O GRANDE GESTO EM AGOSTO
A crise vinha de longe, e naquelas circunstancias se chamava Getúlio
Vargas. Eleito em 1950, cinco anos após
ter sido deposto do poder que exercera por um tempo por ele chamado ¨ curto período de 15 anos ,¨ Getúlio despertara paixões e ódios. os que o combatiam e odiavam não engoliam a
derrota que ele impusera, nas urnas, ao brigadeiro Eduardo Gomes, um herói
nacional colocado num pedestal, na verdade mais alto do que a média entre suas
virtudes e defeitos. E o brigadeiro sonhava com golpes militares.
Na madrugada de 5 de
agosto de 54 acendeu-se o estopim que faria explodir a bomba. Um pistoleiro,
Climério, contratado para matar o jornalista Carlos Lacerda, errou o alvo, acertou o major – aviador Vaz, que
acompanhava Lacerda, retornando de uma das suas demolidoras palestras para uma
platéia de oficiais golpistas. Instalou-se a insubordinação militar, e no dia
24 Getúlio matou-se com um tiro no peito.
Getulio Vargas tentava completar um projeto de Brasil que ele
iniciara como ditador, e enfrentava o rançoso conservadorismo das elites brasileiras , apoiadas pelo anticomunismo histérico de
setores militares e da Igreja.
Getúlio era um
estadista, tinha a exata dimensão do seu papel, e do rumo a ser seguido.
Personalidades políticas do quilate de Getúlio têm a
característica de despertar grandes paixões e grandes ódios. Naquele agosto, o
ódio a tudo contaminara. Com o suicídio Getúlio desmobilizou os ódios, e fez
renascer as paixões que a ele o povo sempre devotara. Derrotou seus inimigos . Ao ser sepultado ,os brasileiros o
pranteavam e os golpistas batiam em
retirada. Para as grandes personalidades reservam-se as grandes cenas, como nas
óperas, uma abertura majestosa e um final apoteótico, mesmo quando trágico.
A nossa insossa
presidente não desperta ódios nem paixões, apenas, cria e recria
decepções, desalentos, desencantos.Para ela os presságios deste agosto não
apontam nada de trágico, nada como o gesto épico de Getúlio, quase a ouvir o
barulho de armas ensarilhadas entrando pelos seus aposentos no Palácio do
Catete, e, por isso, acionando contra ele mesmo a sua própria arma.
Felizmente, as nossas instituições estão de pé, e firmes, mas
Dilma está trôpega, e a crise não se resolve.
Este agosto poderia testemunhar outro grande gesto a ser inscrito na nossa
História . Desta vez, um gesto de desprendimento, de serenidade coerente diante
da responsabilidade com a nação. Gesto
que se consubstanciaria numa carta de renuncia.
Isso acontecendo , o país agora descendo a ladeira do pessimismo,
certamente ganharia um novo alento.
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