domingo, 20 de março de 2016

AS LEIS, AS SALSICHAS, OS POLÍTICOS, OS RUFIÕES



AS LEIS,  AS SALSICHAS, OS
 POLÍTICOS,  OS RUFIÕES
Foi o rígido chanceler Bismarck,  prussiano militarista, competente engenheiro político, que montou as bases para a unificação do  Império Germânico,  a Alemanha . É dele a frase: ¨As pessoas ficariam muito decepcionadas se soubessem como são feitas as leis e as salsichas ¨.
Bismarck, partilhando do vício alimentar alemão, adorava  salsicha, a ¨wurst ¨, assim chamada na rascante língua germânica, e,  como participava também da elaboração de leis, conhecia, portanto, os dois processos  dos quais, com freqüência, a higiene física ou moral tantas vezes se ausenta.
O salsicheiro, tal qual o político, são levados a lidar com o  que está deteriorado, ou até em  estado de putrefação, mas ambos precisam, embora lidando com porcarias, alcançar o objetivo final de agradar ao gosto do povo. Assim, as pessoas terminam por aceitar, em alguns casos revelando plena satisfação, aquilo que sai dos caldeirões  das salsicharias ou dos parlamentos.
Quando falham os salsicheiros, ou os políticos, tanto a salsicha como a política apodrecem.
No Brasil a nossa salsicha nunca prestou, e a nossa política sempre oscilou entre a mediocridade  e a putrefação, com raras e belas exceções, que nos deram alento, esperança  e progresso, social, inclusive.
 Desgraçadamente, hoje, nos faltam políticos e sobram os rufiões. As boas salsichas nunca nos fizeram falta, mas a política, quando apodrece, nos faz um  mal imenso.

SUSPEITAS SOBRE UM JUIZ E AS DERRAPADAS DE DILMA



SUSPEITAS SOBRE UM JUIZ
   E AS DERRAPADAS DE DILMA
De nada adianta agora para Dilma ou Lula colocarem sob suspeita as ações do Juiz federal Sérgio Moro. Ele é, sem dúvidas, um homem conservador, beirando o extremismo da intolerância com a esquerda e ,evidentemente, com o PT, partido caído em desgraça, mas, que foi o símbolo maior da luta pelas transformações sociais.
A nossa remanescente presidente, em mais uma atitude das tantas desatinadas e infantis que vem cometendo,  subverte as regras da convivência harmoniosa entre os poderes,  e desce da sua cadeira de mandatária maior do país para abrir uma guerrinha particular contra um Juiz.
   Lula,  desastradamente, nas conversas particulares grampeadas e divulgadas  pelo Juiz Moro, afrontou as instituições, usando a linguagem vulgar e chula de um arreeiro ,  e aí, quem iria para  ¨ ajudar ¨, desajudou . No dia seguinte ao tumulto que gerou, pela primeira vez na História da República, uma farra de ações judiciais contra a competência exclusiva da presidente  de  nomear ministros, vai  Dilma inaugurar um conjunto popular na Bahia e desanda a falar impropriedades,  a acirrar os ânimos, num país que precisa mais do que nunca ouvir a voz da sensatez.
Apesar de tudo o que de inoportuno e ofensivo falou, supondo-se amparado pela privacidade, Lula, na concentração popular da Avenida Paulista, teve a serenidade responsável de quem lida com emoções, e sabe que poderá acirrá-las ou contê-las. Ele foi prudente, comedido, sensato, fez um apelo ao entendimento, lembrou que a virtude maior da democracia é tornar possível a convivência pacífica dos contrários.
Vem em seguida o Ministro Gilmar Mendes, personagem mais do que suspeito quando se trata de julgar algo em que esteja envolvido Lula ou o PT, e convalida uma liminar alegando que havia desvio de finalidade na nomeação de Lula para Ministro Chefe da Casa Civil, o que se trata de algo subjetivo, e com subjetividades não se faz a verdadeira justiça. Vai daí, torna às mãos do Juiz  Moro o destino de Lula, e não há duvidas de que o Juiz decretará rapidamente a prisão preventiva do ex-presidente.
Depois das manifestações desse sábado, com a participação maciça das Centrais Sindicais, dos movimentos sociais, alguém, dotado de bom senso, poderá imaginar que essas entidades, com poder para paralisar o país, irão tolerar uma ação judicial posta sob o crivo de uma quase certeza de ter caráter político ? Ainda mais com um processo de impeachment posto a andar com a celeridade afrontosa que lhe imprime o presidente da Câmara, enquanto retarda, protela e inventa subterfúgios para que não se faça o julgamento dele próprio ? Pode o processo grave de afastamento de uma presidente ser comandado por um  notório desqualificado  moral,   como é  o deputado Eduardo Cunha ?
O país  precisa de paz, trabalho, entendimento, ha uma indignação   hoje  ampla, geral e irrestrita.  As ruas vêm  sendo ocupada por pessoas  indignadas das classes alta e  média, mas os movimentos sociais já começaram a tomar posições, numa ação contrária ao impeachment.  Configura-se o prenúncio claro de que, a perdurar essa situação, o confronto violento se tornará inevitável.
O Ministro Teori Zavaski, com a sua voz abalizada e a autoridade dos justos, advertiu para a necessidade que tem o Juiz de agir com isenção, sem se deixar contaminar por paixões políticas,  de manter a discrição, de apenas falar nos autos, e não se seduzir pelos holofotes da mídia. Quando um Juiz se transforma em foco de conflitos políticos e sobre ele as opiniões se fazem acirradamente controversas e divergentes, e  chega a pedir apoio da opinião publica para as suas ações, como   fez Sérgio Moro, seria o instante exato para uma instancia superior, no caso o STF, agir no sentido de restabelecer o clima de serenidade, sem o qual os julgamentos  deslizam da segurança da imparcialidade para o inconformismo da suspeita. Juízes  apagam incêndios, não os provocam.

A ESQUERDA NA ERA PÓS- DILMA E PÓS – PT



A ESQUERDA NA ERA
PÓS- DILMA  E PÓS – PT
Se o trabalhador que saiu das fábricas, o estudante que saiu das faculdades,  das escolas, o camponês que encostou a enxada e foi pisar no asfalto, se aquele mar de gente que encheu as ruas mostrando, sobretudo, que Lula não está morto, e que o impeachment não é uma atitude a ser tomada sem riscos de graves ocorrências; se tudo isso não adiantar, e um impeachment comandado por um degradado moral que se chama Eduardo Cunha avançar, a presidente será afastada, mas, dessa forma o país não terá paz.
 Antes que isso se consume e surja a ameaça concreta de gravíssimos tumultos, a presidente poderia evitar o que seria uma desgraça para o país,     começando, na hora certa,  a negociar   uma renúncia honrosa. E isso dependerá de uma  iniciativa dela própria, movida pelo interesse maior do país. Dilma deve iniciar um respeitoso  diálogo, democrático e republicano com todos os setores políticos, com a  sociedade, para traçar uma agenda de retirada programada, antes ,  formalizando-se   um pacto de honra pelo Brasil. Lula não  poderá estar ausente desse processo, como também os movimentos sociais, para que se   possa promover o entendimento e a pacificação nacional através de um consenso  que consiga refrear os ressentimentos e diluir os ódios. Uma presidente que não consegue mais sequer nomear um ministro, já está politicamente deposta, e não será bom para o Brasil que a agonia se prolongue.
 As ações contra a posse de Lula têm  motivações políticas,   mas , num ambiente   totalmente adverso  Lula não terá muito o que fazer, na hipótese improvável de vir mesmo a ser ministro.Todavia, as ruas nessa sexta já demonstraram que ele conta com uma base social forte que não ficará inerte. Um sensato desembargador federal ao cassar uma das  liminares, disse que não cabe ao Judiciário envolver-se em questões político-partidárias e que a palavra final deverá ser do STF.
 Agora, o que precisa fazer a esquerda brasileira é começar a pensar  o futuro,  na iminente  era pós-Dilma. A direita, tanto a civilizada quanto a absolutamente incivilizada, tipo Bolsonaro e companhia, irá ganhar espaço,  com a aura de terem sido  seus integrantes, os protagonistas da queda de um governo e de um partido, marcados pelo estigma da corrupção . 
Os erros  do PT, permitiram a ressurreição  do que pior existe na política brasileira, e esse rebotalho surge com força, e dará muito trabalho.
Em São Paulo, o PSDB troca o vereador Andrea Matarazzo, efetivamente um social-democrata, pré-candidato a Prefeito da Capital,  pelo enfatiotado janota João Dória, cujas qualidades se resumem a ser um solícito valet de chambre,  bem maquiado, da   presunçosa e esnobe aristocracia paulista. João Doria Junior, o dândi, filho de um ex-político paulista que se tornou mais conhecido como João Dólar, vai ter de trocar as grifes, os relógios Rollex, para começar a visitar a periferia paulistana, onde, se alguma vez esteve, foi com o perfumado lenço de cambraia ao nariz.
O  respeitado senador Cristovão Buarque,  nome que deve ser referencial para futuros embates políticos, dizia, semana passada no Senado,  que a derrocada de Lula e do PT, arrasta, também, toda a esquerda para o limbo do desprezo, ou, pior ainda, da execração popular.
É preciso começar a pensar num Brasil  onde a clivagem ideológica agora se acentuou, e até absurdos como a  ¨ameaça comunista  ¨ estão sendo revisitados, isso,  enquanto os americanos desembarcam  festejados em Cuba, e lá irão fazer bons negócios. 26 anos transcorridos desde o fim da guerra fria, por aqui virou moda alertar para o perigo de uma ¨invasão cubana ¨.    A extrema direita  se torna agressiva, e vai às ruas pedir  ¨ intervenção militar, ¨ o fascismo adota as cores do neo-liberalismo global, e um louco incendiário, Donald Trump,  torna-se candidato à presidência dos Estados Unidos, e poderá até vencer as eleições. O fascismo globalizado é rancoroso, racista, intolerante, fanático. Aqui, pelo sul do país, trogloditas que têm a suástica nazista tatuada ao corpo, andam a agitar a bandeira  anti-brasileira do separatismo,  a  defender a odiosa tese da supremacia da raça branca, o mesmo discurso nefasto de Adolf Hitler que levou o mundo à sua maior hecatombe.
Na era pós-Dilma, a esquerda  terá de passar por um aggiornamento , sem o qual perderá o bonde da História. E a História demonstra, que, enquanto a extrema direita produz ditadores e guerras, a esquerda, desde que não se contamine pelo vírus da ambição patrimonial, ou da visão totalitária, é quem empurra esse bonde  pelos trilhos da modernidade.

FALA INCONFORMADA DE UM PROCURADOR



  FALA INCONFORMADA  
    DE  UM  PROCURADOR
O  experiente Procurador de Justiça Moacyr Motta é um homem que costuma agir quando necessário com firmeza, mas, sempre mantendo a moderação. Ele  junto com outros promotores, como Fernando Matos e Luiz Mendonça os responsáveis maiores pela corajosa   intervenção em Canindé, visando  corrigir a devastação feita por uma quadrilha.  Moacyr acompanhou também as ações do MP no município de Pirambú . Por isso, sentiu-se no dever de manifestar o seu desagrado com a ida de alguns promotores a Brasília para solicitarem apoio ao deputado André Moura, investigado pelo MP,  que os levou    ao deputado Eduardo Cunha, outro investigado. Numa reunião do Colégio de Procuradores, Moacyr foi enfático ao considerar inoportuna aquela atitude, e pediu uma reflexão maior sobre as  conseqüências daquele gesto para a instituição. Mereceu apoio de vários procuradores, e também ouviu as manifestações de discordância com o que   dizia. Do episódio, resta a impressão de que em casos semelhantes haverá  uma discussão prévia entre os componentes do MP.

FREI ENOQUE OBEDECE AO BISPO E SAI DA POLITICA



 FREI ENOQUE OBEDECE AO
 BISPO E SAI DA POLITICA
Obediente ao   Bispo de Propriá, Dom Mário, o Frei Enoque renunciou ao mandato  de Prefeito de Poço Redondo. Depois, sofreu o desgosto de sentir-se traído por pessoas nas quais confiou durante a sua administração, e isso aumentou  seu desencanto com a vida pública, e o fez ainda mais dedicado às atividades religiosas.    Frei  Enoque decidiu que a  retirada da política será  completa. Não terá mais candidatos, e não se envolverá na campanha.  Constatou  que o frade nunca se aquietou plenamente com o político, e sempre o superou.