VALADARES E A SUA LEI
MORALIZADORA
Para endurecer o combate contra a
prática da lavagem de dinheiro ilícito, o senador Antonio Carlos Valadares
tomou a iniciativa de apresentar em
2003, lá se vão quase dez anos, o
Projeto de Lei nº 209/03, reformando e
atualizando lei específica anterior,
repleta de falhas que enfraqueciam as ações da polícia, do Ministério
Público e da Justiça. O projeto de
Valadares recebeu acréscimos apresentados pelos senadores Antero Paes de Barros,
Romero Jucá, e da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito dos Correios, isso, nos anos 2005 e 2006. Faz pouco tempo a lei de Valadares foi aprovada e sancionada pela presidente Dilma. E logo
mostrou sua eficiência, tornando possível o sequestro pela Justiça dos bens de
um ex-dirigente da estatal responsável pela construção de
ferrovias. Sem a lei de Valadares, o dirigente que assaltou os cofres públicos e exibia um
grande patrimônio, seria processado, até possivelmente preso, mas
continuaria rico, não perderia um só dos
seus bens ilicitamente conseguidos. A lavagem de dinheiro é um método de limpar
dinheiro sujo, e a cada dia encontra novas fórmulas para escapar dos controles
internacionais, e dos que existem no âmbito de cada país. Através da lavagem, sobrevivem corruptos e traficantes que
transferem ativos para outros países, para os paraísos fiscais, e nisso, até grandes instituições
financeiras tomam parte. Agora mesmo,
descobre-se a participação do poderoso banco HSBC na lavagem de dinheiro dos
carteis mexicanos do tráfico. A lavagem de dinheiro se processa através de várias e sofisticadas formas. O
alaranjamento de bens é uma delas. Quem
não pode legalmente declarar um patrimônio, o transfere para terceiros, os ¨laranjas¨,
e essa é a forma mais corriqueira de lavagem. Com a lei de Valadares, quando é comprovada a lavagem, por qualquer
uma das suas formas, a ação da Justiça se acelera, e pode ser decretada a
imediata perda dos bens do corrupto ou do traficante.
Paradoxalmente, a OAB que sempre
esteve na vanguarda da luta contra o crime e pela moralização da vida pública,
agora recorre ao Supremo Tribunal Federal, entendendo que o rigor da lei em
relação a ¨consultores ¨, que na verdade são parceiros do crime,
poderia cercear e ferir direitos dos advogados.
Pelas últimas posições que o STF
tem assumido, e se o julgamento ainda ocorrer durante a presidência do ministro
Carlos Britto, acredita-se que a Lei Valadares continuará intacta.
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