terça-feira, 5 de março de 2013

CASAR LÁ NO URUGUAY



CASAR LÁ NO URUGUAY

 Casar no Uruguay já foi moda no Brasil. Isso aconteceu no tempo em que o obscurantismo dominante  considerava o divórcio uma invenção diabólica,  que  destruiria as famílias brasileiras,   e seria o lixo apodrecido de toda a sociedade.
Nelson Carneiro,  coitado,  terminou sendo excomungado, e na sua terra, a Bahia,  o Cardeal Da Silva pedia aos fieis que não votassem  naquele deputado autor da emenda  divorcista ao dispositivo da Constituição  que tornava indissolúvel o casamento.
 Divórcio, a separação  que permitiria depois  novos casamentos era considerado uma coisa do demônio, alguns, até insinuavam que o projeto de Nelson Carneiro seria uma subrepticia   ação do comunismo internacional ,  interessado em promover a desintegração dos costumes,  para melhor dominar o Brasil.
 Havia o desquite, uma  forma de acabar a união,  mas que manteria   o casal condenado a não poder mais contrair  casamento.
Assim, embora marido e mulher se detestassem  mutuamente, que o homem tivesse sabidamente amantes e as mulheres muito ocultamente os seus, era preciso manter a indissolubilidade do casamento. O desquite era algo visto como  uma difamação para a mulher,  e um demérito para o homem. Em honoráveis casas,  iluminadas pela luz fraterna da religiosidade, mulher separada,  nelas não seria bem recebida.
No Uruguay    o divórcio já existia há muito tempo. Então,  desquitados brasileiros que queriam casar de novo e se preocupavam com o lado formal da união, viajavam ao Uruguay e voltavam
 com algum consolo nos papeis obtidos,  que, por aqui, não tinham nenhum valor.
Depois, o casamento no Uruguay se foi  transformando em modismo para um society sempre instável nas suas relações, e que fazia do enlace uruguaio um motivo de festa,    com muito destaque nas páginas sociais,  de onde os preconceitos,  pelo menos em relação aos costumes, já haviam  desaparecido.

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