segunda-feira, 28 de novembro de 2011

ENTRE OS TRÊS ¨MANGUES ¨ O BIOMA SAI PERDENDO (I)





Mangue,   pode ser puteiro,   bagunça, ou também  bioma.  O mangue verde,   refúgio estentóreo de vida, é vegetação adaptada aos trópicos,  que    rareia,  quando, distanciando-se do equador  as latitudes sobem. Fartos e vistosos desde o Amapá até  o Rio de Janeiro, São Paulo,  os manguezais vão minguando a partir do Paraná, para sumirem de vez nos estuários do sul  catarinense. No Rio Grande do Sul não mais existem. O mangue é bioma rico, povoado por peixes, crustáceos, moluscos, aves, também mamíferos, bichos como o guaxinim, que     aparecem mortos, estendidos no asfalto da estrada da Atalaia, atropelados, quando se arriscam a deixar seu  habitat .  Os mangues  recobrindo os estuários, margeando os rios, enriquecem as águas com seus nutrientes, e as fazem piscosas. Sabem muito bem os pescadores,   que os peixes rareiam onde os mangues são devastados.
Esse bioma tão importante,  indispensável ao equilíbrio da vida marinha,  sempre foi mal visto em todos os lugares  onde a ignorância ou o desprezo pelo meio ambiente,  (o que vem a ser estupidez elevada ao quadrado) espalharam a desgraçada impressão de que mangue era uma vegetação que crescia sobre a imundície da lama, e nele proliferavam os miasmas e pestilências, encontráveis em pântanos insalubres. As árvores do mangue têm também um aspecto estranho, primeiro, porque são  quase aquáticas,  depois, porque vicejam no lodo, possuem raízes expostas e intrincadas,  que se alteiam, nascendo desde os troncos,  formando uma teia complicada.  Só aqueles que  se aventuraram a capturar caranguejos e  aratus,  sabem a dificuldade de percorrer os manguezais com as pernas enterradas até aos joelhos no grosso lamaçal.  Mangue,  é palavra mais conhecida mesmo como sinônimo de puteiro, prostituição, desordem.  No Rio de Janeiro,  famosa ¨zona¨  se foi formando às margens de um canal onde havia mangues. Dai, tudo se misturou.
O mangue, embora não o pareça, é rigorosamente limpo. Aquela lama não é sujeira, nela, há nutrientes,  exuberância de vida, jamais porcarias. Vivendo em função do ciclo das marés, o mangue é ainda mais  ¨lavado¨  duas vezes ao mês nas luas cheias e novas, quando as águas sobem e chegam a cobrir as raízes aéreas das enormes gaiteiras, as espécie mais numerosas.
Aracaju se fez começando pelas restingas recobertas de cajueiros, mangabeiras, gragerús,  maçarandubas, avançando pelos mangues que tudo arrodeavam, e que o ¨progresso¨ mandava que fossem destruídos, aterrados. O crescimento da cidade foi um constante e inapelável processo de aterro de manguezais. No começo, inevitável, seria a cidade ou o mangue. Depois, a agressão ao mangue foi resultado de preconceito ou grosseira aversão ao indispensável e salutar processo de interação entre a paisagem antrópica e a natural.
 Aracaju expandiu-se entre dois grandes estuários ,     do Sergipe e do  Vaza-Barrís. Nas bacias desses rios há  afluentes e canais formando uma área bastante propícia  ao crescimento dos manguezais. Restam-nos,  porém, poucas manchas de mangues, e na Treze de Julho formou-se uma delas, a mais urbana, inserida diretamente no burburinho da cidade. O mangue da Treze de Julho  é lindo, nele, voejam garças,     socós, mergulhões, carcarás. A fauna alada é imensa. Pessoas que moram naquele semicírculo de edifícios ladeando o manguezal, curtem a paisagem magnífica, encantam-se com a revoada matinal e vespertina dos pássaros, desfrutam do raro  privilégio.  Dentro da cidade fumarenta, em meio ao trovejar dos motores, têm a natureza bruta quase à mão. Mas há os que, infelizmente, não possuem a necessária sensibilidade para entender que o mangue, junto à cidade, é algo de que Aracaju se pode orgulhar, um ponto positivo na soma de fatores que compõem a qualidade de vida. Há argumentos disparados contra a cortina verde que acompanha boa parte da estrada da Atalaia:  ¨ o mangue tapa a visão do rio, nos impede de contemplar o

  belo estuário;  o mangue acumula sujeira, o mangue fede.¨
Já noticiam   que um candidato a prefeito estaria tramando alguma coisa como a extinção do mangue.  Quer,  sobre a floresta abatida,   fazer um aterro enorme, onde, dizem, surgiria uma grande área de lazer, e se abriria a visão ampla para o rio e o estuário. O projeto mata-mangue,  gigantesco crime ambiental, estaria sendo articulado, ao que se diz, com a ampla aceitação de  parte das classes média e rica aracajuanas, que se sentiriam incomodadas com a fedentina  Erradamente imaginam que o mau cheiro  é produzido pelo manguezal. Este, o deplorável equivoco que precisa ser corrigido. ( continua domingo)
O TREM BALA E O NOSSO ¨MARIA  FUMAÇA ¨ (II)
Há mais de 5 anos não passa um só trem pelos quase 300 quilômetros de trilhos     atravessando Sergipe de norte a sul, desde o São Francisco até o rio Real.  Por esses trilhos, passavam quase todos os passageiros e cargas movimentadas em Sergipe até os anos sessenta, quando, as novas  rodovias e os caminhões da nascente indústria automobilística  foram aposentando os trens.  A ponte rodoferroviária sobre o São Francisco, entre Propriá e Colégio,  inaugurada em 69, tornou possível a ligação dos nossos trilhos com os do resto do nordeste.  Trens vindos do Rio Grande do Norte, trazendo sal, passaram a trafegar  cruzando as ruas de Aracaju, e até provocando acidentes.  O então vereador Jorge Araujo  lutou muito para    mudar o trajeto perigoso dos  comboios.  O perigo só acabou  quando foram desativados os trens   transportando  combustíveis ,   amônia e ureia. No final dos anos 40  chegou a Sergipe o engenheiro mineiro Zair Moreira, ele vinha comandar a construção de uma nova linha ferroviária da Leste Brasileiro  ligando Aracaju a Paulo Afonso, passando por Salgado, Lagarto, Simão Dias e Jeremoabo.  Concluía-se  a construção da hidrelétrica, e a ferrovia seria o elo de integração do novo polo de desenvolvimento no sertão baiano  com o litoral.  A  projetada ferrovia parou em Simão Dias,  ainda sem os trilhos colocados sobre os dormentes, mas, com pontes e a base concluídas. O engenheiro especializado em ferrovias  deixou Sergipe  decepcionado com o fracasso do projeto, com tanto dinheiro desperdiçado, cancelado por uma economia burra feita pelo não muito inteligente presidente Dutra.  Zair não pôde  concretizar a promessa que fizera à sua esposa Maria de Lourdes, de atravessar com ela,  nascida em Cícero Dantas, as caatingas do nordeste baiano, num trem correndo por uma linha de ferro que ele construíra. Desde aquele tempo, até hoje, não se  fez um metro sequer de linha férrea em Sergipe .
Em 14 de junho de 1996 no auge da ciranda de privatizações do governo FHC,   a malha centro leste da Rede Ferroviária Federal foi arrematada por uma bagatela paga pela Ferrovia Centro Atlântica S/A, pertencente à Vale,  maior complexo minerador do Brasil, que acabara de ser também  desestatizado  a preço vil.  Surgiram, então,  as retumbantes promessas de que a ferrovia privatizada seria rapidamente modernizada. Se a Leste Brasileiro que operava em Sergipe e Bahia já andava devagar, quase parando, passando ao controle da     Atlântica  estagnou de vez.
 Apesar de não ter transportado em Sergipe, até hoje uma só tonelada, a Atlântica alardeia inveridicamente em seu site: ¨Em seus 8023 quilômetros de extensão, a ferrovia passa por 316 municípios em 7 estados brasileiros ( Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Goiás, Bahia, São Paulo ) e no Distrito Federal. Atualmente a FCA se destaca como um importante corredor logístico de carga geral.
Com acesso a portos localizados nos estados da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, a malha da ferrovia está na área de influencia do Terminal Marítimo Inácio Barbosa em Sergipe¨.
Na ¨área de influencia do Terminal Inácio Barbosa em Sergipe ¨,  o que é isso  ?   Em Sergipe, trens, nos últimos anos, só se forem fantasmas.
A linha férrea em Sergipe está sucateada, a estação central em Aracaju, fechada, sem um só funcionário,  o mesmo acontecendo com as estações caindo aos pedaços em Propriá, Cedro de São João,   Malhada dos Bois, Japaratuba,  General Maynard, Maruim, Riachuelo, Laranjeiras, Nossa Senhora do Socorro,  São Cristóvão, Itaporanga, Salgado, Boquim, Pedrinhas, Itabaianinha e Tomar do Gerú,  pouco antes da divisa com a Bahia.
Para Sergipe, a recuperação e retorno às atividades da ferrovia, é um projeto  imbricadamente relacionado à nossa estratégia de desenvolvimento.
 (continua  domingo)
OS FUNDILHOS DE LAMPIÃO E OUTRAS ESTÓRIAS
Há muito tempo não deixam os fundilhos de Lampião em paz. Há uma curiosidade imensa para saber por qual dos dois lados ele preferia baixar as calças. É natural que isso aconteça quando se trata de celebridades, e Lampião, é, de longe, o mais famoso personagem nordestino,  ao lado do Padre Cícero do Juazeiro. Foi o antropólogo baiano Luiz Mott líder entusiasta e lutador do movimento gay, sempre empenhado em descobrir adeptos da bandeira do arco-íris, quem primeiro levantou a hipótese da homossexualidade do rei das caatingas.  Luiz Mott não descansará enquanto não descobrir evidências de homossexualismo em todos os personagens da História. Agora, quem vem  espalhar dúvidas sobre a macheza de  Lampião de uma forma um tanto caricatural, até pelo titulo que deu ao seu livro, é o advogado e Juiz aposentado Pedro Morais.  Lampião o Mata Sete, parece ter o propósito claro   de  arrasar a  aura de macho do poderoso cabra da peste pernambucano.   Quem estiver lembrado da música de Jackson do Pandeiro,  saberá que o Mata Sete  ¨era de jogar confete e fritar bolinho, falava mansinho, não era de nada corria da parada  até com um sozinho¨.  Colando em Lampião o rótulo do Mata Sete e ao mesmo tempo gay, Pedro Morais escorrega no preconceito, quando associa homossexualismo a  covardia .  Platão  recomenda em A República que os exércitos sejam formados por amantes.  No combate, estariam lado a lado lutando como leões, exatamente à semelhança do Bando de Tebas. Não se imaginaria, na primeira metade do século passado,  exatamente no nordeste, um bando de cangaceiros inspirados pelos ardorosos combatentes gregos, também  permutando suas mulheres, numa época em que viado e corno eram duas palavras infamantes. É sem duvidas empreitada  das mais polêmicas, talvez inútil,  saber se lampião era ou não era gay, se Maria Bonita  era ou não uma ¨mulher  honesta¨ , como ao tempo exigiam os códigos de leis e costumes  , associando, equivocadamente, uso livre do corpo a fundamentos moralistas,  quando vagina e ânus   se confundiam com honra. Muito se tem especulado sobre uma suposta homossexualidade de Napoleão, sobre a rotatividade nas alcovas das suas mulheres. Também de fofocas vive a humanidade, e fofocar é coisa que estimula  a perspicácia , o humor, a criatividade, uma espécie de xadrez da maledicência.  Tudo isso é apenas uma diversão lúdica, ou intelectual, talvez, mas,  nada tem a ver com a ciência da História.
 O filósofo e historiador Will Durant trata com leveza e inteligência o tema da homossexualidade de Alexandre o Grande na sua obra Historia Universal. Ele traça o perfil  psicológico do grande conquistador ao descrever a angústia e a depressão que o acometeram quando, bêbado, matou Hefestion, seu amante, também, a indignação como respondeu a um dos seus generais que  levou um efebo à sua tenda de campanha. Os gregos eram assumidamente bissexuais, no caso, cabia apenas especular sobre qual dos sexos seria o privilegiado.
O Juiz Aldo Albuquerque é um magistrado criterioso. Ele  atendeu a Expedita, filha de Lampião e Maria Bonita, suspendendo o lançamento   que seria na noite de quinta-feira, até que o mérito da questão venha a ser julgado. Não se conhece o inteiro teor do livro,  mas  Pedro Morais já antecipou alguns trechos, inclusive a ¨revelação ¨de que Expedita não seria filha de Lampião.  Segundo ele,  o ¨capitão Virgulino ¨ não poderia  ter relações sexuais, muito menos fecundar uma mulher. Numa refrega,  uma bala estraçalhou-lhe  os escrotos, dos quais aliás Virgulino nem sentiria falta, acrescenta Pedro Morais, ¨porque seu negócio  desde muito cedo era outro ¨.  Um militar, célebre personagem da História brasileira,  brigadeiro Eduardo Gomes, teria sofrido dano semelhante, durante a épica jornada dos 18 do Forte, quando caiu sobre as areias de Copacabana atingido por uma bala que lhe varou uma perna e o deixou sem o órgão sexual
 Nas  suas campanhas eleitorais, as mulheres  da Liga Eleitoral Católica que o adoravam e se diziam  ¨puras , castas e recatadas,¨ gritavam  histéricas, em espasmos de quase gozo:  ¨Brigadeiro, brigadeiro, é bonito e é solteiro ¨ e os seus adversários, que não eram poucos, acrescentavam picarescos: ¨é bonito e é formoso, mas que falta lhe faz o ovo¨. Algum parente do  brigadeiro, um homem que fez Historia, poderia até querer processar este escrevinhador, por tratar assim de intimidades de um dos  heróis da aeronáutica brasileira, mas, afinal, a fama traz sempre essas consequências.  É compreensível a indignação de Expedita, sobretudo de Vera Ferreira, tão ciosa em preservar a memoria do avô. Se  colocarem um daqueles óculos redondos que Lampião usava no rosto de Vera,   um chapéu de couro em sua cabeça, ela ficaria encarnada e esculpida a cara do avô, bem mais bonita, é óbvio.
Pedro Morais alega,  defendendo seu escrito, que o livro é apenas uma estória instigante, que não contém verdades definitivas, e que poderá servir a um debate,  uma discussão mais abrangente sobre um personagem que é um dos ícones da nordestinidade.
  Acompanhemos os próximos capítulos desse folhetim cangaceiro- sexy.
MILTON SANTOS,  UM EXEMPLO PARA POLÍTICOS
 Milton Santos que completou 96  nessa sexta-feira, foi vereador de Aracaju por 7 mandatos consecutivos, de 55 a 83. Milton é um homem de hábitos simples  e rigoroso comportamento, hoje, sob o peso da idade, vem passando longos períodos  internado no São Lucas. Foi mecânico de linotipos e impressoras, trabalhou em vários jornais de Aracaju, tendo feito boas amizades com os jornalistas da  sua época, com os quais gostava de trocar ideias. Aposentou-se como  funcionário público da atual SEGRASE.  Sobre episódios da vida política do pai, seu filho o professor e radialista  Vilder Santos,  destaca dois deles que demonstram o respeito do homem público às instituições. Exercendo a presidência da Câmara de Vereadores de Aracaju, Milton ouviu, no Informativo Cinzano,  duras criticas feitas pelo radialista Silva Lima à Prefeitura de Aracaju, que, sem ter ambulância  transportava gestantes e doentes em um Jeep. Milton havia recebido da Prefeitura uma Kombi para utilização pelos vereadores. Telefonou então ao Prefeito  Jose Conrado de Araújo dizendo-lhe que em virtude das criticas feitas por Silva Lima na Rádio Liberdade,  estava devolvendo a Kombi para que a Prefeitura a utilizasse no transporte provisório de doentes e mulheres grávidas ao hospital e à maternidade. Era um veiculo menos desconfortável do que um Jeep.
Em outro episodio, nos dias turbulentos que se seguiram à renuncia de Janio Quadros, o comandante do 28 Batalhão de Caçadores  coronel Bragança, homem extremamente radical, andava prendendo pessoas de esquerda, comunistas acusados de ameaçarem a segurança do país,  porque defendiam a solução constitucional da posse do vice-presidente João Goulart. O coronel telefonou para Milton dizendo-lhe que ele deveria expulsar do prédio da Câmara os vereadores comunistas Agonalto Pacheco e  Manoel Francisco, que lá estavam abrigados para não serem presos.  Milton respondeu-lhe que  Agonalto e  Manoel Francisco haviam sido eleitos pelo povo , eram vereadores, e a Câmara  a casa que tinham o  direito de frequentar, mas, como o coronel tinha a força militar, poderia invadi-la para de lá retirar os vereadores, embora à revelia da presidência.  O coronel recuou, até porque a situação nacional já era desfavorável aos golpistas .  Quando houve o golpe militar de 64, Bragança veio  de Minas já reformado como general, para exigir  que o mandato de Milton Santos e mais alguns a quem ele odiava, fossem cassados, o que, no caso de Milton, cristão, evangélico, por pouco não chegou a acontecer.
 A SEMANA CHEIA DE MARCELO DÉDA
 Foi para Marcelo Deda,  esta última semana,  talvez a mais cheia e profícua do seu mandato. Na quinta-feira, ao lado do Ministro da Saúde Alexandre Padilha, ele inaugurou em Aracaju o Hospital Pediátrico Dr. Jose Machado de Souza, e a Casa da Gestante; em Estancia, o Hospital Regional Dr. Jessé de Andrade Fontes  No mesmo dia recebeu do ministro a promessa de que, ainda em dezembro,  estarão disponíveis 30 milhões de reais para  o início da construção do Hospital do Câncer, e mais os recursos para o Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente com Deficiência. No sábado, com muita pompa e circunstancia foi inaugurado o portentoso Museu da Gente Sergipana,  maior investimento  cultural já realizado em Sergipe por um só governo. Dito assim, em curtas linhas, tudo poderia resumir-se apenas a 3 ou 4 inaugurações. Quem tem memória para lembrar que, há 6 anos passados fechavam-se hospitais em Sergipe por falta de recuperação e de recursos para mantê-los, deve, certamente, enxergar a amplitude das mudanças que acontecem com os Hospitais Regionais  feitos e postos a funcionar. Em Estancia havia uma crônica falta de leitos hospitalares, uma deficiência enorme em atendimento hospitalar e ambulatorial. O ex-deputado Leopoldo Souza, neto do Dr. Jessé homenageado pelo Governo do Estado, disse,  aliás, fazendo um torneio  de competência oratória com o governador Marcelo Déda, que nunca imaginou pudesse Estancia ter um dia um hospital igual aos melhores do país, e que o seu avô, um médico humanitário, um cientista que preferiu viver no interior para melhor servir ao povo, viesse a emprestar-lhe o honrado nome. O ministro Alexandre Padilha surpreso, perguntou a Leopoldo se  a sua família só tinha médicos famosos, porque, tanto Jose Machado de Souza como Jessé Fontes eram, pelo que estava ouvindo, seus parentes. Leopoldo respondeu-lhe que as semelhanças ficavam apenas no parentesco, porque tinha preferido ser advogado, e político, até quando o povo lhe permitiu.
O  novo Hospital pediátrico Jose Machado de Souza, preenche uma grave lacuna existente há tantos anos em relação ao tratamento de crianças, desde que fora fechado há vários anos o antigo. Jose Machado de Souza o médico homenageado, está vivo na memoria de várias gerações de sergipanos que receberam seus cuidados,  e sua personalidade de médico humanista e aferrado ao juramento ético que fez, pode ser resumida num  só episódio contado pelo seu filho João, também pediatra. Quando João formou-se, e começou a clinicar com o pai, verificou que o preço cobrado pelas consultas estava imensamente defasado, porque vivíamos  um período de inflação alta. Sugeriu então ao pai que fizessem uma justa atualização. Ouviu então do Dr. Machado, com aquele vozeirão trovejante:  ¨eu sou médico, não sou industrial da medicina¨. João, que sempre seguiu os passos do pai, teve de conformar-se com a tabela irrisória das consultas. A homenagem a médicos assim, se faz agora mais ampla ainda do que  nomes dados a hospitais, mas, no traçado de um caminho que é do da dignidade na saúde pública, com a qual   aqueles médicos sempre sonharam.
O Museu da Gente Sergipana merece um comentário mais extenso. Não cabe em poucas linhas.
Marcelo Déda, na sua semana cheia, desfez também um começo de  desentendimento entre o seu grupo e o dos irmãos Amorim. Fez a devida homenagem ao senador Eduardo Amorim, quando assegurou  o recebimento das emendas parlamentares, e lembrou, com justiça, que foi o senador o primeiro a destinar recursos e a liderar uma campanha pela instalação do Hospital do Câncer em Sergipe. Retornando da Europa onde ouviu do ex- governador Albano Franco, guru do diálogo e da tolerância, em jantares e almoços parisienses, conselhos sábios de   entendimento e humildade, o empresário e  exímio articulador político Edivan Amorim, deverá recomendar mais comedimento, paciência, aos seus liderados.
   UM JUIZ INTELECTUAL E POETA

 Anselmo Oliveira, Juiz de Direito, tem incursões pela poesia e pelo cinema, também pela militância cultural, que acabaram por levar-lhe à Academia de Letras, mas é, sobretudo, um estudioso do Direito. Agora, no Tribunal de Justiça de São Paulo ele  participou do lançamento do livro Sistema de Juizados Especiais, do qual foi um dos coordenadores e autor, ao lado de  juristas como a juíza de Campinas, Maria do Carmo Honório, e da professora Adda  Peregrino Endhoven. O lançamento  do livro aconteceu durante o Forum  Nacional dos Juizados  Especiais, do qual Anselmo foi presidente. No próximo ano o livro será lançado em Aracaju.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

MEIO A MEIO POR QUE A SURPRESA?

Preso, o traficante Nem chefe  do tráfico na Rocinha, logo revelou: ¨o lucro do negócio é dividido meio a meio com a Policia¨.  Houve então uma enorme reação de surpresa. Não foram poucos os que se indignaram com a corrupção, com aquela associação ilícita entre responsáveis pela segurança e bandidos. Entre esses indignados, uma boa parte formada cínica ou contraditoriamente,  pelos que, habituados a cheirar, querem ter o pó sempre à mão, mas parecem ignorar que  os seus narizes  alimentam o tráfico,  em última análise,  fazem surgir as quadrilhas, e com elas a corrupção, que não alcança apenas a polícia, como simplificou o traficante Ném ao ser preso. Os tentáculos de um negócio que no Brasil já ultrapassa folgadamente  cifras de bilhões de dólares, não poderiam ficar restritos à relação promíscua entre bandidos e policiais. Eles vão bem mais longe, chegam, sem dúvidas, aos três poderes, seduzem  também  formadores de opinião, afinal, cifras assim tão vistosas não poderiam se resumir aqueles vestígios em dinheiro,  banheiras com hidromassagem, carros importados e motos, além de fuzis e granadas encontrados sempre em quantidade  com  traficantes  refugiados  nas favelas dos morros e das marés. É óbvio que o grosso dos lucros deve estar bem guardado, protegido em outros locais, a salvo das incursões  da polícia. O garoto da favela que entra no tráfico e troca a havaiana pelo tênis importado,  não é o único beneficiário de um portentoso negócio que lhe retirará bem cedo  a vida,   mas, proporcionará aos capos  ocultos uma  dolce vita  de nababos.
O negócio das drogas  ramifica-se com um outro que está também no ranking dos mais importantes do mundo: o tráfico de armas. Este é ainda mais completo e igualmente lucrativo. Dele participam figuras ainda mais poderosas, e que nem sequer se escondem ou fazem questão do anonimato. Exibem-se desenvoltos nos grandes centros financeiros, nos points badalados por onde passam celebridades, são os mercadores da morte. Vendem, de pistolas a misseis. Os fuzis que estão nos morros cariocas são uma ínfima parcela das transações desses negociantes, intermediários ou  donos das poderosas indústrias. Um AR-15 para chegar à Rocinha, sai da fábrica nos Estados Unidos,  deve ter registro, por conseguinte, não poderia passar pelas mãos do contrabandista se não houvesse uma conivência entre a indústria e o tráfico.  Quando eles saem da fábrica, não se quer saber se irão parar nas mãos legais  de forças da segurança, ou se irão para mercenários a serviço de ditadores ou de traficantes. A fatura é a mesma ,  não importa o destinatário. Por isso, drogas e armas se tornam negócios distintos,  mas, tão imbricados que exigem parcerias  múltiplas. Daí a necessidade da  corrupção, porque não podem sobreviver sem que os organismos da segurança sejam aliciados, sem que os órgãos do Estado se tornem cúmplices.
Não há, por conseguinte, motivo para surpresas ou indignações. Surpresa, grande mesmo, seria se o tráfico agisse absolutamente sozinho, sem coadjuvantes,  parceiros diretos no crime, além dos milhões de narizes que não param de cheirar, os parceiros indiretos. E  como não param, o tráfico não acaba. O que se faz no Rio de Janeiro,   com a competência e o comando firme de um  Secretário como Jose Mariano  Beltrame   não vai acabar o tráfico de drogas, vai apenas fazer o essencial, que é assegurar a indispensável presença do Estado no território onde antes era terra sem lei, dominada por bandidos.


O TREM BALA E O NOSSO  ¨MARIA FUMAÇA¨ (I)

A presidente Dilma Rousseff já deve ter aplicado naquele  bilionário projeto do ¨trem bala¨   aquele recurso, que, na linguagem jurídico popular se denomina  ¨embargo de gaveta ¨.   Assim, igual à compra dos caças  supersônicos, a ideia do trem velocíssimo entre Rio e São Paulo dormitará esquecida na mesma gaveta.    A aquisição das sofisticadas máquinas voadoras de guerra, adiada por mais um ou dois anos, e o  velocíssimo e dispendioso trem, se o bom senso   prevalecer, acabará mesmo definitivamente arquivado.  Será, para a presidente que parece ser extremamente cartesiana,  um alívio racional, deixar de lidar com um projeto que encarece a cada dia, que  pela frente só tem encontrado obstáculos, e, ainda mais, já saltou da casa inicial dos 15 bilhões para mais do que  o dobro do valor, sem que a relação custo beneficio possa ser matematicamente demonstrada. O trem de alto desempenho uniria as duas maiores cidades do país, não se definiu ainda se passaria também por Campinas, aliás não se definiu praticamente nada, além do anuncio envolvido nas dúvidas abismais sobre variação do custo da obra. Correndo a 400 quilômetros por hora,  o ¨bala¨ faria o trajeto incluindo Campinas, em cerca de duas horas.    Quando a velocidade baixa para algo em torno de trezentos quilômetros, o preço final do projeto cai pela metade, o que demonstra uma carência absoluta de lógica, quando se tenta, a preço tão elevado, chegar a um ganho irrelevante de tempo. Parece que o ¨trem bala ¨seria assim  como um Maracanã do século XXI, algo de que pudessem se orgulhar os brasileiros.    A nossa autoestima não anda mais em patamares tão baixos, a exigir um colosso de trem de quarenta bilhões de reais para fazê-la elevar-se um pouco. O tempo ,  a luta do povo,  e aquele ex-barbudinho,   Lula, (  que a barba lhe  volte logo ) nos  fizeram superar definitivamente o complexo de vira latas. Nem precisamos de nada mais a exibir, principalmente, se for à custa de sacrifícios e inversão completa de prioridades.
Se tivéssemos, rodando sobre trilhos por todo o país trens com velocidade entre cem e cento e vinte quilômetros por hora já estaria de bom tamanho. Um trem assim, completaria o percurso entre Porto Alegre e Belém, com paradas e tudo o mais em menos de uma semana. Entre as grandes capitais, caso do Rio e São Paulo,  um trem  entre 200 e 250 quilômetros por hora já  reduziria  muito a pressão sobre os aeroportos,  aliviaria  o tráfego nas rodovias,   reduziria, com fretes mais baratos, o impeditivo custo Brasil. Temos hoje apenas 24 mil quilômetros de ferrovias, e desses, pelo menos 5 mil estão inutilizados. Precisaríamos,    pelo menos, triplicar essa rede , e isso exigiria investimentos superiores a 130 bilhões . Um país como a França, aproximadamente do tamanho da Bahia, tem mais do que o dobro  de quilômetros de trilhos do que o Brasil. A Rússia, aquela imensidão, não tem nem projeta nenhum trem bala, mas é possível viajar-se de Moscou a Vladivostock no extremo leste da Sibéria, coisa de uns seis mil quilômetros em menos de uma semana. Entre Moscou e São Petesburgo há o mais rápido dos trens russos, percorre   mais de  600 quilômetros em quatro horas,  é confortabilíssimo e pontual, como todos os trens europeus.
Em Sergipe, restam-nos, totalmente abandonados, cerca de 400 quilômetros de trilhos, coisa das antigas locomotivas a  vapor, as madorrentas  Maria Fumaça, lá do inicio do século passado. Em meados da década de cinquenta a Leste Brasileiro modernizou a ferrovia, introduzindo locomotivas a óleo e carros bem mais confortáveis para passageiros. Lembra o nosso memorialista maior, Murillo Melins:  ¨Nos anos 40 viajei     algumas vezes nos Maria Fumaça. O trem deixava a estação de Aracaju, ali, onde fica o Mercado, pelas cinco da tarde, às onze  da noite chegava a Itabaianinha, e por volta das nove chegava à Estação de calçada em Salvador. O trajeto era sempre animado, jovens elegantes,  enfatiotados em ternos brancos usavam guarda –pó para livrar-se da fuligem que se despejava  da chaminé, e invadia as vezes os vagões com janelas abertas para que diminuísse o calor. Durante as paradas nas estações o trem  reabastecia-se de lenha e água, pessoas embarcavam e desembarcavam, cargas entravam e saiam;  quase sempre, nas plataformas, moças usando seus melhores vestidos esperavam namorados, ou apenas flertavam com os rapazes no trem. Os play-boys da época costumavam alugar um vagão inteiro para  a viagem festiva com namoradas e  amigos num clima de muita alegria.¨.
Murilo Mellins , ao relembrar, não nos leva a um tom saudosista, apenas, um registro histórico  a revelar o descaso enorme  que acabou por inviabilizar o transporte ferroviário no Brasil.
É tempo agora de reativá-lo, com visão estratégica de Brasil,  o que, de saída, nos obrigaria a arquivar o trem bala em função de conquistas bem maiores, integrando as regiões, criando novas alternativas para transporte de gente e de carga, livrando- nos do caos que já se desenha nas estradas e nas cidades.( Continua domingo)

SAEM OS POLÍTICOS ENTRAM OS BANQUEIROS

As chamadas  grandes democracias estão mudando a roupagem clássica que sempre ostentaram, e as crises levam-nas a adotar um figurino assim parecido com o das ¨bananas republics¨ que eram tão execradas. Nos Estados Unidos o movimento legítimo, popular , legal e democrático do ¨Ocupe Wall Street, está sendo reprimido de forma violenta pela polícia. Os manifestantes que expressam o sentimento de indignação que percorre o  primeiro mundo até tiros em plena rua já levaram do aparato policial .  Se uma coisa dessa  acontecesse na Venezuela de Huigo Chavez, logo a grande mídia internacional estaria denunciando as  violências do ¨ditador¨. O pau também está comendo nas ruas madrilenas, em Londres, Paris, Berlim, nas capitais de Estados falidos,  Atenas e Roma. Até golpe parlamentar já aconteceu, quando trocaram Berlusconi , fascista eleito, por outro primeiro ministro, banqueiro não eleito, e na Grécia, saiu Papandreu, eleito, e entrou um não eleito, por sinal executivo da Coca- Cola. Então, com banqueiros e executivos da Coca- Cola a Europa começa a tentar sair do atoleiro onde lhe enfiaram os mesmos que agora lhe dão a receita de salvação.  Vão prescrever, como sempre, sacrifícios para o povo, restrições, contenções, enorme austeridade, desemprego. Ou seja,  vai bater  mais fome na casa do pobre, vai cair o padrão de vida da classe média, todos os gregos ,  italianos,  irão empobrecer,  também espanhóis, portugueses,  vítimas da irresponsabilidade das finanças globalizadas,  duplamente penalizados porque pagarão a conta  da recuperação.    A Europa temporariamente será salva, depois, a banqueirada volta a agir com desenvoltura , a quebradeira retorna, o ciclo se repete.
Faltam estadistas para que a crise seja enfrentada, ou seja, faltam estadistas para colocarem um freio na libertinagem da agiotagem  global.



OS CAMPI E AS TRANSFORMAÇÕES

Acertou, o governador Marcelo Déda,  quando fez uma parceria com o reitor  Josué Passos para levar vários campi da UFS ao interior do estado. Lagarto, que tem o campus da saúde, vive agora uma movimentada fase  de preparação da sua estrutura urbana para hospedar as centenas de estudantes dos cursos que ali irão funcionar. Houve uma considerável valorização dos imóveis, terrenos principalmente, onde começam a ser construídos pequenos prédios que formarão as ¨repúblicas ¨universitárias. De um modo geral a economia do município é beneficiada com a presença de professores, de funcionários, pessoal com renda relativamente elevada,  centenas de estudantes, tudo enfim, gerando um novo dinamismo para o município, que também se firmará como polo de ciências da saúde, o que se tornou possível, em virtude também, da instalação pelo estado do moderno hospital já em funcionamento.
Em Poço Redondo no sertão sergipano, onde os índices de qualidade de vida melhoraram nos últimos anos, a instalação do campus do Instituto Federal de Sergipe  vai começar a provocar os mesmos sintomas positivos de desenvolvimento. Atendendo uma  solicitação do prefeito Frei Enoque o governador manteve contato com o presidente da CHESF, e aguarda uma definição  da empresa sobre o pretendido apoio para que se instale no campus da IFS uma escola de engenharia elétrica.

 ¨FIEL DEPOSITÁRIO¨
Conceituado empresário sergipano  estabeleceu um ¨acerto¨ com um conhecido político para lhe  ¨transferir¨,  todo mês, uma determinada quantia em espécie. Transcorreram alguns meses e o político não apareceu para levar a sacolinha.  Um dia, ele com ares de muita importância, chegou solenemente e foi logo dizendo: ¨eu não vou levar agora o numerário, você continua guardando aqui mesmo. E quero lhe advertir: você é o  meu fiel depositário.

ANA LÚCIA ANTECIPA PROPÓSITOS
 Caso venha a ser eleita prefeita de Aracaju a deputada Ana Lúcia já tem definidas algumas decisões que deverá tomar nos primeiros meses. Desprezará a ideia de aterro sanitário como destino para o lixo, um antiquado e superado procedimento, e trabalhará num projeto para instalação de uma indústria de beneficiamento do lixo. Já fez visitas a alguns projetos similares em andamento e formou a convicção de que a ideia é viável,  é o melhor e mais correto caminho para o destino final do lixo urbano.  Também fará  um planejamento racional e técnico para o caótico transito de Aracaju, contratando uma consultoria especializada. Retirará de imediato os guardas que estão na rua com caderninhos na mão exclusivamente para multar, e os colocará com apito na boca nos locais de maior engarrafamento para fazer o tráfego fluir mais livremente. Quer também, a deputada ,  se for prefeita,  dar à Guarda Municipal a responsabilidade de zelar pelos logradouros públicos,
 auxiliando  a polícia na segurança da cidade.


JOÃO ALVES E  O POVO NA PRAÇA

Garantem os partidários do engenheiro João Alves Filho que, se ele ainda tinha alguma incerteza sobre a sua candidatura  a prefeito de Aracaju, as duvidas desapareceram de vez. Isso teria acontecido naquele evento  organizado pela Igreja Católica em que estavam presentes milhares de fieis,  o Arcebispo Dom Lessa, o bispo auxiliar Dom Henrique, e várias autoridades. Quando o nome do ex-governador foi citado pelo mestre de cerimonias, houve uma forte manifestação de continuado aplauso. Naquele instante, João definiu a candidatura, e já começou a trabalhar para somar partidos ao seu arco de alianças.

 OUTRO ENGENHEIRO NA DISPUTA
 Foi na undécima hora. O engenheiro Valmor  Barbosa  Secretário de Estado da Infraestrutura, filiou-se ao PT. Teria recebido um aceno forte para que assim procedesse. Valmor,  que vem conseguindo agilizar o ritmo das obras públicas,  desenvolvendo importantes projetos, seria uma reserva estratégica para o caso de vir a ser politicamente recomendável a apresentação do nome de um técnico para a disputa pela prefeitura da capital. Ele seria, na visão de alguns setores do PT, um nome adequado para debater com João Alves projetos para Aracaju.

O PSDB E JOÃO ALVES
  Adierson   Monteiro, empresário  que sempre teve uma  preponderante veia política, se diz satisfeito por ter continuado no PSDB. Esse é o mesmo sentimento do ex-prefeito de Riachão do Dantas e ex-deputado Roberto Góis. Os dois, egressos do antigo PSDB de Albano Franco, e dele muito amigos, estão muito bem afinados com o dirigente do partido, o ex-deputado Jose Carlos  Machado. Segundo Adierson Monteiro,  que é respeitado por ser um homem de palavra firme, o compromisso que ele assumiu para apoiar João Alves a prefeito de Aracaju será integralmente cumprido.

UM CHAMPAGNE EM PARIS
 Nessa terça-feira, dia 22, tem muita gente que pretende acordar mais cedo para compensar o fuso horário e telefonar a Albano Franco, que festeja em Paris mais um aniversário. Está acompanhado de filhos e netos , este ano, certamente, livre do incomodo e desgastante peso de carregar um PSDB que lhe exigia ser de oposição. Albano, que é figura festejada em todo o país, caso não desligue o telefone, nem terá tempo para tomar o champagne, ¨ celebrando a vida¨  como diria a colunista Thais Bezerra.
VEM MAIS GUERRA POR AÍ

Tudo começa assim, descobre-se uma ameaça,quase sempre fictícia, num país qualquer, preferencialmente, se o infelicitado país, a ¨bola da vez,¨ possuir  muito petróleo. Foi o caso do Iraque, onde a dupla de malfeitores Bush- Dick Chenney,descobriu o perigo terrível  das  inexistentes armas de destruição em massa. Depois de um trilhãode dólares torrados na guerra, as tropas invasoras agora saem, deixando atrás de si uma terra quase arrasada,  palco de incontrolável violência, mas a quadrilha,  as grandes corporações privilegiadas pelo gangsterismo reinante na Casa Branca, obtiveram fabulosos lucros. Para a quadrilha a guerra foi proveitosa.
Quase o mesmo aconteceu na Líbia, onde começam a repartir os lucrosaqueles poderosos países   que ajudaram para que Kadafi acabasse linchado e até sodomizado.  Sendo assim, há que se tratar logo de outra guerra, e dessa vez,a República Islâmica do Irã oferece umexcelente pretexto. Segundo aAgencia de Energia Atômica o país de Ahmadinejad,  e mais ainda dos rabugentos aiatolás, estaria a um passo de produzir um artefato nuclear. Então, o sempre belicoso Israel já deve ter recebido do assanhadíssimo Obama, o sinal verde para o bombardeio que chamarãode preventivo. Israel sozinho, apesar do seu poderio militar, não teria condições para atacar osreatores, centros de pesquisas,  de enriquecimento de uranio, que estão espalhados em diversos pontos do país. Tudo terá de ser feito num só golpe, para, ao mesmo tempo,paralisar o sistema defensivo iraniano, atingir as plataformas de lançamento de mísseis, impedindo a retaliação,e, ainda mais,  garantir a destruição total  dos alvos principais localizados no múltiplo complexo nuclear capaz de produzir a bomba atômica. Seria uma operação militarextremamente sofisticada, exigindo o emprego de meios numa escala que só  os Estados Unidos a França e a Inglaterra participando, poderiam alcançar.  Algo semelhante ao que se fez na Líbia,todavia, em dimensões muito maiores. Certamente eles não estão pensando em ocupar o Irã, seria uma operação demasiadamente complexa e arriscada. O primeiro mundo está atolado até o pescoço numacrise financeira que ninguém é capaz de imaginar o que acontecerá enquanto  ela não acabar,  ou, o que seremos nós, se  o colapso financeiro  demorar por muito tempo.  Quase sempre guerras podem se transformar em bons negócios. O complexo-militar-industrial americano, e em menor escala também o europeu,se fortalecem  criando os poderosos equipamentos que espalham a morte; quando eles estão em desuso, entulhando os arsenais, é preciso  descobrir uma maneira de usá-los, e ao mesmo tempo renovar o estoque. A máquina só funciona bem se houver guerras. Há também Barack Obama ansioso por mostrar que o uniforme militar lhe cai bem , um indispensável componente à  imagem de guerreiro durão que lhe asseguraria o segundo mandato, da mesma forma como aconteceu com seu antecessor, de quem ele  prometeu que seria exatamente o inverso.
Em face disso tudo, os aiatolás devem começar a por as barbas demolho,  rezando para que Alá os proteja  das ¨bombas inteligentes ¨ que descerão de pontos invisíveis, caindo sobre os buracos debaixo das montanhas, onde eles enfiaram o sonho de um dia poderem  dominar a tecnologia  completa do uso do átomo, que dizem ser para fins pacíficos, e argumentam: ¨A República islâmica é sábia e não iria querer construir um ou dois artefatos nucleares num mundo que possui, prontos para  uso, vinte mil artefatos atômicos ¨.
 BERLUSCONI E MUSSOLINI, SIMILITUDES
 O fascismofoi derrotado na Itália há mais de sessenta e cinco anos. A melhor imagem da sua sangrenta extinção, seriam os corpos do Duce, Benito Mussolini, e da sua amante, Clara Petacci, dependurados num gancho de açougue em umapraça de Milão. Mas a ¨República de Saló ¨,  criada por inspiração de Hitler para dar  sobrevida a Mussolini, embora tenha sido efêmera, nunca deixou de estar  se imiscuindo, como fantasma insistente, no pós-guerra italiano.   Um sentimento de viuvez do fascismo continua contaminando boa parte dos italianos, eesse  vago e inexplicado  saudosismo, é mais um dos componentes sociais que fazem a História da Itália desenrolar-se como  caprichoso libreto tragicômico de uma ópera persistentemente encenada.
Há na Itáliaquem garanta que Sílvio Berlusconi nas horas vagas, entre os negócios de Estado e os seus particulares, aliás tão misturados, diverte-se  nos seus ¨bunga-bungas¨ orgíacos, ou frequenta sessões de baixo espiritismo, onde  Mussolini incorpora e lhe dá conselhos sobre a condução do governo. Nessa última sessão do Parlamento onde esteve, e assistiu fugir-lhe a escassa maioria que dispunha,anúncio da queda inevitável,  Berlusconi deve ter desobedecido as instruções recebidas. Mussolini lhe teria lembrado a última sessão do Grande Conselho Fascista, quando foi desafiado pelos seguidores do regime que implantara em 1923, e restou sozinho e abandonado, para ser finalmente exonerado pelo Rei, que ainda mandou prendê-lo. Episódio particularíssimo da história-ópera italiana: um ditador chefe das forças armadas e das numerosas milícias fascistas, homem todo poderoso, submetido aos protocolos e formalidades, como se fosse um Primeiro Ministro, Chefe de Governolimitado pela Constituição que fazia do Rei o Chefe de Estado.
 O espírito inquieto ou vingativo de Mussolini teria sugerido a Berlusconi uma nova Marcha sobre Roma. Juntaria a escória social e a elite neo-fascista,  e faria uma  caminhada ao Parlamento para exigir  plenos poderes  para que pudesse enfrentar, de mãos soltas, a crise econômica que ameaça esmagar a península
debaixo do peso de uma dívida impagável.   A debacle econômico-financeira éresultado da despreocupada dissipação,  também de uma prostituída convivência com a globalizada máfia das finanças. Quando Berlusconi deixou o Parlamento e foi conversar com o Presidente para sugerir-lhe a formação de um novo governo, sem que fossem, de imediato, marcadas as eleições, passava-lhe, certamente pela cabeça, as recomendações do seu ¨espírito – guia ¨. Mas,frustrou-se-lhe a esperança no apoio popular. Ninguemse dispunha a ir às ruas para impor a permanência    no poder do velho gangster. A crise, a iminência da quebradeira, o fez tão odiado pelo povo quanto era Mussolini após quatro anos de uma guerra perdida.
As similitudes acabam por aqui,porque ninguém espera que Sílvio Berlusconi termine os seus dias tão tragicamente como Mussolini, nem ao menos vá dormir algum tempo na cadeia, como aconteceu com o  ditador que lhe serve de modelo e inspiração.


TV – SERGIPE 40 ANOS
No ano de 1970, alguém falarem instalar uma emissora de TV em Sergipe poderia parecer coisa de gente desajuizada, fora do mundo, sem visão empresarial. A capital sergipana era acanhada, uma das mais atrasadas no nordeste. Mas, havia muita esperança, muita crença no desenvolvimento que estava chegando comas sucessivas descobertas de petróleo e gás, os sais minerais que poderiam começar a ser explorados, e havia, sobretudo, alguns pioneiros dispostos a investir numa empresa de alto risco. A ideia de instalar televisão em Sergipe foi trazida por NairsonMenezes, sergipano que fazia muito sucesso em Salvador como radialista e apresentador de TV. Ele convenceu alguns empresários, e a TV-Sergipe começou a ser construída. Em 1971 estava pronta, entrando no ar com filmes que chegavam vindos de avião e programas locais feitos ao vivo. Os fundadores da TV-Sergipe foram,Josias Passos, Getúlio Passos,  Francisco Pimentel Franco, Paulo Vasconcelos, Hélio Leão, Lauro Menezes, Augusto Santana , Jose Alves e Luciano Nascimento.  Os investidores saíram em busca de capital e colocaram a venda para o público , novecentas ações que foram rapidamente adquiridas. Três anos depois, a empresa era vendida ao grupo Aratú da Bahia que começou a modernizá-la . Mas o grande salto seria dadoquando Augusto Franco, que já fundara a TV-Atalaia e desejava expandir sua rede de comunicação, colocou dois dos seus filhos, Albano e Osvaldo como adquirentes da TV-Sergipe, que, mantendo-se  afiliada à Rede Globo, em fase de grande expansão, garantia um amplo espaço no mercado sergipano. Sexta-feira à noite a TV-Sergipe comemorou os 40 anos em prestigiadíssima festa que reuniu centenas de convidados no Espaço Sobre as Ondas.  Agora semmandato, Albano Franco comanda a TV da qual é o maior acionista. Ao longo desses anos, a TV-Sergipe tornou-se uma das mais modernasafiliadas  à Rede Globo.

 A CULTURA VALORIZADA

Piranhas, no sertão sanfranciscanodas Alagoas, é cidade ciosa das suas tradições culturais. Tem um charme de realeza por lá ter andado o tão andarilho Imperador Pedro II, que com ele levou parte da esquadra imperialsubindo o rio,  naquele tempo  caudaloso e profundo. Há um ex-prefeito de Piranhas, Ignácio de Loyola, agora deputado estadual,historiador que anda a remexer o passado da região, seu folclore, seus costumes, e até fez preservar uma derradeira canoa de tolda que jazia semi-naufragada nas beiradas do São Francisco. A prefeita Mellina Torres Freitas na última semana encerrou o XII Seminário Cultural de Piranhas, que este anoapresentou um painel de atividades  culturais com  apresentações artísticas. O promotor de Justiça de São Paulo Fernando Capez,que é agora também deputado estadual,  fez uma palestra sobre o papel do Ministério Público.
O agora alagoanizadosergipano Eduardo Marques,  ex-prefeito de Pinhão, advogado e 
estudioso  da história  do estado vizinho, falou sobre os governantes de Alagoas em tempos republicanos.  Demonstrando prodigiosa memóriafoi citando datas, nomes, episódios, minúcias,  no decorrer de cada mandato, num espaço do tamanho da vida da nossa República.
O artista Jessier Quirino, paraibano impregnado daquela mesma nordestinidade do seu conterrâneo Ariano Suassuna,o Grupo  Musical Armorial e a Banda Filarmônica Mestre Elísio,foram aplaudidos de pé por muito tempo pela plateia que enchia o Centro Cultural Miguel Arcanjo de Medeiros.
Recepcionando colegas desembargadores , procuradores , promotores alagoanos e de outras  estados, estava, durante o Encontro Cultural promovido pela sua filha prefeita,  o desembargador que nasceu em Piranhas e estudou em Sergipe, Washington Luiz Damasceno Freitas.

 EDIVAN E AS REVOADAS A BH

Edivan Amorim o empresário que se esmera em ser articulador político, vez por outra dá demonstrações de prestígio em alta.  Na região norte de Minas elecomeça a  consolidar uma liderança política, e isso se traduziu na última quinta-feira, quando recebeu na Assembleia Legislativa em Belo Horizonte a Medalha do Mérito Legislativo. Aconteceram então três revoadas simultâneas, saídas do norte mineiro, de Brasília,e, mais forte ainda, desde Aracaju, rumo a Belo Horizonte, de muitos  políticos, principalmente, que foram abraçar Edivan.

 O ENCONTRO DO PSB E O CANDIDATO
Quem foi ao encontro do PSB sergipano realizado na sexta-feira, saiu com a forte impressão de que a candidatura a prefeito de Aracaju do deputado Valadares Filho se vai tornando irreversível. O encontro socialista não tinha a intenção explicita de alçar candidaturas, mas, nem é necessário faro político para que se perceba o fato evidente de que o jovem parlamentar surge como uma opção que transcende os limites do blocosocialista liderado pelo seu pai, o senador Valadares, e se transforma em opção preferencial de  outras forças políticas que tenderiam a apoiá-lo.

DÉDA E O APELO À UNIDADE
Presente ao encontro socialista o governador Marcelo Déda fez discurso político de conteúdo forte. Pareceu uma antecipada definição de preferencias, principalmente quando,dirigindo-seao senador Valadares   disse, claramente, que o desejava sempre no seu bloco, para que uma sólida base eleitoral fosse construída visando o próximo ano e os vindouros. Ficou claro que o governador não estariavendo com bons olhos possíveis  alianças do grupo de Valadares com outras áreas que não fossem aquelas que os dois têm frequentado juntos nos últimos embates eleitorais, com sintonia de ideias.

EDIVAN E A REJEIÇÃO A JACKSON

Nos meios políticos causou surpresa e também muita estranheza a entrevista de Edivan Amorim no programa do deputado Gilmar Carvalho. Edivan, que tem sido sempre muito cauteloso,evitando confrontos, declarou que, por defender a renovação, não votaria em Jackson Barreto se ele for candidato a governador em 2014. Foi mais além eafirmou que a aliança com    Marcelo Déda durará enquanto o governador a desejar,  acrescentando : ¨ uma aliança só é boa quando é boa para os dois lados que a compõem ¨. Houve um certo alvoroço entre políticos que enxergaram na entrevista de Edivan e no discurso do governador Marcelo Déda  durante o encontro socialista, claros sintomas de um desentendimento que  estaria a aprofundar-se.

JACKSON: EU NÃO SOU REFUGO NÃO

O vice- governador Jackson Barreto não colocou mais lenha numa fogueira que poderá tornar-se crepitante, tudoa depender do desenrolar dos próximos capítulos dessa  novela política que tem final marcado para outubro de 2014. Embora o capítulo final esteja tão distante, todo o enredo não se descola do episódio derradeiro. Jackson, evidentemente, não gostou de ser tratado como obstáculo para a renovação que Amorim preconiza, até mesmo porque entende que renovação está muito mais nas ideias do que na idade, e, nesse particular, entende que poderá haver jovensagindo envelhecidamente,  por lhe faltarem ideias.
 Jackson Barreto lembra queapesar de  ter sido tratado por  Edivan Amorim quase como  um refugo   político,  trabalhou forte pela consolidação do bloco que elegeu o governador Déda ,e  ele como vice, também, com a mesma força pela eleição do senador Eduardo Amorim, isso, enquanto desprezava advertências de que estaria  cometendo um erro político,  inflando as pretensões de um futuro adversário. Naquela ocasião, não lhe disseram que ele viria a ser depois tratado como uma velharia a ser afastada pela necessidade de renovação. O seu voto e o seu trabalho naquelacampanha, segundo ele, foram considerados extremamente úteis, mas agora tudo muda, apesar de, desde a ultima eleição,  ele ter completado apenas mais um ano de vida.

PASCOALE O FAZER CULTURAL

 Pascoal Maynarddesde a infância  levado ao mundo da cultura pelo pai jornalista, tão combativo como devorador de livros, tornou-se uma referencia entre os que  se dedicam  em Sergipe ao ingente e ingrato ofício do fazer cultural. Ingente, poderá ser,no caso, a palavra certa, mas, oingrato é adjetivo mal colocado, isso  porque,  os que lidam com a cultura  encontram sempre alegria e  entusiasmantes  desafios em tudo o que fazem, por conseguinte, para eles, o oficio será sempre prazeroso. PascoalMaynard completa agora dez anos à frente do programa Expressão,   apresentado às sete  da noite de todas as terças-feiras, e sempre repetido às sete da noite nos dias de sábado,  pela TV- Aperipê. São dez anos difundindo, valorizando e preservado a memória cultural de Sergipe. Também, e mais importante ainda,estimulando o debate sobre temas culturais, coisa tão rara entre nós, cada vez mais apegados às desnecessidades da vida.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

AS CALÇADAS DE ARACAJU



Algum fiscal da Prefeitura de Aracaju poderia fazer uma experiência que lhe seria, além de muito difícil, também, um aprendizado. Sentaria numa cadeira de rodas e circularia pelas calçadas da cidade. Ao cabo de um ou dois quilômetros percorridos, (se conseguisse vencer essa distância) ele saberia, exatamente, o que sofre um cadeirante nesta capital que almeja ser reconhecida pela qualidade de vida que oferece. Sabe-se que calçadas não é a prefeitura que as constrói, são os proprietários dos imóveis, correspondentes a cada trecho. Assim, fica ao talante de cada um, construir a suada forma que melhor entender. Mas há exigências que devem ser seguidas, e uma delas é a plena acessibilidade garantida aos deficientes. Não basta construir rampas, elas de nada adiantam se as calçadas forem irregulares, se de uma para outra houver desníveis, se, enfim, não permitirem o trânsito desimpedido para cadeirantes, para deficientes visuais.
Há, entre nós, uma deplorável despreocupação com as calçadas. Não é coisa nova, parece acompanhar Aracaju desde quando, anos depois da sua fundação, se fez o primeiro calçamento para que sobre ele andassem as pessoas, sem se misturarem com os cavalos, as carroças que percorriam as ruas. Naquele tempo, calçada era coisa raríssima. Só existiam em frente a algum prédio público, ou residência de comerciante, fazendeiro abastado, como se dizia na época, disposto a gastar com aquela construção que não passavam de simples adornos.
Depois, os arruamentos da povoação foram tomando forma de uma verdadeira cidade, e lá pela década de vinte, conta Fernando Porto, pelo menos nas ruas centrais, as calçadas se tornaram equipamentos obrigatórios. Nos bairros pobres da periferia o poder público não podia fazer a mesma exigência. Hoje, calçamento é item obrigatório para que uma edificação possa ser licenciada. Acontece que a lei é apenas precariamente cumprida. Veja-se, por exemplo, o que ocorre na 13 de Julho, nos Jardins, bairros mais sofisticados da cidade, onde os prédios avançaram sobre as calçadas, que em alguns pontos foram substituídas por escassas faixas de pavimentação, ainda dando lugar a postes, tornando impossível a passagem do cadeirante, mesmo que ele esteja a esgueirar-se apertado, fazendo acrobacias para não despencar sobre o asfalto e ser atropelado.
Ter largas calçadas é para uma cidade um sinal de civilização, respeito que se tem mais ao cidadão, ao ser humano, do que à máquina. Niemayer e Lúcio Costa, responsáveis maiores pelo projeto de Brasília, desprezaram as calçadas, fizeram uma cidade onde presumivelmente todos se deslocariam pelas ruas sobre quatro rodas. Eles imaginavam um transporte público eficiente, infelizmente isso não aconteceu, nem em Brasília nem em qualquer outra cidade brasileira. Além da antiga Avenida Barão de Maruim, não há outra artéria em Aracaju que exiba calçadas amplas. Quando o prefeito João Augusto Gama fez a revitalização do centro da cidade, encolheu ruas para ampliar o pavimento por onde as pessoas caminham, o famoso trottoir, sem alusões depreciativas. Até recebeu críticas. Déda deu especial atenção às ciclovias, iniciadas em Aracaju nos anos oitenta por Heráclito Rolemberg. Edvaldo Nogueira está multiplicando as ciclovias, e isso é positivo para uma cidade onde a mobilidade urbana piora a cada dia.
Parece que os planejadores da nossa capital não levaram em conta o fato de que boa parte das pessoas caminha, se desloca usando os pés por longas distâncias. E nem só movida a motor se desloca a população.
O desprezo pela calçada é tão grande, também pela vida, que, ao ser construído aquele Terminal na Avenida Ivo do Prado, reservaram para os ônibus largos espaços, enquanto o pedestre foi condenado a andar sobre precárias passarelas com menos de um metro de largura. Ali, em consequência daquelas perigosas passarelas, muitas pessoas têm sido acidentadas, como o Padre Caldas, que morreu, e o Garoto do Tchan, que sofreu graves ferimentos.
Não é tarefa fácil, mas Aracaju precisa alargar suas calçadas, garantir a acessibilidade ampla para que as rampas efetivamente cumpram a sua finalidade.

A GRÉCIA E A DEMOCRACIA RECUSADA

O atabalhoado primeiro-ministro da hoje atabalhoada Grécia, imaginou uma saída lógica e democrática para a crise em que o país afunda. Ele queria fazer uma consulta popular, um plebiscito, para que os gregos dissessem, claramente, se estariam dispostos a fazer o enorme sacrifício, aceitando o controle de gastos imposto pela comunidade europeia para que o país recebesse os empréstimos de emergência, ou preferisse recusar a intromissão, com risco evidente de falir no próximo mês. Sem a continuação do fluxo de euros já iniciado, o governo grego não teria recursos para cobrir os custos da folha de novembro. Seria alguma coisa assim como o dilema do se ficar o bicho come, se correr o bicho pega, mas, de qualquer forma, um procedimento democrático, uma convocação do povo para que livremente decidisse sobre o seu próprio destino. Afinal, não é essa a própria essência da democracia?
Os líderes da comunidade europeia bateram o pé. Sarkozy, agora ungido pela convicção de que seria ele o novo Napoleão dos tempos do euro a salvar a França e liderar a Europa, fez Papandreu engolir o que anunciou, e rapidamente desistir do plebiscito. Os gregos terão de engolir, também, o pacote que os outros países da zona do euro (zona agora é, aliás, um nome bem apropriado) prepararam para ser servido sem direito a recusa. Os tão politicamente corretos governantes da zona recusam uma fórmula que seria democrática e dão um ultimato aos infelicitados gregos. Por trás de tudo estão os bancos, os ávidos banqueiros, certos de que os créditos de alto risco que liberaram não deixarão de retornar aos seus cofres, com o acréscimo de juros, taxas e tudo o mais que faça engordar seus incessantes lucros.
Os gregos irão penar as consequências do pacote elaborado por Sarkozy e Angela Merckel, agora os senhores da zona. Caso não o aceitem, irão sofrer da mesma forma. O futuro para a Grécia é uma queda num abismo de incertezas, com desemprego, renda desabando, recessão, caos econômico e social. Do outro lado, no lado ainda dourado da zona, os bancos estarão felizes. De uma forma ou de outra, os gregos irão tapar o rombo causado pelo desregramento do sistema financeiro internacional. Aos gregos, em tempos de paz, só poderão prometer sangue, suor e lágrimas, o mesmo que Winston Churchill, em tempos heroicos da Segunda Guerra Mundial Guerra Mundial, corajosamente prognosticou para os ingleses.
E nenhum financista irá para a cadeia.

A ENERGIA NUCLEAR HOJE

Quando, no início do ano passado o governador Marcelo Déda reuniu um grupo de pessoas e as levou para uma visita ao complexo nuclear de Angra dos Reis, todos, após a visita saíram com uma excelente impressão. Viram peixes e tartarugas nadando no local onde era despejada a água que resfriava os reatores; viram os contadores Geiger marcando zero de radioatividade bem próximo ao núcleo da usina, ou do local onde estão armazenadas as toneladas de lixo atômico. E assim, voltaram todos, ou quase todos, convictos de que Sergipe não poderia perder a disputada corrida pela conquista de uma das duas usinas que seriam localizadas entre os quatro estados nordestinos da bacia do São Francisco.
Mas, nesse meio tempo, aconteceu a tragédia de Fukushima. Foi uma coisa absurdamente improvável, mesmo para os padrões japoneses, aquela conjugação de terremoto arrasador como a de um tsunami devastador, e lá explodiu a usina. O governo japonês pressionado pela opinião pública, já está revendo sua matriz energética, mesmo com as reduzidíssimas opções que tem para fazer qualquer alteração. Logo depois, a Alemanha anunciou que vai progressivamente ao longo de quinze anos desativar suas usinas nucleares. A Bélgica agora faz o mesmo. Os Estados Unidos por algum tempo suspendeu projetos que estavam sendo retirados das gavetas. Assim, existe no mundo uma reação forte contra as usinas nucleares. Evidentemente não poderemos ficar à margem dessa tendência, até porque temos uma matriz energética que é a mais limpa do mundo, pouco dependemos de térmicas, quase nada de nucleares, e podemos ampliar a participação de usinas hidrelétricas, expandir quase ao infinito as possibilidades em energias renováveis.
Será um paradoxo nada coerente, se comprarmos da Alemanha os equipamentos para usinas nucleares que aquele país se recusa a instalar em seu próprio território. A decisão a respeito da energia do átomo transcende hoje o limite de competência dos governos para se estenderá toda a população, a todas as pessoas, que serão de uma forma ou de outra, afetadas no caso de ocorrer algum acidente.

A SENADORA MARIA EM PLENA FORMA

No último final de semana a senadora Maria do Carmo andou revendo o sertão sergipano. Em Canindé do São Francisco no restaurante Sabor do Sertão em companhia dos irmãos, o ex-senador José Alves, e de Menininha, ex-prefeita de Propriá cercada ainda por muitos sobrinhos, degustava um cardápio que variava do sarapatel, à buchada de bode e ao pirão de galinha caipira. Exibia grande disposição, e não se mostrava reticente no enfrentamento dos nada dietéticos pratos, numa demonstração de que já superou, folgadamente, os problemas de saúde que a atormentaram durante os três últimos anos.
Bom apetite.

WILLIAM WAACK, UM JORNALISTA 007?

No site da Wikileaks tem aparecido muita coisa, revelações incríveis dos até então indevassáveis bastidores da diplomacia e dos serviços de inteligência de vários países. As inconfidências resultantes das invasões de hackers ultra-habilidosos escancararam à curiosidade do mundo os mais bem guardados segredos. Até pelo Pentágono, o olho de gato de Julian Assange andou passando, vendo, e depois tornando públicas secretíssimas operações feitas, ou planejadas pelos militares americanos.
Surgiram revelações sobre o Brasil através dos informes enviados pelo embaixador americano em Brasília, ou, pela rede de espionagem yankee espalhada por todo o mundo. Nada de espetacular, nenhum portentoso escândalo, mas há algumas coisas, no mínimo, que estão a merecer esclarecimentos mais consistentes, como por exemplo, a descoberta de que um jornalista brasileiro, William Waack estaria envolvido na teia de interesses da política externa americana. Waack, um especialista em política internacional, culto, excelente apresentador e âncora de noticiários e entrevistas da Rede Globo, foi correspondente estrangeiro durante vários anos. Ele é fluente em quatro idiomas, conhece os meandros da diplomacia, seguramente, também, da forma como se movimentam as agências de inteligência das grandes potências. Seria, pelo que representa, um excelente quadro a ser recrutado para agir no mundo, quase sempre conflituoso dos interesses internacionais antagônicos, ou, no mínimo, competitivos. Segundo vazou pelo Wikleaks, o jornalista brasileiro foi indicado por influentes personagens bem próximos da Casa Branca para sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política americana. Outro arquivo igualmente devassado revela que por ocasião daquela vinda ao Brasil de um porta-aviões nuclear norte- americano em 2008, num informe da Embaixada Americana sobre as repercussões da visita na imprensa brasileira, Waack foi citado como tendo feito um bom trabalho a favor dos objetivos dos Estados Unidos. Naquela ocasião, a chegada ao porto do Rio de Janeiro da mais poderosa belonave da Marinha americana, fez surgir especulações sobre o verdadeiro significado daquela presença ostensiva de poderio militar. Naquele momento exato, após a descoberta das jazidas do pré-sal na plataforma marítima, surgiam insinuações sobre a possibilidade de os Estados Unidos não reconhecerem o direito brasileiro a explorar as riquezas da plataforma submarina situadas a uma distância superior a 300 milhas do litoral. Circulavam informes de que o Pentágono reativava uma poderosa frota para navegar ao longo da costa brasileira. Essas podem ter sido infundadas suspeitas, da mesma maneira como podem ser igualmente infundadas as suspeitas em relação a William Waack. As dúvidas levantadas, todavia, não podem ser simplesmente esclarecidas com uma nota da Rede Globo, que classifica como absurdas as especulações sobre o comportamento do seu jornalista, ou 007.
Os Estados Unidos é país amigo, da mesma forma amigos são todos os demais. O Brasil não tem inimigos. Não está envolvido em conflitos nas suas fronteiras, não há vizinhos a nos ameaçar. Mas, nem por isso, estaríamos como simbolicamente diz o nosso Hino: Deitado eternamente em berço esplendido. O mundo é repleto de ameaças, os conflitos existem, os interesses são díspares e múltiplos, nunca dois países estarão num estado angélico de harmonia absoluta. Nem é preciso seguir ao pé da letra a recomendação do general e estadista romano, contida na frase célebre Se vis pacemparabellum. Se queres a paz prepara-te para a guerra. Não exatamente para a guerra, mas, necessitamos, sem dúvidas, de nos proteger. Essa é uma condição para a sobrevivência.
Por tudo isso não deixa de ser grave, gravíssima, a suspeita que agora envolve um jornalista do primeiro time global, homem influente, exatamente pela competência como aborda os acontecimentos, deles aparentando, ou efetivamente guardando, uma isenção ética, como recomenda o bom jornalismo, quando se trata de veicular as notícias ou entrevistar pessoas. William Waack não faz parte do time opinativo da Rede Globo, onde estão Arnaldo Jabor, Alexandre Garcia e tantos outros, que expressam a todo o momento a opinião deles ou da emissora. Waack, muito maneiroso, caso esteja mesmo a serviço de interesses estrangeiros, vem agindo, sem dúvidas, com invulgar competência. Trata-se de um 007 que maneja os poderosos instrumentos da mídia com a mesma destreza como James Bond utiliza a sua pistola Walther 7.65, e ainda mais, delicadamente, sem fazer barulho. Exatamente como recomendam os manuais da CIA, do Mossad, do G-7, da antiga KGB, de tantas outras famosas agências de espionagem.
Tudo poderá não passar de lamentável equívoco, ou exagero na interpretação dos documentos revelados, mas, não será com um simples adjetivo, enfaticamente utilizado numa curta nota, que se poderá desfazer a suspeita.
Caso um deputado, um senador, um político qualquer, estivesse sendo citado nos papéis que o Wikileaks revelou, como envolvidos num processo nebuloso de parceria com os interesses de uma potência estrangeira, visando cooptar a opinião pública brasileira, logo a mídia, a grande mídia, explodiria em indignados editoriais. Pediriam CPIs, insistiriam na cassação de mandatos, apontariam o suspeito como traidor da pátria. O levariam ligeiro à execração pública.
Aqui não se está prejulgando, apenas, dando ao fato a exata dimensão como ele deve ser tratado.
William Waack é sem dúvidas um jornalista até agora plenamente merecedor do amplo conceito que construiu ao longo de uma carreira exemplar.
Mas, em favor da sua credibilidade agora ferida, ele teria de produzir uma defesa consistente a respeito das graves acusações. Não é somente uma desprezível ou absurda acusação. Papéis do governo americano aos quais o Wikileaks teve acesso, da mesma forma como manipulou tantos outros cuja autenticidade nem sequer foi posta em dúvida, revelam que o jornalista teria sido cooptado para agir no Brasil em sintonia com os interesses norte-americanos.
E então surgem as indispensáveis perguntas: Como se deu a cooptação? Ela seria gratuita ou remunerada? Quais seriam exatamente os interesses que ele estaria defendendo? Pode um jornalista no exercício da sua profissão servir a interesses estrangeiros, sejam eles quais forem?
E poderia, esse mesmo jornalista, utilizar-se de uma concessão pública, como é a televisão, para sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana?
Se algum influente jornalista americano aparecer nos papéis revelados pelo Wikileaks como tendo sustentado posições na  mídia americana afinadas com os interesses da política externa russa, chinesa, francesa, brasileira, angolana ou congolesa, ele será imediatamente descredenciado pelos seus patrões, até mesmo como uma justificativa, uma explicação plausível à opinião pública. Depois, sem escapatórias, ele seria processado, e dificilmente escaparia da condenação.
Mas, por aqui, tudo é silêncio.
Se alguém tomar a iniciativa de pedir uma apuração para confirmar ou desfazer as suspeitas sobre William Waack, choverão reclamos de que no Brasil a liberdade de imprensa está ameaçada. Dirão que não se pode dar crédito a vazamentos de informações obtidos de maneira clandestina. Mas, não seriam esses mesmos vazamentos, os que têm municiado informativos da grande mídia, postos em destaque inclusive pelo jornalista William Waack?

O DEPUTADO HELENO E O MICROCRÉDITO

O deputado federal Heleno Silva agora na relatoria do microcrédito, está vibrando com a ideia de fazer chegar ao povo, à massa dos que sempre foram excluídos, os benefícios de um crédito pontual, desprovido de burocracia, com taxas de juros negativas. Ele tem certeza de que um sangue novo vai correr pelas veias do empreendedorismo, revitalizando todo o organismo da nossa economia. Para ele, um universo de uns cinco milhões de pessoas será estimulado a montar um pequeno negócio, comprando um carrinho de sorvete, de pipoca, uma máquina de costura, pequenos equipamentos com os quais surge uma micro fábrica. O deputado chama a atenção para, juntamente com o crédito, ser incentivada a criatividade, num programa que poderia ter a participação das Universidades e do SEBRAE. O objetivo seria incorporar novas tecnologias, designs modernos a produtos gerados nas microindústrias que irão surgir. Seria algo assim como um achinesamento dos nossos microempresários, para que eles descubram oportunidades, façam como os chineses que estão inundando o nosso mercado com produtos que são consumidos em grande quantidade, e se destacam pelas inovações que exibem. O deputado Heleno lembra que pequenas e microindústrias começaram a ser implantadas em regiões de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, nos bairros paulistanos, e depois foram sufocadas, exatamente porque ficaram para trás em termos de inovação, ou seja, tornaram-se carentes de criatividade.
 A criatividade, segundo Heleno, poderia ser ofertada aos futuros microempresários através das universidades, do SEBRAE, da EMBRAPA, e de outras entidades que lidam com tecnologia.

OPORTUNIDADES NO SERTÃO E EM ITABAIANA

Huguinho Gurgel, um dos lideres no comércio sergipano de veículos, se diz entusiasmado com as oportunidades que estão surgindo no interior sergipano. Ele está começando a investir em Nossa Senhora da Glória e acredita no potencial sertanejo. Vê, com muito otimismo, os cursos técnicos que serão implantados a partir do próximo ano em Glória, em Poço Redondo, e se diz surpreso com o crescimento do fluxo turístico em Canindé. Para ele, esse momento favorável da economia deve suplantar o pessimismo com a situação internacional. Por isso, acha que os empresários sergipanos devem estar atentos ao dinamismo econômico que agora acontece no interior, e dá nota dez ao empreendedorismo em Itabaiana. O empresário Huguinho Gurgel destaca ainda as mudanças produzidas no interior do Estado como resultado do acelerado crescimento da cultura do milho, colocando Sergipe como segundo produtor do nordeste, e, em termos relativos, o maior do Brasil.