sábado, 5 de abril de 2014

OS QUARTEIS QUE VIRARAM MASMORRAS



OS QUARTEIS QUE VIRARAM MASMORRAS
No primeiro dia do golpe militar e também civil, que fez 50 anos,  quarteis das 3 forças  começaram a se encher de presos políticos. A mais evidente marca de uma ditadura é a existência  de gente que é punida porque pensa, porque se expressa para transmitir ideias. Deploravelmente, a partir de 31 de março de 64  um regime autoritário  institucionalizava  o castigo ao pensamento, e isso se prolongou até os estertores da ditadura, mesmo com a distensão do general Geisel, e não mais ocorreu no governo do general Figueiredo. Em Aracaju, o  28º BC foi transformado em masmorra, mas, naquele inicio da repressão não houve torturas, não houve agressões aos prisioneiros, apenas as humilhações de praxe. Só em  fevereiro de 76  aqui chegaram militares vindos de Salvador, executores da criminosa Operação  Cajueiro. As  dependências do 28º BC foram transformadas em salas de torturas . Era a fúria do general fascista  que comandava a Sexta Região Militar e estava a serviço da conspiração de extrema direita visando levar ao poder o general Ministro do  Exército, o paleolítico Sílvio Frota. Os crimes ,  as violências mais sórdidas , mais desumanas, foram cometidas no quartel do 28 º BC, mas, sem a participação do seu comandante, e da maior parte da oficialidade. De Salvador veio um  coronel de nome ou codinome, não se sabe ao certo, Oscar Silva, uma besta fera fardada. Há inúmeras vitimas dele, e dos seus sequazes, tais como Milton Coelho, cego, Marcelio Bonfim, o procurador Elias Pinho e tantos e tantos mais.  O governador Jackson Barreto, que na época  era deputado  estadual e foi levado ao quartel onde recebeu ameaças, quer saber os motivos reais da Operação  Cajueiro, quem a comandou, quais foram os torturadores, quais os  que ordenaram a pratica das violências, e, para isso, dirigiu oficio ao Ministro da Defesa, Embaixador Celso Amorim. Jackson pede  que, na sindicância   a ser feita pelas forças armadas  seja incluída a Operação Cajueiro, em Sergipe. Essa sindicância, se bem conduzida, limpará definitivamente a mancha moral que historicamente recairá sobre Exército, Marinha e Aeronáutica, se a ignominia da tortura não for esclarecida, e as instituições militares pedirem desculpas pelo erro. Eram brasileiros os torturados. Mesmo na mais cruenta das guerras, manda a honra militar que os prisioneiros inimigos sejam tratados com dignidade. Tortura contra presos políticos é ato abjeto. E covarde.

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