sempre envolvido com a política. Jango, como era mais conhecido o Ministro, era um dos líderes do PTB, e fizera sua carreira política tendo como base o movimento sindical. A extrema direita golpista liderada por Carlos Lacerda e que tinha presença forte nas forças armadas, via no aumento do salário mínimo um passo a mais para a instalação da ¨República Sindicalista ¨que seria a porta aberta para a comunização do Brasil, e em Jango um perigoso incentivador desse processo. Contra a majoração do mínimo surgiu o chamado Manifesto dos Coronéis. Os militares envenenados pelo terrorismo verbal de Lacerda, consideravam-se desprestigiados e até humilhados por Getúlio e seu Ministro do Trabalho que equiparavam o salário de um trabalhador ao soldo de um oficial da marinha, exercito e aeronáutica.. A argumentação era absurda, preconceituosa, resultante de uma visão elitista que não admitia a ascensão social dos trabalhadores. Para conter a conflagração nos quarteis, Getúlio exonerou Jango, mas, manteve o aumento do mínimo. O episodio foi o ensaio do golpe que ocorreria em agosto de 1954, quando a sublevação da Aeronáutica conhecida como República do Galeão, ganhou força nas outras Armas, e levaria Getúlio à deposição não fosse o gesto do presidente, que matou-se deixando a Carta Testamento, assim, virou o jogo, causou comoção popular e a desmoralização dos seus adversários. Eles, contudo, apenas ensarilharam por algum tempo as armas, e voltaram, tornando-se vitoriosos no golpe de 64.
60 anos depois, setores da sociedade brasileira que nunca deixaram de ser retrógrados continuam inconformados com o salario mínimo, querem a volta imediata do arrocho salarial, o chicote da chamada recuperação econômica batendo nas costas do trabalhador , do povo. Teorizam, cinicamente, sobre os efeitos perversos do aumento salarial sem paralelo com a produtividade, apontam-no como causa da inflação, do descontrole das contas públicas, e já ganharam a forte adesão da Globo. Estão querendo tornar ainda mais reduzido o mínimo do trabalhador brasileiro, menor, aliás, do que recebem os trabalhadores uruguaios e argentinos.

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