Blumenau ,depois de uma
devastadora enchente, procurava caminhos
para reativar a economia da importante
região catarinense de tempos em tempos afetada pelos transbordos do sempre imprevisível
Itajaí. Área de colonização alemã, não
demorou muito a surgir a ideia de reeditar na agradável Blumenau a
Octoberfest,celebrizada em Munique, terra de excelentes cervejase ótimas salsichas,e
dos bávaros, povo que destoa um pouco do rígido padrão
germânico, e é festeiro e musical. O modelo pronto e acabado que Blumenau trouxe
da Bavária para fazera festa de outubro,
tornou-se um sucesso e um forte chamariz de turistas. A festachega agora
aos 30 anos, e para ser realizada congrega
as energias do poder público e de toda a sociedade. Não há restrições à
festa , uma só voz discordante em relação aos benefícios trazidos para a cidade. Ninguém se considera prejudicado,
não sereclama do barulho, dos frenéticos e muito etílicos dezessete dias de
fuzarca, por sinal ordeira, e com um índice irrelevante de violência. Blumenau,
cidade fundada por alemães e predominantemente habitada por seus descendentes,fez
bem em copiar um modelo que estava na alma da sua gente . Nada melhor e mais
pragmático do que imitar o que faz sucesso.
O comércio, todas as demais
atividades econômicas da cidade souberam tirar partido dosquase vinte dias de
festa ininterrupta, e o seu povo diz orgulhosamente que a Blumenau Octoberfest é a segunda maior do
mundo, só perdendo para a mãe generosa de todas, que é a de Munique.
Imitar .como dizíamos, não é demérito, pode ser uma proveitosa atitude desde que se saiba fazer a cópia
exata do que produz resultados.
Aqui em Aracaju não tínhamos
um grande festejo junino, e o carnavalera uma tristeza.
Enquanto isso, em várias
cidades nordestinas o mês de junho era sinônimo de festa, alegria, muitos
turistas e bons negócios.
Foi então que Jackson Barreto,
quando prefeito de Aracajuno primeiro mandato, resolveu imitar o sucesso de
Campina Grande, Caruaru, Salvador, e inventou o Forrocaju. No inicio era um
arraial montado na praça Fausto Cardoso, bem em frente ao Palácio do Governo, hoje Palácio Museu.
Nos primeiro dia a festa começou a partir das 22 horase pouca gente apareceu. Os recursos da prefeitura eram
escassos e por isso as grandes atrações estavam descartadas. Jackson, como
sempre especialista em driblar dificuldades não desanimou, e lhe veio à cabeça
aideia de começar a festa bem mais cedo, às dezoito horas, para atrair as
pessoas que saiam do trabalho. No primeiro dia da inovação o Forrocaju encheu,
e seguiu reunindo mais gente a cada ano, até transformar-se hoje numa das cinco
maiores festas juninas do país.
Já o Precaju foi também uma
outra imitação, copia exata de festas pré -carnavalescas que existiam no país,
principalmente no nordeste. Quem resolveu copiar e transplantar a ideia para
Aracaju foi um jovem então quase menino, chamado Fabiano Oliveira. A coisa não
foi tão simples assim como poderá parecer por tratar-se de uma imitação.
Aracaju parecia umacidade avessa a Momo. Os mais velhos falavam, saudosistas,
sobreos ¨velhos carnavais ¨, lembrando até que a festa não se resumia aos
clubes e, coisa impensável, havia o carnaval de rua. Mas isso era passado, e
quando Fabiano inventou o Precaju ninguém acreditavaque o aracajuano ganhasse
animo para pular nas ruas. Durante o período momesco que aqui eram alguns dias
de absoluta tranquilidade, até houve quem sugerisse campanhas publicitárias na
Bahia incentivando os baianos infensos ao contágio da alegriapara que viessem passar em Aracaju quatro dias de
absoluta tranquilidade.
O que foi feito para superar
odesanimo aracajuano para micaretas e carnavais só o incansável Fabiano poderia
contar em detalhes, de como se chegou agora ao grande evento pre-carnavalesco,
a partir daquele primeiro, na década dos oitenta, um desenxabido desfile que reuniu
menos de mil pessoas, desajeitados foliões da terra onde não havia
carnaval.
As nossas duas
Cajufestsganharam lugar no calendário turístico nacional e são os nossos dois
maiores chamarizes de turistas. Mas aqui infelizmente as cajufests não são
vistas por todos como eventos positivos para a economia, não havendo,de longe,
a aceitação registrada em Blumenau em relação à Octoberfest. Acusa-se até a
ambas de prejudicaremo comércio, de impactarem negativamente a economia
estadual, e mais do que isso, existe o
¨olho grande, ¨ uma espécie de bruxaria
que resulta do sentimento de frustração ou de inveja derrotista a tudo o que signifique
sucesso.
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