A FARINHA NOSSA DE CADA DIA
A queda da monarquia francesa foi
apressada em virtude da baixa produção do trigo que ocasionou escassez e o
aumento do preço da farinha. Nas ruas o povo pedia pão e Maria Antonieta lhes sugeria
a alternativa do brioche. Não há comprovação histórica desse episódio que
evidenciaria o descaso ou o completo alheamento da rainha em relação ao que se
passava fora da suntuosidade dos seus palácios, o brioche é também um produto
da farinha de trigo, desde o inicio da agricultura, o cereal mais importante na
alimentação humana.
Quando o séquito real de Dom João
VI chegou ao Brasil em 1812 a cozinha brasileira surpreendeu os portugueses .Os
bolos, os doces, uma variedade imensa de pratos não incluía a farinha de trigo,
tudo provinha de uma farinha, a da mandioca. Havia ainda a variedade imensa de
pratos obtidos através de um cereal das americas, o milho. A mandioca e o milho, herança dos
índios, dos africanos, são, no Brasil, os substitutos do trigo, cultivo caprichoso
que exige temperaturas amenas, o que só temos pelas bandas do sul.
Entre nós nordestinos, especialmente
sergipanos, a farinha de mandioca é alimento indispensável., imprescindível
para compor a ¨mistura ¨, que se completa com a carne eventual, mas não
dispensa a farinha , nos momentos de maiores agruras comida pura, as vezes com
água e sal para disfarçar a fome.
A mandioca integra fortemente a
base da nossa economia primária, é produto que gera emprego, dissemina renda,
ou apenas garante o sustento.
Sexta-feira dia 20 era quase
noite no povoado Gameleira de Cima quando, num salão repleto, com centenas de
produtores, muitos prefeitos, deputados , vereadores, o prefeito de Campo do Brito, Léo
Rocha disse, que naquele momento, os produtores de mandioca e farinha, estavam
recebendo do governo um incentivo que há muito eles esperavam. Jackson Barreto,
ao anunciar a isenção de impostos para a farinha, mostrou-se conhecedor do
processo de fabricação nas antigas
¨Casas de Farinha ¨, do que elas representam para a economia sergipana. São
mais de 600 delas , disse Jackson, somente em Campo do Brito. Hoje, revelou o governador interino, em consequência da seca
Sergipe está importando mandioca até de Goiás e São Paulo. O estímulo através
da isenção de tributos chega na hora certa, e foi uma ideia defendida pelo
criativo secretário da agricultura Zezinho Sobral. O pastor Mardoqueu
presidente da COHIDRO, já está elaborando um estudo para ser levado a Zezinho,
sobre a possibilidade de produção da mandioca nos perímetros irrigados, a fim
de que não falte a matéria prima para os milhares de ¨casas de farinha ¨. Elas representam um setor importantíssimo da
nossa economia, o objetivo do governo é dar maior atenção a essa agro- indústria, desenvolvida através da
agricultura familiar, e por isso, socialmente imprescindível.
Para demonstrar a sua
¨sergipanidade , ¨o BANESE bem poderia estar presente na remota Gameleira de Cima, anunciando alguma forma de apoio aos
plantadores de mandioca e micro industriais
da farinha. É bem possível que naquela reunião, com tantos agricultores, com
tantos micro industriais, nem houvesse um só gerente de agencias do BANESE na
região.
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