sábado, 5 de outubro de 2013

TRES TEMAS E UM SALUTAR DEBATE


TRES TEMAS E UM SALUTAR DEBATE    
-Aproxima-se o dia da realização do leilão das áreas do Pré- Sal.
-Ainda este mês, anuncia o secretário do desenvolvimento Saumíneo Nascimento,   estará outra vez em Sergipe a comitiva dos executivos da Ansia Motors para tratar  de providencias relativas à instalação de uma montadora de automóveis na Barra dos Coqueiros.
-Começam a chegar a Sergipe os médicos estrangeiros.
 Como se pode observar, sucintamente, quase em 3 únicos parágrafos,  é possível   formatar 3 noticias diferentes, todavia,  geradoras  de uma acalorada polêmica.
No momento exato em que a PETROBRÁS completa 60 anos, quando se faz a rememoração da árdua luta pelo petróleo,    petroleiros estão em greve protestando contra o que consideram um atentado  aos interesses nacionais: a liberação de áreas do pré-sal para petroleiras estrangeiras. O protesto é legitimo, a preocupação dos petroleiros é justa, porque o mundo da indústria do petróleo sempre foi um conturbado palco para muitos choques de interesses, e  a avidez das empresas das multinacionais  do petróleo só encontra paralelo na   ausência de escrúpulos da indústria armamentista.
Mas, nesses 60 anos que nos separam da vitória do  grito ¨o petróleo é nosso ¨, até o leilão das áreas do Pré-Sal, mudaram radicalmente as características do mercado  do óleo . Há 30 anos prognosticava-se a  extinção de todas as jazidas num prazo futuro que já foi amplamente ultrapassado, e as reservas continuam aumentando. Os Estados Unidos, maior consumidor e importador de petróleo, com a tecnologia do xisto já se tornou autossuficiente em gás, e caminha para  a autossuficiência em petróleo. Rompendo as barreiras ambientalistas a Rússia avança com suas sondas pelo ártico, e os Estados Unidos avançam sobre o santuário desvirginado do Alasca. Pode ocorrer a médio, e seguramente  longo prazo, uma queda no preço do barril, e ai as nossas jazidas do pré-sal se tornarão economicamente inviáveis. A PETROBRAS não tem recursos para arcar sozinha com a exploração dos campos da plataforma, por isso, é imprescindível a vinda de empresas estrangeiras, desde que sejam estabelecidas, como estão sendo, exigências claras, e um marco regulatório minucioso, eficaz. Se a PETROBRAS e outras empresas começarem já no próximo ano o trabalho no Pré- Sal,  de imediato surgirão milhares de empregos e haverá uma injeção portentosa de recursos na economia. Retardar esse processo é atentar contra as esperanças de uma juventude que anseia por empregos, e correr o risco de perder-se uma oportunidade que poderá não permanecer por muito tempo.
  Já em relação aos incentivos fiscais, preocupados com a apatia no sistema arrecadador, e uma suposta perda de receita, os auditores do fisco sergipano estão sugerindo o fim dos estímulos  concedidos aos investidores que aqui chegam..  São apresentados cálculos que podem ser contestados com uma simples comparação entre os números da alegada perda e o dinamismo econômico gerado pelas empresas beneficiadas com as isenções. No momento exato em que aportam  a Sergipe tantas empresas, por em questão de bom senso não deveria ser contestado um mecanismo que é adotado em todos os estados brasileiros, não só nos nordestinos.   Levantar exatamente agora essa questão, poderá  ser  perigosa inconveniência, capaz de despertar nos investidores a duvida sobre a segurança institucional daquilo que foi acordado em termos de isenções . Por outro lado, num clima de acirrada competição, no qual se envolvem todos os estados, se aqui o estimulo é negado, logo, tantos outros aparecerão prontos a oferecê-lo, e sairemos perdendo. Não se conhece no mundo um só exemplo de região subdesenvolvida que tenha superado o atraso sem a concessão de incentivos fiscais. Assim se fez a industrialização do nordeste, a partir da estratégia montada por Celso Furtado e sua brilhante equipe, tornando a SUDENE um instrumento eficaz para alavancar investimentos. Não foi  à toa que o senador paraibano Argemiro Figueiredo apresentou no inicio dos anos 60,  um projeto retirando da SUDENE, entre outras coisas, a capacidade para articular e conceder incentivos fiscais. Atrasado representante do latifúndio e das oligarquias, o senador paraibano  enxergava na industrialização uma ameaça ao seu mundo. Os que viveram aqueles episódios sabem o que foi a luta política e popular para enfrentar e derrotar as investidas do atraso.
O tema precisa ser analisado sob a luz clarificadora de uma visão abrangente,  capaz de enxergar além das demonstrações simplistas de números manipulados em função do que se quer demonstrar. Sem os incentivos fiscais, Sergipe teria deixado  de gerar ao longo do tempo, desde a criação da SUDENE, mais de 200 mil empregos.
A  terceira noticia geradora de muita polemica é a vinda dos médicos estrangeiros, especialmente os cubanos. Quanto a esta última, parece que a barreira dos preconceitos e do corporativismo já estão sendo vencidos pela aceitação popular de um programa que  representa  resposta imediata ao problema evidente , real e sentido diretamente pelo povo, que é a falta de médicos.
 O médico fisiologista Thomas Maack, preso político em 1964 quando acabara de se graduar,  encarcerado num navio prisão, depois exilado , foi viver nos Estados Unidos onde tornou-se um fisiologista internacionalmente respeitado. Maack é professor emérito da Universidade de Cornell e vive em Nova Iorque, mas nunca ficou distante da vida brasileira. Vem constantemente ao seu país, ajudar na reformulação de currículos das faculdades de medicina, faz palestras, continua com a mesma garra do ativista que reagiu contra o golpe  de 64. Sobre o programa Mais Médicos, Tomaz Maack  disse numa entrevista ao jornal Valor Economico: ¨O Brasil precisa de mais médicos, essa é uma iniciativa louvável. Alguém  tinha que começar. Muitos países, como os Estados Unidos e a Inglaterra, usam médicos formados no exterior para suprir a deficiência de profissionais. ¨
Enquanto isso, o senador Eduardo Amorim votando contra o programa Mais Médicos disse que estava defendendo a sua classe. Esqueceu-se, e esse foi mais um lamentável esquecimento, de que foi eleito para defender os interesses do povo sergipano,   aliás tão carente de médicos.

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