CASAR LÁ
NO URUGUAY
Casar
no Uruguay já foi moda no Brasil. Isso aconteceu no tempo em que o
obscurantismo dominante considerava o divórcio uma invenção diabólica,
que destruiria as famílias brasileiras, e seria o lixo
apodrecido de toda a sociedade.
Nelson
Carneiro, coitado, terminou sendo excomungado, e na sua terra, a
Bahia, o Cardeal Da Silva pedia aos fieis que não votassem naquele
deputado autor da emenda divorcista ao dispositivo da Constituição
que tornava indissolúvel o casamento.
Divórcio,
a separação que permitiria depois novos casamentos era considerado
uma coisa do demônio, alguns, até insinuavam que o projeto de Nelson Carneiro
seria uma subrepticia ação do comunismo internacional ,
interessado em promover a desintegração dos costumes, para melhor
dominar o Brasil.
Havia
o desquite, uma forma de acabar a união, mas que manteria
o casal condenado a não poder mais contrair casamento.
Assim,
embora marido e mulher se detestassem mutuamente, que o homem tivesse
sabidamente amantes e as mulheres muito ocultamente os seus, era preciso manter
a indissolubilidade do casamento. O desquite era algo visto como uma
difamação para a mulher, e um demérito para o homem. Em honoráveis casas,
iluminadas pela luz fraterna da religiosidade, mulher separada,
nelas não seria bem recebida.
No
Uruguay o divórcio já existia há muito tempo. Então,
desquitados brasileiros que queriam casar de novo e se preocupavam com o
lado formal da união, viajavam ao Uruguay e voltavam
com
algum consolo nos papeis obtidos, que, por aqui, não tinham nenhum valor.
Depois, o casamento
no Uruguay se foi transformando em modismo para um society sempre
instável nas suas relações, e que fazia do enlace uruguaio um motivo de festa,
com muito destaque nas páginas sociais, de onde os
preconceitos, pelo menos em relação aos costumes, já haviam
desaparecido.
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