A POLÍCIA NO HOSPITAL
E A HORA DE IUNES
A chacina aconteceu
num hospital, o maior da rede pública de Sergipe. Como sempre lotado, o HUSE,
ou se preferem, João Alves Filho, foi palco de uma cena de terror que o gênio
de Alfred Hitchocok talvez não tivesse a ousadia de imaginar: um policial,
acobertado por colegas, assassinando aleatoriamente pacientes que esperavam socorro. O tenente ensandecido que vingava a
morte do irmão ocorrida em um tiroteio
que não se sabe exatamente se ocorrido com marginais ou entre marginais,
chegou para matar, e não teve sequer o cuidado de selecionar os seus alvos.
Matou a torto e a
direito.
Um oficial de polícia, presume-se, deve passar por rigorosos treinamentos que o
tornem apto a enfrentar situações difíceis.
A sua capacidade de autocontrole é testada, suas reações psicológicas
avaliadas, para que o Estado não venha a entregar uma arma a alguém que a transforme em perigo para a sociedade.
Por outro lado, nenhuma corporação militar pode ser condescendente com alguém
que tenha um prontuário assemelhado ao de um marginal. O tenente autor da
chacina, possuía uma deplorável folha
corrida, mas, mesmo assim, continuava fardado, e armado.
Não foi somente o
tenente que invadiu o hospital com o propósito de assassinar, outros fardados
lhe deram proteção, ou, no mínimo, facilitaram a sua fuga. Assim, foi a polícia
que esteve no Hospital, e lá deixou suas marcas selvagens.
Houve o crime horripilante, num local público onde estão
pacientes que necessitam de cuidados, profissionais da saúde exercendo o seu tormentoso ofício,
famílias acompanhando seus doentes. Num
local assim, onde se exige, no mínimo, que se faça silêncio, um policial pago
pela sociedade, com arma que a sociedade lhe entrega para que a defenda, usa a
farda, usa a arma para matar e aterrorizar.
A Polícia chegou ao hospital, e nas condições em que chegou, de lá, é urgente retirá-la.
Numa corporação militar, quando o espírito de corpo começa a se desfazer em corporativismo
descontrolado, ao tempo em que a
hierarquia e a disciplina se diluem, tudo pode acontecer, inclusive os tiros no
hospital.
O governador Marcelo Déda foi claro e impositivo: É preciso
expulsar das fileiras o tenente assassino, também, punir os que foram omissos
ou coniventes.
A sociedade estava a
aguardar uma resposta. E aguarda mais ainda: aguarda uma polícia menos contaminada pela
politicagem, uma corporação livre das ingerências que a deformam, uma polícia
exclusivamente voltada para os seus deveres, e dando ao cidadão a contrapartida
do custo que representa. Menos policiais nas emissoras de rádio, mais
policiais voltados para os objetivos da
sua profissão.
Vai assumir agora o
comando da Policia Militar de Sergipe o
coronel Maurício Iunes. Trata-se de um oficial conhecido e muito bem avaliado. Nos últimos anos o seu nome foi associado á
eficiência, à disposição sempre para as
ações mais difíceis.
No momento, o coronel
Iunes reúne as melhores condições para exercer o comando da PMS, nos últimos meses comandada pelo correto e
atencioso coronel Rezende. Pela fama que
conquistou como oficial que prestigia os comandados, mas deles exige obediência, disciplina e
ação, pelos exemplos pessoais que tem
dado em ocasiões criticas , são fortes
as boas expectativas que os sergipanos
alimentam em relação ao novo comandante da policia militar.
O delegado João
Eloy, Secretário da Segurança Pública e o coronel Iunes no comando da Polícia Militar, formarão
um afinado dueto, que irá tocar no ritmo que as circunstancias exigem.
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