ATÉ NA GUERRA NÃO
SE EXCLUI O DIALOGO
Acabou, felizmente, para as dezenas de milhares de alunos da
escola pública estadual a greve dos professores. Depois dos destemperos, das
agressões feitas por sindicalistas após decisão da Justiça considerando ilegal a greve, tão
alongada, lideranças do SINTESE, reencontraram-se com o bom senso e
decidiram , acatar a ordem judicial,
acabando a greve. Obediência à Justiça é
a única atitude a ser adotada nas
sociedades civilizadas que criaram um arcabouço legal através do qual se mantêm
distantes da barbárie, e assim sobrevivem, evoluem, aprimoram suas instituições.
Até nas guerras existe um momento em que as armas terão de
ser substituídas pelo diálogo, isso acontece, principalmente, quando os
contendores constatam que não podem subjugar um ao outro e impor uma rendição
incondicional.
A contenda entre o Sintese e o Governo, está longe de ser uma
guerra, e assim, mais fácil ainda se tornará a abertura para o diálogo, e se
procure um entendimento, ou, pelo menos, um armistício, enquanto se vão
aparando as arestas.
Para que isso aconteça
é preciso trocar o ranço pela
civilidade. Numa democracia como a nossa onde existe uma tolerância geral, e
não ser em casos isolados como no desastroso e repugnante episódio registrado
no Paraná, reivindicação social não é
caso de polícia.
Nisso o Brasil tem dado ao mundo exemplos. Nos colocamos num patamar superior, até mesmo
daqueles países que primeiro experimentaram as excelências da democracia.
Nos referimos, aqui, numa série de quatro artigos, ao que
denominamos ¨estilo carcará do Sintese e da deputada¨. No caso, Ana Lúcia. Esse
estilo pode ser resumido na palavra ranço, a mesma coisa que intolerância, uma certa
arrogância, alguma dose de fanatismo e incivilidade, de desrespeito às pessoas,
de presunção da verdade. Ranço é, também, a
visão mesquinha que não consegue abranger a totalidade dos aspectos de
um problema e, por isso, se amiúda, individualizando ataques e escolhendo alvos pessoais. Ranço é
transformar questões maiores em questiúnculas personalizadas, em ojerizas ou indiossincrasias
, dessas que Sigmund nem sempre explica. Seguindo-se o mau exemplo do Sintese e da deputada Ana
Lúcia, se poderia, desnecessariamente, chegar à deputada , por exemplo , para observar, sem
criticas, que ela tornou-se professora sem concurso, nomeada pelo governador
Paulo Barreto e, sem demorar em sala de aula, foi logo agraciada com um Cargo em Comissão para
trabalhar na Secretaria de Estado da Educação.
Atravessou, contemplada com esse
CC, os governos de Paulo Barreto, Jose Rolemberg Leite, Augusto Franco, João
Alves, Antonio Carlos Valadares e Albano Franco. Assim, sempre encastelada no seu Cargo de Confiança, apesar de bater no peito reafirmando suas convicções oposicionistas e
revolucionárias. Nada melhor do que fazer revolução amparada por um Cargo de
Confiança. Também esteve Secretária de Estado e Municipal por tantas vezes, sem
que, das suas gestões, surgissem iniciativas concretas de transformação ou mudança, muito menos revolucionárias. A
máquina da Secretaria de Ação Social lhe serviu, por exemplo, para montar uma rede eleitoreira
em todo estado, o mesmo que sempre tem sido feito pelo sindicato endinheirado
que ela controla. Se o carcará é ave
predadora, a deputada dele, mais e mais se aproximaria.
Mas tudo isso é inútil, nada acrescenta à tentativa de
contribuir para que se encontrem novos e
melhores caminhos para a educação sergipana. Insistir em acusações pessoais
dessa natureza, seria puro ranço. Melhor então, reconhecer na deputada a figura
de uma militante que sempre deve ser parte do diálogo, da mesma forma o Sintese, apesar dos métodos que preferem utilizar.
Assim combinado, então , estabelecendo-se o dialogo, seria bom que,
antes da demonização das propostas agora formuladas pelo professor Jorge Carvalho, que a elas se
desse algum crédito, pelo menos o de merecer uma analise,
uma avaliação destituída de preconceitos, sobretudo, de ranços. Não é possível que
alguém merecedor de tantas avaliações positivas
em Universidades brasileiras e estrangeiras, que tanto se debruçou sobre os
problemas da educação,e sobre o assunto escreveu tantos livros, seja agora equiparado,
junto com a sua equipe, a demônios recrutados pelo governador Jackson Barreto
para executar a tarefa macabra de destruição da educação sergipana.
Que se abra um espaço para a sensatez.
Que se dê uma chance para que possa florescer o diálogo.
A sociedade brasileira está sendo contaminada pela infestação
de tantas formas de intolerância, de visões extremadas, que levam desatinados a
lançar pedras contra pessoas freqüentadoras
de cultos afro-brasileiros, ou agridem homossexuais, negros e nordestinos.
Será que já não nos assustam e bastam os Malafaias, os
Felicianos, os Bolsonaros ?
Felizmente, por aqui, ainda não temos os trapos do passado
escravagista transformados em bandeiras
incitando ao ódio, como aconteceu na Carolina do Sul, onde um racista
desatinado matou, numa igreja nove pessoas, entre elas cinco pastores negros.
Todos nós, tão distantes
dessas degenerações de indivíduos e coletividades, temos de dar o exemplo,
valorizando o diálogo, antídoto contra a intolerância e os ranços de qualquer
natureza.