sábado, 17 de agosto de 2013

ENCLAVES, RESTOS DO COLONIALISMO OU OLHOS ESPIÕES DO ¨ BIG – BROTHER¨



ENCLAVES,  RESTOS DO  COLONIALISMO
OU OLHOS ESPIÕES DO  ¨ BIG – BROTHER¨
Enclaves, como o nome indica, são  corpos estranhos, pequenos pedaços inseridos em área de dimensão bem maior. Em termos geográficos ou geopolíticos são fragmentos de um  pais onde sua soberania está ausente, e o controle é exercido por potencias distantes, quase sempre antigos impérios coloniais.  Restam agora poucos enclaves pelo mundo,  antigos entrepostos conquistados  pela força das armas ou pela sedução do dinheiro. Portugal, tão pequenininho, mas que já foi potencia marítima, saiu a criar entrepostos pela costa ocidental africana. Seguindo o avanço audacioso das suas caravelas,   chegou até a Ásia se apossando de áreas litorâneas,   Goa, Diu e Damão,  na Índia,  Macau na China, onde a Inglaterra tinha o enclave de Hong-Kong. 
Portugal e Espanha, ganharam  do Papa Alexandre VI o privilégio de repartirem o mundo entre eles. Aquele  ¨ representante de Deus na terra¨ um nobre do ramo espanhol dos Bórgias,  é , talvez, o mais repugnante entre  os   amorais depravados que  se intitularam  sucessores de Pedro. Corrupto, assassino, devasso, cruel, Alexandre VI era aliado incondicional dos  ¨Reis Católicos ¨, Fernando e Isabel. Piedosamente, mandaram centenas de ¨hereges ¨  para as fogueiras da Santa Inquisição, e se juntaram  para transformar  em Cardeal de Valencia um dos filhos do papa Alexandre VI, o dissoluto adolescente Cesar Bórgia, que tinha apenas 17 anos.
Hoje, a Espanha que já foi coproprietária do mundo , mergulhada no colapso econômico, precisa de um motivo para reunir os desiludidos espanhóis em torno de uma bandeira comum, e volta a contestar a posse pela Inglaterra do enclave de Gibraltar, de onde, há 300 anos,  ingleses vigiam a entrada do Mediterraneo,  onde sua orgulhosa esquadra navegou sem obstáculos desde que o almirante Nelson derrotou a ¨invencível  armada ¨espanhola, até o final da Segunda Grande Guerra, quando americanos e soviéticos repartiram a hegemonia mundial,  começou a descolonização, e o império onde ¨ o sol nunca se punha,¨ resume-se  hoje às ilhas  britânicas  um enclave como Gibraltar, e ilhas espalhadas pelos oceanos, como as Falklands,  que os argentinos chamam  Malvinas e as querem de volta.  O braço ainda arrogante do Império  consegue se espichar até milhares de quilômetros de distancia. Por sua vez, os espanhóis também  estendem o braço, mas indo somente  até o outro lado do Mediterrâneo   e,  também se recusam a  devolver ao Marrocos o enclave de Ceuta.
No rochedo de Gibraltar os turistas  chegam até o topo do rochedo de onde, em dias claros, é possível divisar  as terras da África,   podem  se divertir com os atrevidos macaquinhos que avançam sobre celulares e câmeras fotográficas, e saem fagueiros e barulhentos a festejar o furto. No verão o Simum que sopra desde o infindável Sahara deixa uma sensação de secura inimaginável  no clima europeu.  Em Gibraltar o  transito pode ser interrompido a qualquer momento para que  uma  das duas avenidas da cidade    rapidamente se transforme  num aeroporto com piso de aço,    e nele aterrisse ou decole uma aeronave militar inglesa.
Enclaves desafiando a soberania de países são  reminiscências  do colonialismo que desapareceu.
Os Estados Unidos, única superpotência  mundial concretiza a ficção de George  Orwell, e assim, surge o Big – Brother globalizado. Os enclaves mudam de feição. Não são mais territórios geograficamente delimitados, como a base de Guantánamo  que os americanos mantêm em Cuba;  os enclaves da pós-modernidade do imperialismo, nem sequer necessitam ter espaço ou forma, são meios tecnológicos altamente sofisticados que invadem o território de qualquer país. Podem estar num palácio em Cabul,  bisbilhotando quem entra e sai na sala do presidente, que é um títere  não absolutamente confiável, ou, até ¨gretando ¨através da envidraçada arquitetônica de Oscar Niemayer, o instante em que a  charmosa ministra Gleise Hoffman, no Palácio do Planalto, vai ao banheiro.

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