OS QUARTEIS QUE VIRARAM
MASMORRAS
No primeiro dia do golpe
militar e também civil, que fez 50 anos, quarteis das 3 forças começaram a se encher de presos políticos. A
mais evidente marca de uma ditadura é a existência de gente que é punida porque pensa, porque se
expressa para transmitir ideias. Deploravelmente, a partir de 31 de março de
64 um regime autoritário institucionalizava o castigo ao pensamento, e isso se prolongou
até os estertores da ditadura, mesmo com a distensão do general Geisel, e não
mais ocorreu no governo do general Figueiredo. Em Aracaju, o 28º BC foi transformado em masmorra, mas,
naquele inicio da repressão não houve torturas, não houve agressões aos
prisioneiros, apenas as humilhações de praxe. Só em fevereiro de 76 aqui chegaram militares vindos de Salvador,
executores da criminosa Operação
Cajueiro. As dependências do 28º
BC foram transformadas em salas de torturas . Era a fúria do general fascista que comandava a Sexta Região Militar e estava
a serviço da conspiração de extrema direita visando levar ao poder o general
Ministro do Exército, o paleolítico
Sílvio Frota. Os crimes , as violências
mais sórdidas , mais desumanas, foram cometidas no quartel do 28 º BC, mas, sem
a participação do seu comandante, e da maior parte da oficialidade. De Salvador
veio um coronel de nome ou codinome, não
se sabe ao certo, Oscar Silva, uma besta fera fardada. Há inúmeras vitimas dele,
e dos seus sequazes, tais como Milton Coelho, cego, Marcelio Bonfim, o
procurador Elias Pinho e tantos e tantos mais.
O governador Jackson Barreto, que na época era deputado estadual e foi levado ao quartel onde recebeu
ameaças, quer saber os motivos reais da Operação Cajueiro, quem a comandou, quais foram os
torturadores, quais os que ordenaram a
pratica das violências, e, para isso, dirigiu oficio ao Ministro da Defesa,
Embaixador Celso Amorim. Jackson pede que, na sindicância a ser feita pelas forças armadas seja incluída a Operação Cajueiro, em Sergipe.
Essa sindicância, se bem conduzida, limpará definitivamente a mancha moral que
historicamente recairá sobre Exército, Marinha e Aeronáutica, se a ignominia da
tortura não for esclarecida, e as instituições militares pedirem desculpas pelo
erro. Eram brasileiros os torturados. Mesmo na mais cruenta das guerras, manda
a honra militar que os prisioneiros inimigos sejam tratados com dignidade.
Tortura contra presos políticos é ato abjeto. E covarde.
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