DONA MARY MESQUITA DÓRIA
Nenhuma esposa de governador
sergipano viveu atribulações iguais às sofridas por Dona Mary Mesquita Dória.
Com destemor, dedicação e energia, aquela mulher de gestos suaves e voz doce, transformou-se, de repente, na
defensora da liberdade ferida, dos direitos espezinhados, na medida em que
lutava contra um poder discricionário
que, na madrugada de 2 de abril de 64,
prendera o seu marido, o governador Seixas Dória, e o sequestrara,
comportando-se os agentes da ditadura
que nascia, como se fossem bandoleiros. Dona Mary foi a companheira, também, discreta,
culta e sagaz assessora do marido, conselheira a conter os seus arroubos, bem
próximos daquela impetuosidade sempre revelada
pelos grandes tribunos. Na
velhice, enquanto os dois mutuamente se apoiavam, quem os via tão unidos pelos laços fortes de
uma vida longa e solidária, parecia
sentir que neles havia o desejo de partirem juntos, para o que se convencionou
chamar de eternidade. E entre uma e outra partida houve pouco mais de um ano. Mary não nasceu
para ser a viúva. A ela estava destinada a grande tarefa de ter sido a mulher
de Seixas Dória. Lembra o historiador Clauber Benhur Santos dos Santos que, fazendo um trabalho
acadêmico, ouviu Seixas definir Dona
Mary: ¨É uma intimorata lutadora ¨.
O mestre da oratória criara a
expressão certa para definir a coragem e o valor de Dona Mary.
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