segunda-feira, 2 de julho de 2012

UMA HOMENAGEM A JOÃO GARCEZ


 UMA HOMENAGEM A JOÃO GARCEZ
No  Palácio Museu Olímpio Campos todos os meses são feitas homenagens aos ex-governadores aniversariantes de cada mês.  Neste mês de junho estaria aniversariando João Andrade  Garcez.  Ele foi conceituado dentista, professor da Faculdade de Odontologia da UFS, e , mais do que isso,  fez parte de um seleto grupo de abnegados que tomaram  a si a difícil tarefa de garantir o funcionamento e a expansão do Hospital de Cirurgia, integrante da Fundação de saúde criada por Augusto Leite. João Andrade Garcez até o ano de 1970  dedicava-se apenas à sua profissão e ao trabalho incessante pela melhoria do sistema de saúde em Sergipe. Naquele ano, o governador Lourival Baptista em fim de mandato, preparava-se para disputar uma cadeira no Senado. O calendário eleitoral previa que a desincompatibilização do cargo deveria acontecer 6 meses antes da eleição, De repente, o ditador  Garrastazú Médici resolve mudar as regras do jogo, e amplia para nove meses o prazo. Lourival, surpreendido pelo casuísmo, que, dizem,  foi feito unicamente para atingi-lo, porque deixara de figurar na relação dos simpáticos ao general,  não desiste, e apressa as providencias para deixar o governo, tendo à frente menos de  uma semana até a nova data.  Monta uma lista de três candidatos para o governo tampão, que levaria para à escolha do ditador.  O seu vice, o professor  Cabral Machado, fora por ele nomeado para o nascente Tribunal de Contas. Foi informado que a lista não seria dele exclusivamente,  mas, de todas as lideranças da ARENA. Lourival conseguiu fazer constar da lista o seu candidato, que era o respeitado médico , usineiro    ex-deputado  e prefeito de Japaratuba, Moacir Sobral. Entrou na lista também o nome de João Garcez.  Da lista, só João Andrade não tinha passado de participação política. Médici não queria políticos, e então João foi o escolhido, espalhando-se a informação de que ele seria governador exatamente para impedir  que Lourival  fosse eleito Senador.  Naquele tempo sinistro de censura, de medo e repressão,    coisas corriqueiras que acontecem nos palácios,  tornavam-se assunto reservado;  o que pretendiam os generais, e o presidente, era assunto   enquadrado na classificação de segurança nacional, por conseguinte, secreto.  Assim, os boatos soprados de ouvido a ouvido eram sempre as únicas formas de  noticias das áreas cinzentas, onde não se penetrava, nem sobre elas era permitido especular. João Andrade Garcez assumiu o governo  debaixo da impressão generalizada  de que  liquidaria a carreira política de Lourival, e seria um duro repressor, desempenhando rigidamente o papel de ¨delegado civil da revolução ¨ como  até gostavam de ser chamados os governadores, porque isso lhes ampliava a faixa do poder. João Garcez chegou  com humildade, montou uma equipe técnica de primeira linha, e, indiferente à boataria, manteve muitos dos auxiliares de Lourival. Foi rigoroso com o dinheiro publico, dialogou em  vez de reprimir, comportou-se com equilíbrio e imparcialidade no decorrer das eleições diretas, e tomou todas as providencias para facilitar a vida do governador escolhido, o engenheiro Paulo Barreto de  Menezes, enquanto corriam apostas de que a indicação dele para a sucessão, seria anulada pelo ditador Garrastazú Médici. Indiferente á boataria e as pressões de políticos e militares que  sofria,  João Andrade Garcez teve apenas a preocupação de governar Sergipe. Até conseguiu rapidamente do governo federal o envio de uma draga para desassorear a sempre problemática barra do porto de Aracaju.
João Andrade  Garcez terminando seus nove meses de governo voltou às suas  atividades profissionais.  Não sendo político soube fazer a boa política da conciliação e do diálogo,  decepcionando assim  a reduzida parcela dos aproveitadores e também de radicais da chamada ¨linha dura ¨ .
Sobre o período do governador João Andrade Garcez,  falou, no Olímpio Campos, o professor e economista Dílson Menezes Barreto, um técnico exemplar,  um cidadão correto, que foi um dos auxiliares de João Garcez.

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