UMA HOMENAGEM A JOÃO
GARCEZ
No Palácio Museu Olímpio
Campos todos os meses são feitas homenagens aos ex-governadores aniversariantes
de cada mês. Neste mês de junho estaria
aniversariando João Andrade Garcez. Ele foi conceituado dentista, professor da
Faculdade de Odontologia da UFS, e , mais do que isso, fez parte de um seleto grupo de abnegados que
tomaram a si a difícil tarefa de
garantir o funcionamento e a expansão do Hospital de Cirurgia, integrante da
Fundação de saúde criada por Augusto Leite. João Andrade Garcez até o ano de
1970 dedicava-se apenas à sua profissão
e ao trabalho incessante pela melhoria do sistema de saúde em Sergipe. Naquele
ano, o governador Lourival Baptista em fim de mandato, preparava-se para
disputar uma cadeira no Senado. O calendário eleitoral previa que a
desincompatibilização do cargo deveria acontecer 6 meses antes da eleição, De
repente, o ditador Garrastazú Médici
resolve mudar as regras do jogo, e amplia para nove meses o prazo. Lourival, surpreendido
pelo casuísmo, que, dizem, foi feito
unicamente para atingi-lo, porque deixara de figurar na relação dos simpáticos
ao general, não desiste, e apressa as
providencias para deixar o governo, tendo à frente menos de uma semana até a nova data. Monta uma lista de três candidatos para o
governo tampão, que levaria para à escolha do ditador. O seu vice, o professor Cabral Machado, fora por ele nomeado para o
nascente Tribunal de Contas. Foi informado que a lista não seria dele
exclusivamente, mas, de todas as
lideranças da ARENA. Lourival conseguiu fazer constar da lista o seu candidato,
que era o respeitado médico , usineiro
ex-deputado e prefeito de
Japaratuba, Moacir Sobral. Entrou na lista também o nome de João Garcez. Da lista, só João Andrade não tinha passado
de participação política. Médici não queria políticos, e então João foi o
escolhido, espalhando-se a informação de que ele seria governador exatamente
para impedir que Lourival fosse eleito Senador. Naquele tempo sinistro de censura, de medo e
repressão, coisas corriqueiras que
acontecem nos palácios, tornavam-se
assunto reservado; o que pretendiam os
generais, e o presidente, era assunto
enquadrado na classificação de segurança nacional, por conseguinte,
secreto. Assim, os boatos soprados de
ouvido a ouvido eram sempre as únicas formas de
noticias das áreas cinzentas, onde não se penetrava, nem sobre elas era
permitido especular. João Andrade Garcez assumiu o governo debaixo da impressão generalizada de que liquidaria a carreira política de Lourival, e
seria um duro repressor, desempenhando rigidamente o papel de ¨delegado civil
da revolução ¨ como até gostavam de ser
chamados os governadores, porque isso lhes ampliava a faixa do poder. João
Garcez chegou com humildade, montou uma
equipe técnica de primeira linha, e, indiferente à boataria, manteve muitos dos
auxiliares de Lourival. Foi rigoroso com o dinheiro publico, dialogou em vez de reprimir, comportou-se com equilíbrio
e imparcialidade no decorrer das eleições diretas, e tomou todas as
providencias para facilitar a vida do governador escolhido, o engenheiro Paulo
Barreto de Menezes, enquanto corriam
apostas de que a indicação dele para a sucessão, seria anulada pelo ditador
Garrastazú Médici. Indiferente á boataria e as pressões de políticos e
militares que sofria, João Andrade Garcez teve apenas a preocupação
de governar Sergipe. Até conseguiu rapidamente do governo federal o envio de
uma draga para desassorear a sempre problemática barra do porto de Aracaju.
João Andrade Garcez
terminando seus nove meses de governo voltou às suas atividades profissionais. Não sendo político soube fazer a boa política
da conciliação e do diálogo,
decepcionando assim a reduzida
parcela dos aproveitadores e também de radicais da chamada ¨linha dura ¨ .
Sobre o período do governador João Andrade Garcez, falou, no Olímpio Campos, o professor e
economista Dílson Menezes Barreto, um técnico exemplar, um cidadão correto, que foi um dos auxiliares
de João Garcez.
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