ESCOLA UM LUGAR PERIGOSO
Está gravemente ferido, lutando
pela vida num hospital, o professor que
numa escola aracajuana foi atingido
pelos tiros disparados por um aluno . O
criminoso adolescente confessou depois,
que, não satisfeito com a nota que lhe dera o professor decidiu
matá-lo. O Brasil, sabe-se agora através
de um relatório da OCDE ( Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é o
país que ocupa a triste condição de ter
as escolas mais violentas.
Já houve tempo entre nós em que o
professor era uma figura respeitada, quase reverenciada. Esse tempo não está
historicamente distante, aqueles, com mais de 60 anos lembram-se dele, porque
sabem como funcionavam as escolas, o sentido de ordem e disciplina que nelas
existia, um culto a valores, que, poderão dizer alguns, é um sentimento
ultrapassado. Mas não eram apenas valores morais, que sem duvidas mudam, se
adaptam à evolução social, os valores aos quais nos referimos são valores
humanos, e esses nunca se tornam velhos, obsoletos, porque são eles que
conferem dignidade à condição humana.
Aracaju era cidadezinha atrasada, sufocada por
preconceitos, pelo falso moralismo, e havia enorme
exclusão social, mas, nas escolas
públicas e particulares se insistia em
inculcar nas cabeças em formação o conceito indispensável de direitos e
deveres.
No Atheneu, acontecia uma permanente agitação cultural, organizavam-se grêmios, ocorriam embates de
idéias. O procurador hoje aposentado, Iroito Dória Leó criou a Aracadia Estudantil onde os árcades eram admitidos
depois de comprovarem cultura, saber, em algum ramo do conhecimento humano. Por muito tempo publicou-se O Áracade,
sacrificadamente mimeografado. Existia
um sentimento de valorização do saber e tudo isso contribuía para a formação de
valores. Nas existia um clima propício à
convivência respeitosa entre o alunado e entre alunos e professores.
Talvez esse ambiente fosse um antídoto
contra a irresponsabilidade, o desrespeito e a violência.
É
preciso não esquecer dos tiros que
atingiram um professor numa escola publica. Não deixar que o episódio terrível
venha a ser minimizado ou desprezado .
É preciso que não aceitemos a convivência
omissa ou covarde com a violência. As pragas sociais são bem piores do que
epidemias como o vírus ebola. Para elas só existe um antídoto, que é a
desprezada cultura da paz. Precisamos reconstruí-la.
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