sábado, 8 de junho de 2013

ESPERTEZA DEMAIS AS VEZES DESMORALIZA




ESPERTEZA DEMAIS AS VEZES DESMORALIZA

Fica a pergunta no ar ? Por que a Assembleia Legislativa de Sergipe não faz uma escolha do próximo conselheiro do Tribunal de Contas obedecendo, rigorosamente, às normas legais? Por que essa insistência em adotar procedimentos dúbios que deixam margem para a judicialização, e,  mais ainda, agora chegando ao desplante  da afronta ao Poder Judiciário.
Mas, mesmo sem respostas, cabem algumas considerações sobre essa  insistência do Poder Legislativo em agir deixando no rastro das suas decisões um acúmulo de  equívocos propositalmente cometidos .
Em primeiro lugar,  não seria um saudável exemplo esse que transmite um Poder, quando resolve apegar-se a firulas espertas para  que uma facção majoritária exiba uma capacidade de manobra que um outro poder, o Judiciário,  já deixou bem claro que agridem  a  lei e o bom senso. Uma eleição anulada deveria ter sido lição suficiente para que a Mesa da Assembleia pautasse suas decisões subsequentes pelo estrito cumprimento à lei.
Na segunda eleição ocorrida  na semana passada, a esperteza outra vez foi o caminho escolhido para  que novamente se apresentasse como vencedora a deputada Suzana Azevedo, prevalecendo a interferência externa  de quem na verdade está ¨se lixando ¨para a imagem do Legislativo.
Novamente, o ex-vice governador Belivaldo Chagas, sentindo que de novo prevaleceu a esperteza, ou a fraude, vai  em busca dos seus direitos desrespeitados recorrendo à Justiça. E  terá bons argumentos a esgrimir, inclusive porque, nessa circunstancia, ele não luta apenas em consequência  do seu interesse particular ferido, mas, torna-se também um  agente da própria sociedade, em defesa da moralidade pública e do acatamento a uma decisão judicial que foi propositalmente ignorada.
O Poder Legislativo que é o mais democrático dos poderes exatamente porque é, entre os  três, aquele mais próximo do povo, e  susceptivel   às criticas, deveria primar pela absoluta transparência dos seus atos. Isso, usualmente não é o que acontece. Apenas para avivar a memória: o Legislativo sergipano mantem em suas gavetas   proposta do Executivo para que vigorem em Sergipe as exigências da Lei de  Acesso à Informação já adotada no plano federal. Há rumores de que aquela propositura jamais será aprovada, por determinação de quem hoje controla a maioria dos deputados estaduais. O que se pretenderia então ocultar?
Quando um poder busca as sombras,  para na obscuridade dar sequencia a procedimentos espertos,  a cidadania é ferida,  e a própria democracia se fragiliza.
 No caso da escolha do novo conselheiro do Tribunal de Contas, essa sequencia de espertezas que a opinião pública logo identifica como malandragens, pode levar o Legislativa à desmoralização. Como se não bastasse a bordoada recebida do Poder Judiciário,  que     por unanimidade anulou uma eleição, a Mesa da Assembleia repete o mesmo procedimento duvidoso, dando margem a uma nova judicialização. E se o Judiciário mais uma vez anular a eleição eivada de erros, como ficará  diante dos sergipanos uma Assembleia que, aliás, custa bem caro ao bolso de cada contribuinte.
Como os senhores deputados responderão a um eleitor que lhes fizer a pergunta: ¨E  afinal, foi para isso que eu votei em você? Eu pago impostos para manter uma Assembleia que comete fraudes na escolha de um conselheiro do Tribunal de Contas, que também nos custa muito caro ,  e terá então mais um integrante correndo o risco de ser afastado dessa vez pela irregularidade na eleição ?
Como admitir a legitimidade de poderes ou instituições,  através das quais perpassam o desrespeito às leis e a fraude ?
Perguntas assim, e são muitas, ficarão no ar, enquanto no ar se dissolve a credibilidade de um poder.

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