A QUEM INTERESSA O PROINVESTE
Estado pobre, repleto de carências, exatamente agora mais uma vez castigado por
um seca que tosta a terra e as esperanças, Sergipe não pode ser vítima de uma
insanidade, como a recusa pela Assembleia de conceder autorização para um polpudo empréstimo de 720 milhões de reais. Sobre
a atitude da maioria dos deputados, muitos já
fizeram as mais diversas e contundentes definições. Políticos de todas
as colorações ideológicas, empresários de todos os setores da economia,
sindicalistas, comunicadores, demonstrando uma rara unanimidade, alinharam consistentes argumentos em defesa de um
empréstimo que é concedido pelo governo federal cercado, diríamos, quase de
paternais condições para a amortização,
As motivações eleitorais ficaram
bem evidentes, indisfarçáveis mesmo, na fragilizada crítica dos que, olhos
postos em 2014, imaginam para Sergipe um
cenário de desastre que favoreceria os seus objetivos. Trata-se, evidentemente,
de uma jogada de alto risco que está sendo feita e que poderá ter efeito
inverso ao que fora inicialmente imaginado. A começar, pela exceção única de
Sergipe, no caso da perda dos recursos
oferecidos. Se todos os demais estados se apressaram em aprontar papeis e
juntá-los à indispensável autorização legislativa para obterem o mais
rapidamente possível o empréstimo, como explicar, então, a ausência de Sergipe na relação dos
beneficiados? Para todos, o Proinveste
seria bom, para Sergipe, somente para Sergipe, ele poderia ter efeitos desastrosos, como
apregoa em afinadíssimas vozes a turma aguerrida do empresário-político Edivan
Amorim. Do grupo, ai de quem desafinar.
Pode acontecer exatamente o que já sucedeu com o deputado federal Laércio Oliveira, que se tornou alvo de uma desproporcional
retaliação vociferada por uma rede de emissoras a serviço de um projeto
político montado com a plena convicção de que os fins justificam, ou até
discriminalizariam os meios.
Mas o passar do tempo, o realinhamento de atores políticos, as
circunstancias que se modificam, e
sobretudo a prevalência do bom senso,
apontam, agora, para uma possibilidade real
de um reexame do Proinveste pela
Assembléia Legislativa. O governo,
reconhecendo o erro inicial de ter subestimado
a força da maioria parlamentar que lhe é adversa, ou, talvez,
desacostumado à sua própria e inédita situação de estar em minoria, deixou de
estabelecer o diálogo amplo, que
seria uma pré-condição para o
encaminhamento do pedido de autorização.
Mesmo atravessando um difícil
momento pessoal ( as pessoas sabem ou imaginam o que são os efeitos de uma
quimioterapia intensa) o governador Marcelo Déda pode ter admitido que agiu de
boa fé, ou esperou de todos a atitude
republicana que ele tanto preconiza, mas,
vendo que não teve êxito,
empenhou-se em costurar acordos,
fortalecido pelo sentimento de que a opinião pública começava a
desaprovar a atitude da Assembleia.
Não há políticos ingênuos, até porque, parafraseando Nelson Rodrigues, em politica
toda ingenuidade será castigada, assim, tanto o governador reexaminou suas
posições , como agora, alguns deputados reexaminam as suas, estes, temerosos principalmente, de virem a pagar o preço político da falta
que fará a dinheirama do Proinveste à
nossa economia. E exatamente neste momento, entra em cena um novo protagonista, o prefeito de Aracaju, João Alves Filho. João
tem um calhamaço de projetos a executar, para isso, necessita de recursos. Do
Proinveste podrá sair uma parte deles.
Mais ainda, numa conversa amena com
Marcelo Déda, teria recebido o convite
para irem juntos a uma audiência com a presidente Dilma Roussef. João não
nasceu ontem, até porque, já vai além dos 70 anos, e sabe, por experiência
própria, até pelo que sentiu na pele em seu terceiro mandato
de governador, que falta lhe faria
, outra
vez, a
solicitude do governo federal.
Assim, agora, tudo conspira a favor do Proinveste.
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