sábado, 25 de junho de 2011

A GUERRILHA CIBERNÉTICA


No início da década dos anos 60 a guerra de guerrilha foi elevada ao   altar da estratégia revolucionária internacional. A experiência chinesa da Longa Marcha;  a vitória espetacular dos barbudos de Sierra  Maestra,  que desceram da montanha para o poder em Havana, tudo isso  consolidava a crença de que a derrota do imperialismo seria alcançada através de grupos movidos pela fé revolucionária,  dispostos a subir cordilheiras, embrenhar-se nas selvas, e fustigar o inimigo em rápidas ações de ataques e fugas. Moscou , embora  financiasse grupos combatentes, e os treinasse,  transmitia aos partidos comunistas que  eram fieis, um outro ensinamento. Ele consistia na aliança operário-camponesa com a burguesia nacionalista, para fortalecer o movimento de massas e chegar ao poder através de etapas, sem  aventuras armadas, restritas  quase aos quartéis, como acontecera no Brasil em 1935, com a desastrada rebelião militar no Rio de Janeiro, Recife e  Natal.
  O  discurso de Fidel Castro, estrela recente e de primeira grandeza no firmamento revolucionário, era  bem diferente do aliado e protetor soviético.  Fidel e Guevara sonhavam em multiplicar guerrilhas através da Cordilheira dos Andes,  pelas florestas da África,  da América Central, até pelas selvas mexicanas, bem próximo às fronteiras do grande inimigo.
 Naquela época, começou a circular no Brasil um livrinho intitulado Guerra de Guerrilhas, era uma espécie de manual para o combate,  escrito nada mais nada menos do que por Ernesto  Guevara, o exímio guerrilheiro. Pressionado por todos os lados, o presidente Jango Goulart mandou que o seu Ministro da Justiça proibisse a circulação do livro,  ao mesmo tempo, determinou também que fosse recolhida a “bíblia “  nazista, o Mein Kampf,( Meu Credo), escrito por Adolf Hitler. Quando veio a gloriosa, salve, salve, de 64, os “subversivos “ deixavam bem visível nas suas bibliotecas o detestado volume do Mein Kampf, enquanto, precavidamente, tocavam fogo no Guerra de Guerrilhas. Deu em nada, porque, quando militares e policiais invadiam residências em busca de “material comunista “,  levavam tudo quanto fosse volume com lombada ou capa vermelhas . Depois, na vitrine de A Moda, onde o “comando revolucionário” organizou uma mostra do “material subversivo,”  lá estava o Mein  Kampf  vermelhinho, do grande exterminador de comunistas e judeus Adolf Hitler,  ao lado do edulcorado romance O Vermelho e o Negro, de Stendhal.  Era uma pequena mostra do festival de besteiras que assolava o país.
Hoje, se por desgraça das desgraças ocorresse alguma coisa parecida com o golpe de 1964, a repressão entraria de casa em casa a procura de computadores,  celulares, os grandes instrumentos da subversão. Explodiriam provedores, teriam de paralisar também as empresas telefônicas, tornar inoperante a Internet.  A ditadura ao invés de procurar livros,  faria  gigantescas fogueiras de computadores.
Em tempos  cibernéticos,  querem Sarney e Collor tornar eternos alguns segredos de Estado.   Felizmente, a presidente Dilma já deu sinais de que a reação dos dois senadores  não chegou a contaminá-la com a idéia retrógrada. Então, entra em cena a guerrilha cibernética, os hacker’s,  que invadem  saites  da presidência da República, de Ministérios,  de vários outros setores do governo. Parece uma advertência em relação aos que pensam controlar a História, tornando-a inacessível ao povo.
 Mesmo nos piores momentos da censura e da repressão,  no Brasil, era possível saber uma boa parte do que acontecia dentro do nosso país, bastava sintonizar emissoras de rádio estrangeiras. Até a Voz da América e a BBC de Londres, serviam, porque sempre divulgavam o que aqui os censores vetavam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário