quarta-feira, 26 de junho de 2013

SE HOUVESSE INTERNET EM 64



SE HOUVESSE INTERNET EM 64
No começo da noite de 31 de março para primeiro de abril de 64,  já se sabia que tropas do exército rebeladas em  Minas Gerais ,  começavam a se deslocar para ocupar o Rio de Janeiro, onde estava o presidente João Goulart. Brasília  era a nova  capital, mas no Rio o presidente ainda tinha um Palácio,  e   parte da administração federal  continuava funcionando na antiga capital . Naquele tempo, em Aracaju, ao telefone muito mal se falava dentro da própria cidade. Notícias do sul, só através de emissoras de rádio  precariamente sintonizadas. Marcélio  Bonfim deve ter ainda viva na memória a lembrança do que foi a corrida de casa em casa dos companheiros, convocando a todos para  reunião no prédio da Leste Brasileiro, onde se pensava em resistir. E nem chegavam a mais de 200. Quem imaginaria naquele tempo as facilidades de comunicação que existiriam, quando fossem inventados o celular e a Internet ?
 O grande veículo de mobilização popular é, hoje, indiscutivelmente a Internet, a maior arma contra as ditaduras, pode ser também  o melhor instrumento para a revitalização   das democracias. O historiador Erick Hobsbawn que já está bem velhinho e cada vez mais lúcido, não tem muita simpatia pela Internet, achando que as pessoas perdem demasiado tempo a trocar mensagens bobas e inúteis nas redes sociais, mas, ele não desconhece que o ritmo da Historia acelerou a partir da entrada em cena da Internet, embora ele próprio não frequente as redes.
Quem liderou a organização da marcha popular pelas ruas de Aracaju? A resposta é:  ninguém, e todos.  Todos os que começaram a trocar mensagens sobre a  mobilização para uma passeata, depois, a fixação  do dia e da hora, em seguida, a convocação. Na manhã da quinta =feira,    32 mil pessoas se diziam dispostas a ir  às ruas. Sem a Internet a manifestação  que juntou bem mais de 20 mil , dificilmente chegaria a mil manifestantes.

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