ENQUANTO DESABAM OS MUROS DA LESTE
O pacote anunciado por Dilma, investimentos e parcerias com o setor privado,
vai ressuscitar o transporte ferroviário no país. O trecho em Sergipe de
ferrovia da antiga Leste Brasileiro é a comprovação, mais contundente, de uma decadência que começou nos anos
cinquenta e que levou ao sucateamento completo de toda a estrutura de máquinas,
vagões, trilhos e edificações. O
trem, como meio de transporte de pessoas,
é hoje em Sergipe uma distante
lembrança, apenas na memória de uns
poucos que viram, pela última vez, passageiros entrando e saindo nos trens da Leste. O terminal ferroviário hoje
quase em ruinas,, no começo dos anos
sessenta substituiu o antigo, que ficava
no Mercado Municipal . Faz mais de dez
anos deixaram de trafegar os desconjuntados comboios que transportavam combustíveis entre Aracaju e Salvador, e, durante certo tempo a perigosa carga de amônia
e ureia. Contra o perigo representado pela carga letal passando quase pelo
centro de Aracaju insurgia-se, sempre indignado, o então vereador Jorge Araújo, que até
conseguiu fazer aprovar uma lei municipal proibindo a passagem dos trens com
aquele tipo de material venenoso. Agora,
os muros da Estação da Leste estão desabando, o velho prédio abandonado ameaça
cair aos pedaços , tal o desleixo da
subsidiária da Vale. No governo
Fernando Henrique, aquela empresa ganhou
a preço vil , por falta de interessados no leilão da venda,
a paralisada ferrovia da Leste
Brasileiro, que passou a se chamar pomposamente, Ferrovia Atlântica. A Vale é empresa aqui também muito atuante. Opera a mina de potássio, o porto da Barra dos
Coqueiros, começa a investir no Projeto Taquidrita, mas, nunca demonstrou o
menor interesse pelo transporte ferroviário em Sergipe, e a prometida revitalização da rede nunca
aconteceu.
O candidato a Prefeito, Valadares Filho, no seu programa de estreia
na TV apresentou um projeto para solucionar o crucial problema da mobilidade
urbana em Aracaju. Ele anunciou o VLT, Veiculo Leve Sobre Trilhos, tendo como
Terminal base, a Estação da Leste que
desaba. O VLT aproveitaria linhas de
ferro ainda existentes no trecho que corta a cidade. O projeto é caro, ultrapassaria os 300 milhões
de reais. Mas há recursos no governo federal que podem ser alocados para uma
forma de transporte que várias outras cidades brasileiras já estão adotando.
Já o pacote da presidente Dilma prevê a construção de uma ferrovia ligando
Salvador ao Porto de Suape em Pernambuco, passando por Aracaju e Maceió.
Certamente haverá o eixo de ligação do
tronco da ferrovia com o Porto da Barra dos Coqueiros. Assim, deverá cair o controle da Vale sobre o trecho que nunca foi utilizado
no território sergipano, e que para
pouca coisa poderá servir, a não ser, talvez, para facilitar em Aracaju a
implantação do VLT.
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