sábado, 5 de janeiro de 2013

A QUEM INTERESSA O PROINVESTE



A QUEM INTERESSA O PROINVESTE
 Estado pobre, repleto de carências,  exatamente agora mais uma vez castigado por um seca que tosta a terra e as esperanças, Sergipe não pode ser vítima de uma insanidade, como a recusa pela Assembleia de conceder autorização para um  polpudo empréstimo de  720 milhões de reais.  Sobre   a atitude da maioria dos deputados,  muitos já  fizeram as mais diversas e contundentes definições. Políticos de todas as colorações ideológicas, empresários de todos os setores da economia, sindicalistas, comunicadores, demonstrando uma rara unanimidade, alinharam   consistentes argumentos em defesa de um empréstimo que é concedido pelo governo federal cercado, diríamos, quase de paternais condições para a amortização,
As motivações eleitorais ficaram bem evidentes, indisfarçáveis mesmo, na fragilizada crítica dos que, olhos postos em 2014, imaginam  para Sergipe um cenário de desastre que favoreceria os seus objetivos. Trata-se, evidentemente, de uma   jogada de alto risco que  está sendo feita e que poderá ter efeito inverso ao que fora inicialmente imaginado. A começar, pela exceção única de Sergipe,  no caso da perda dos recursos oferecidos. Se todos os demais estados se apressaram em aprontar papeis e juntá-los à indispensável autorização legislativa para obterem o mais rapidamente possível o empréstimo, como explicar,  então, a ausência de Sergipe na relação dos beneficiados?  Para todos,  o Proinveste  seria bom, para Sergipe, somente para Sergipe,  ele poderia ter efeitos desastrosos, como apregoa em afinadíssimas vozes a turma aguerrida do empresário-político Edivan Amorim.  Do grupo, ai de quem desafinar. Pode acontecer exatamente o que já sucedeu com o deputado federal  Laércio Oliveira,  que se tornou alvo de uma desproporcional retaliação vociferada por uma rede de emissoras a serviço de um projeto político montado com a plena convicção de que os fins justificam, ou até discriminalizariam  os meios.
Mas o passar do tempo,  o realinhamento de atores políticos, as circunstancias que se modificam,  e sobretudo a prevalência  do bom senso, apontam, agora, para uma possibilidade real  de  um reexame do Proinveste pela Assembléia Legislativa.  O governo, reconhecendo o erro inicial de ter subestimado  a força da maioria parlamentar que lhe é adversa, ou, talvez, desacostumado à sua própria e inédita situação de estar em minoria, deixou de estabelecer o diálogo amplo,  que seria  uma pré-condição para o encaminhamento do pedido de autorização.
Mesmo atravessando um difícil momento pessoal ( as pessoas sabem ou imaginam o que são os efeitos de uma quimioterapia intensa) o governador Marcelo Déda pode ter admitido que agiu de boa fé, ou  esperou de todos a atitude republicana que ele tanto preconiza, mas,  vendo que não teve êxito,  empenhou-se em costurar acordos,  fortalecido pelo sentimento de que a opinião pública começava a desaprovar  a atitude da Assembleia.
 Não há políticos ingênuos, até porque,  parafraseando Nelson Rodrigues, em politica toda ingenuidade será castigada, assim, tanto o governador reexaminou suas posições , como agora, alguns deputados reexaminam as suas, estes,  temerosos  principalmente,  de virem a pagar o preço político da falta que fará a dinheirama do Proinveste  à nossa economia. E exatamente neste momento,  entra em cena um novo protagonista,  o prefeito de Aracaju, João Alves Filho. João tem um calhamaço de projetos a executar, para isso, necessita de recursos. Do Proinveste  podrá sair uma parte deles. Mais ainda,  numa conversa amena com Marcelo Déda,  teria recebido o convite para irem juntos  a uma audiência  com a presidente Dilma Roussef. João não nasceu ontem, até porque, já vai além dos 70 anos, e sabe, por experiência própria,  até  pelo que sentiu na pele em seu terceiro mandato de governador,  que falta lhe faria ,  outra   vez,        a solicitude do governo federal.
Assim, agora,  tudo conspira a favor  do Proinveste.

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