DOS VELHOS JORNAIS
Nota sob o título, Respeite a Memoria do Morto
Dr. Heribaldo, publicada na primeira página de uma edição do
mês de junho de 1956, do jornal Diário de Sergipe. O periódico eraligado ao
PSD ( Partido Social Democrático) e tinha como diretores, o
sempre intelectual, jurista e
professor, e então deputado estadual
Cabral Machado, que, depois, seria Vice Governador e Conselheiro do
Tribunal de Contas; e o advogado e
deputado estadual Pedro Barreto, que
viria a ser desembargador e Secretário da Segurança:
RESPEITE A MEMÓRIA DO MORTO DR.
HERIBALDO
¨Vítima de traumatismo moral,
tendo como algoz o Secretário da Justiça
Dr. Heribaldo Vieira, segundo
declarações de pessoa da família do morto, rendeu alta ao Criador, há um mês e
pouco, o saudoso Dr. Álvaro Silva, íntegro Juiz
aposentado, presidente da Ordem dos Advogados, membro do Conselho
Penitenciário do Estado e professor dos mais ilustres da nossa Faculdade de Direito, em cujas atividades deu
sempre um vivo exemplo de saber, caráter e dignidade, tendo falecido sem deixar
fortuna, mas muitos filhos, um dos quais
formado, e os demais
cursando Engenharia, Medicina,
Odontologia, e o mais jovem, o
Científico, sendo esta a mais e louvável preocupação do extinto. Pleiteando
um direito que lhe assiste com
assento no artigo 18 do Ato das
Disposições Transitórias da Constituição do Estado, requerera o saudoso mestre
contagem do tempo de serviço para melhoria da sua minguada aposentadoria. Seu
processo, a despeito da promessa do Sr.
Governador, de atendê—lo, logo
chegasse às suas abençoadas mãos, andou
de Herodes para Pilatos, e quando se ofereceu o momento de subir a despacho,
dado o parecer favorável do jovem e culto Consultor Jurídico, bem como do Sr.
Diretor do Tesouro, que fez o Dr. Heribaldo ? Perversamente, de segundas
intenções, mandou que o Procurador Fiscal Dr. Antônio Machado, surdo ,como inculto, oferecesse um
outro parecer contrariando o do
Consultor Jurídico, obrigando assim , ao carro puxar os bois.
Levado o fato ao conhecimento do
interessado, foi esse acometido de mal súbito, vindo após 8 dias de fortes
padecimentos, deixar a querida esposa e
adorados filhos chorando a sua falta irreparável. Despachando o requerimento do morto em seu expediente de 3 do corrente, alega o ilustrado Secretário
Dr. Heribaldo, que improcede o que diz o Sr. Diretor do Tesouro, e o que diz o
Consultor Jurídico, por julgar que só deve tomar em consideração o parecer do procurador,
feito inteiro sob medida.
Perguntamos nós: Por que não publicou o parecer do Sr.
Consultor e do Sr. Diretor do Tesouro ?
Simplesmente, pelo propósito
firme e manifesto de prejudicar ao tempo a parte, ou, em outras palavras,
matá-lo, como o matou de contrariedade. Para selar o epitáfio moral, seu autor,
conseguiu fosse nomeado o filho Geraldo Vieira, para a vaga deixada pelo
Dr. Álvaro Silva no Conselho
Penitenciário.
Chega Dr. Heribaldo, chega!
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